Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
25/02/2001 - 04h22

"No Limite 2" enfraquece fenômeno "reality show"

Publicidade

BRUNO GARCEZ, da Folha de S.Paulo

POR QUE o romance entre Sávio e Eliane, participantes do novo "No Limite", rendeu menos comentários que o clima entre Marcus e Pipa, na primeira versão do programa da Globo? Por que a gincana dominical não é mais assunto de dez entre dez rodinhas de amigos na segunda-feira?

A escassa repercussão e a queda de audiência da segunda versão do programa da Globo aliada ao recuo de SBT, Record e Gazeta em produzir "reality shows" indicam que o gênero, tido recentemente como o novo fenômeno da TV, começa a tropeçar no Brasil.

"No Limite 2", até agora tem média de 34 pontos de audiência, contra 47 da primeira versão. A direção da Globo anda quebrando a cabeça para tentar explicar a queda e há divergências entre a cúpula, que aponta motivos desencontrados para o problema.

A Folha apurou que a queda foi homogênea entre quase todas as faixas etárias e classes sociais. As classes D e E e a faixa de 10 a 14 anos foram as que mais se mantiveram fiéis à atração da primeira para a segunda versão. Relatórios do Ibope revelam ainda que de "No Limite 1" para "No Limite 2", a porcentagem de aparelhos ligados durante o programa caiu 9 pontos.

A expectativa de que o ibope do sucessor fosse tão alto quanto o do primeiro "No Limite" fez com o que o preço de um anúncio de 30 segundos, que era de R$ 63 mil na primeira versão, fosse elevado para R$ 80 mil na segunda edição. Assim, a queda de audiência vem decepcionando o mercado publicitário.

Parte dos diretores da Rede Globo analisam que o sucesso inferior ao do primeiro "reality show" se deve ao fato de "o elenco" ser pior e a fórmula inicial ter sido repetida. Oficialmente, a Globo nega que a atração esteja enfrentando problemas. "A nova versão está entrando no ar meia hora depois (do horário da primeira edição), pois o "Fantástico" ganhou mais um bloco, e começou a ser exibida no horário de verão", diz Luís Erlanger, diretor da Central Globo de Comunicação.

A exibição de cenas fortes, como o vômito do participante Dáda após tentar ingerir um gafanhoto e a convulsão de Sônia, ambas exibidas na edição da semana passada, não são, de acordo com a Globo, tentativas de alavancar o ibope da atração. "No Limite" se caracteriza por cenas fortes. Tais imagens não foram ao ar na primeira versão simplesmente porque não aconteceram", diz Erlanger.

A Globo diz que ainda não há data definida para uma terceira edição do programa. Outras redes já começam a ver os "reality shows" com desconfiança. "Durante a exibição do primeiro "No Limite", concluímos que a fórmula se extinguiria, porque nos programas futuros só mudaria o cenário", diz Fábio Furiatti, diretor do "Programa do Ratinho", que, no ano passado, cogitava criar uma atração do gênero para o SBT.

Tanto o SBT como a Record estiveram próximas de assinar contratos com a produtora holandesa Endemol (detentora dos direitos do "reality show" "Big Brother"), mas recuaram. Outro que voltou atrás foi Homero Salles, sócio de Gugu Liberato na produtora GBM.

"Queríamos fazer um programa dentro de um ônibus. Em cada cidade que o veículo passasse, um participante seria eliminado. Apresentei o projeto para SBT e a Record, mas elas acharam caro. Outra idéia, que iria ao ar na Gazeta, era filmar o cotidiano de habitantes vivendo em uma casa de vidro. Quando a Globo fez o "Sufoco", que era igual, desistimos."

Outro "reality show" que decepcionou foi "Sufoco". Criado por José Bonifácio de Oliveira, o Boninho, e exibido no "Domingão do Faustão", a atração teve resposta de público fraca. A Globo não conseguiu vender cotas de patrocínio dos dois últimos episódios da primeira fase do quadro e cancelou sua segunda etapa. "Sufoco" fazia parte do "Domingão".
Se o programa vai bem ou vai mal, leva junto os seus quadros" diz Boninho.

Para Rogério Gallo, diretor de criação da Bandeirantes, "o gênero de "reality show" precisa se renovar, mas ainda tem vida". Gallo anuncia mudanças para aumentar a audiência do "Território Livre", misto de "game" e "reality show", da Band, cujo ibope não consegue ultrapassar a média de 1 ponto. E as mudanças revelam seu objetivo: diminuir a carga de "reality show" da atração para tentar aumentar a audiência. "Vamos aumentar a participação de Sabrina (apresentadora da atração) e dos telespectadores", diz o diretor.
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página