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25/02/2001 - 14h32

Computador faz piscina virar mar em "Porto dos Milagres"

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CRISTIAN KLEIN
da Folha de S.Paulo, no Rio

Imagens sobrenaturais e cenas de tempestades de "Porto dos Milagres" despertaram a curiosidade do público para um departamento pouco conhecido da Globo: o de efeitos especiais.

Como reproduzir um maremoto ou uma batalha da Segunda Guerra Mundial? Como fazer um ator virar anjo e voar? Ou transformar 50 figurantes em 500 por meio do computador? Os segredos estão num canto da Central Globo de Produção, no Rio. É lá que cerca de cem profissionais buscam soluções para produções com pretensão hollywoodiana.

Foi o desafio, por exemplo, de "Terra Nostra", quando as cenas de navio, no começo da novela, foram esmeradas, para que não virassem uma versão tupiniquim do filme "Titanic". "Não temos um orçamento tão grande quanto os filmes do cinema americano, mas a exigência e as nossas soluções precisam ter o mesmo efeito que as produções de Hollywood", afirma Paulo Badaró, gerente do departamento de efeitos especiais da Globo.

Badaró diz que a emissora conseguiu impor respeito nos EUA, após um intercâmbio nos últimos três anos. "Em alguns pontos, estamos até à frente", diz.

O gerente lembra que o departamento da Globo é formado por duas equipes: a de efeitos visuais (como computação gráfica e animação) e especiais (como explosões e trabalho com dublês).

A emissora tem convênios com o Instituto Militar de Engenharia (IME) e o departamento de engenharia da PUC-Rio, patrocinando teses e pesquisas de materiais. Há quatro meses um polímero bem leve, material parecido com silicone, foi entregue pela universidade para servir de vidro cenográfico. Durante uma batida de carro, por exemplo, todo o pára-brisa pode quebrar em pedacinhos inofensivos ao ator ou dublê. "O que é um erro para os pesquisadores pode virar produto para nós. Por isso, patrocinamos não só teses, mas contrateses", diz.

Máquinas que têm uma determinada função para uma empresa são adaptadas para o setor do entretenimento. É o caso do supercomputador Onyx2. Ele é usado pela Petrobras para simular e auxiliar a prospecção de petróleo. Na Globo, é o responsável pelos efeitos especiais de "Bambuluá", programa infantil da emissora. O mais barato custa US$ 600 mil.

Ao todo, 14 produções da Globo utilizam os serviços do departamento. "Bambuluá" e "Porto dos Milagres", atualmente, são os programas que mais têm efeitos especiais. Suas cenas são trabalhadas por 18 e 14 horas, respectivamente, todo os dias, pelo departamento.

O diretor Marcos Paulo, de "Porto dos Milagres", afirma que a novela utilizou nos dez primeiros capítulos 78 cenas com efeitos especiais, desde uma rosa que se abre sozinha, rapidamente, até um naufrágio. Ele diz que, geralmente, não há problemas em realizar as sequências imaginadas pelos autores Aguinaldo Silva e Ricardo Linhares, que dão pitadas de realismo fantástico à trama.

O barco "Valente", do personagem Guma (Marcos Palmeira), pode ser encontrado no Projac, suspenso por pistões computadorizados, que o fazem balançar dentro de uma grande piscina construída para simular o mar.

Marcos Paulo enche a bola do departamento da emissora e afirma que a participação da Digital Domain, de Los Angeles, a mesma empresa que realizou os efeitos especiais de "Titanic", foi de apenas 16 segundos numa sequência que durou três minutos.

A empresa americana fez os planos gerais da tempestade com ondas de sete metros, na qual Guma salva Lívia (Flávia Alessandra) e Alexandre (Leonardo Brício) de um naufrágio. "Sou a favor dos efeitos, mas eles são acessórios. O mais importante no nosso trabalho é não perder a carga dramática. O que emociona o público é quando a câmera sai do plano geral e fecha no rosto do ator", diz. Por conta dos efeitos especiais, no entanto, a pré-produção da novela começou bem mais cedo, seis meses antes de estrear.

O departamento de efeitos especiais também é responsável por consertar erros de continuidade. Pode, por exemplo, "apagar" o relógio do pulso de um ator no computador se na cena anterior ele não estava usando. Ou eliminar a marca de uma cerveja concorrente àquela que paga merchandising para aparecer na novela.
 

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