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28/02/2001 - 04h00

João Carlos Martins dá "master class" em NY

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SÉRGIO DÁVILA, da Folha de S.Paulo

Ele é um dos mais importantes intérpretes de Bach, mas é na "Sinfonia Fantástica", de Berlioz, que a vida do pianista brasileiro João Carlos Martins encontraria tradução, tantas as reviravoltas, erros e voltas por cima.

O músico dá hoje em Nova York as duas primeiras de quatro "master class" na prestigiosa Julliard School of Arts, no Lincoln Center. Antes dele, apenas Heitor Villa-Lobos (1887-1959) e Eleazar de Carvalho (1912-1996) tiveram a mesma honra.

O tema? Sempre ele, o mestre de Leipzig, Johann Sebastian Bach (1685-1750). Nas mãos de Martins, no entanto, o músico barroco ganha roupa muito pessoal, que já foi chamada de "romântica" e até "psicodélica".

"Ainda bem que existem várias versões dele, se não era só colocar a partitura num computador e ouvir", disse o pianista à Folha por telefone. "A minha é a de alguém da América do Sul preocupado com seu lado humano."

As gravações que João Carlos Martins fez da obra de Bach também estão tocando nas rádios em Nova York. Às quartas, às 22h, a rádio WQXR vem transmitindo (e elogiando) o trabalho do pianista. Suas gravações de Bach têm sido comparadas com as do canadense Glenn Gould (1932-1982).

Atualmente Martins se prepara para gravar CDs com obras feitas para a mão esquerda. "Há um repertório incrível feito por Richard Strauss e Ravel para um pianista que perdeu o braço na guerra."

Não é o caso de Martins. Não que sua vida tenha sido mais simples. Em 1965, também em Nova York, bateu o cotovelo do braço direito numa pedra, o que o deixou sem tocar por seis anos. Em 1995, quando saía de uma gravação em Sófia, na Bulgária, foi assaltado, e um dos ladrões golpeou sua cabeça com um pedaço de ferro. O pianista perdeu os movimentos da mão direita, que vem recuperando gradativamente depois de cinco operações e reprogramação cerebral.

Além disso, meteu-se em algumas confusões por conta própria. Ele foi o dono da Pau Brasil, empresa montada para receber contribuições de empresários para a campanha de Paulo Maluf em 1990 e 1992, prática então ilegal.

O pianista afastou-se do político totalmente, mas no ano passado Nicéa Nascimento acusou-o de ter conta conjunta com o ex-prefeito Celso Pitta no exterior, afirmação que ele nega veementemente e que ela nunca provou.

"Mais do que a "Sinfonia Fantástica", minha vida poderia ser uma versão ao vivo de "O Retrato de Dorian Gray", resume.
 

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