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23/02/2001 - 04h05

Pernambuco homenageia Chico Science

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da Folha de S.Paulo

A tradição vai conviver com axé e funk em Salvador. O trio elétrico de Margareth Menezes desfila amanhã no circuito oficial numa homenagem a Dorival Caymmi, 86. Suas músicas serão cantadas por Caetano Veloso, Gal Costa, Gilberto Gil, Maria Bethânia, Nana, Dori e Danilo Caymmi.

"Resulta do desejo de Antonio Carlos Magalhães de fazer uma grande homenagem a Caymmi na Bahia. Caymmi gostou e pediu que participassem da homenagem os quatro grandes intérpretes baianos", explica a produtora do trio, Maria Luíza Jucá. Segundo ela, o investimento da Prefeitura pefelista de Salvador e de patrocinadores é de cerca de R$ 90 mil.

Em Olinda (PE), o discurso oficial vai para outra direção. O homenageado pela prefeitura do PC do B é Chico Science (1966-97), um dos inventores do movimento renovador mangue beat, nos 90.

"Aqui fizemos um plebiscito com 10 mil pessoas para saber quem seria homenageado. A população escolheu, acho que a tendência é tocar muito mangue", diz a prefeita Luciana Santos.

É mangue versus axé? Ela diz que não: "A própria Globo, que agora disse que eu queria proibir o axé, nos outros anos mostrou imagens do Bloco da Saudade sendo vaiado, dos bonequeiros chorando porque não conseguiam desfilar. Não há nenhuma restrição ao Carnaval de rua, qualquer ritmo pode ser tocado. O que queremos é garantir a passagem das agremiações".

O discurso entre tradicionalista e modernizador também embala o Carnaval petista de Recife. A cidade abrigará o festival de mangue e rock Rec Beat, mas seu tema central é "O Frevo Vai Brilhar".

"Privilegiaremos o "corredor do frevo", com shows de Claudionor Germano, Antúlio Madureira e Alceu Valença", diz o secretário de Cultura da cidade, João Roberto Peixe. "Não proibimos nada, mas nossa ênfase é no Carnaval pernambucano original."

Nega que haja pressão contra gêneros massificados: "O público gosta mesmo. Recife sempre teve sua própria forma de brincar, que resistiu mesmo em épocas difíceis e nos últimos anos volta a se fortalecer. Os blocos que estavam com o axé estão voltando ao frevo".

Expresso 2222
De volta a Salvador, o ponto de confluência de tendências às vezes divergentes pode ser o trio de Gilberto Gil, o Expresso 2222. Nele estarão juntos Jorge Ben Jor, Margareth Menezes, Marina Lima, Daniela Mercury e Carla Visi (hoje); Ney Matogrosso, Caetano e Xandy do Harmonia do Samba (domingo); Ivete Sangalo, Elba Ramalho e Toni Garrido (terça).

Gil conta da nova experiência como líder de trio elétrico: "Evidentemente Gilberto Gil, prestigiado, com 30 anos de carreira, tem facilidades para colocar um trio na rua. Mas é um trio independente, não acoplado a um bloco. O Expresso 2222 não tem cordão. Isso traz mais liberdade, você fica com a "pipoca'".

Marina Lima, de extração pop-rock-eletrônica, diz não temer sua presença em ambiente tão diverso e reflete sobre MPB: "Axé, hip hop e funk têm a ver com uma questão social muito importante. Tem que respeitar por aí, eles estão aprendendo a se comunicar com o Brasil. Eles me fazem sentir um pouco menos elitizada. Não quer dizer que eu goste de ouvir tudo. Pego os elementos de que gosto e uso na minha música".

Quase representante oficial da Bahia, Gil separa as derrotas recentes de ACM da festa que começa: "Não. Não é tema do Carnaval. Política, não. Não vou declarar".
(PEDRO ALEXANDRE SANCHES)
 

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