Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
28/02/2001 - 04h09

CD feito em sítio mostra "lado B" de João Pacífico

Publicidade

VALMIR SANTOS, da Folha de S.Paulo

Uma boa parte da memória do compositor paulista João Pacífico (1909-1998), um dos maiores nomes da chamada música sertaneja de raiz, está guardada em um sítio da cidade de Guararema, a 85 km de São Paulo.

São itens como fotos, discos em 78 rotações, depoimentos gravados em
fitas cassete, imagens em VHS, letras manuscritas em caprichada caligrafia em cadernos de brochuras.

O acervo é mantido pelo casal proprietário do sítio Pirangi, o engenheiro químico aposentado Freddy Mogentale e a psicóloga Maria Antonia, amigos de Pacífico nos seus últimos anos de vida -ele sofria de câncer na próstata e morreu em 30 de dezembro de 98, em Guararema, aos 89 anos.

A casa na qual morou o compositor do clássico "Cabocla Teresa" (1940) fica próxima de um lago, cercada por um bambuzal. Desde agosto de 99, o local foi transformado no estúdio Pingo D'Água, título de canção homônima do autor, gravada em 44. Foi ali, na outrora morada de Pacífico, que o casal, também devoto da música sertaneja genuína, gravou um CD independente em homenagem ao artista popular.

O lançamento de "Freddy e Maria Antonia Cantam João Pacífico" aconteceu há duas semanas, no Teatro Municipal de Guararema. E coincide com dois projetos de documentários sobre o compositor, que era admirado pelo poeta Guilherme de Almeida e pelo escritor Mário de Andrade.

São dez faixas, oito delas letras menos conhecidas de Pacífico, como "No Banquinho", "Belezas do Sertão", "Distante" e "Estória de um Prego". As outras duas o reverenciam: "Um Tal João", de José Márcio Castro Alves, e "Caboclo João", de Adauto Santos, importante violeiro e parceiro, morto em 99.

Freddy e Maria Antonia conheceram Pacífico no início dos anos 80, quando ele foi jurado em um festival do qual participavam, na cidade vizinha de Jacareí. Não demorou muito e o sítio em Guararema virou ponto de encontro de músicos como Gereba, Adauto e Nhô Morais.

As cantorias aconteciam em torno de um quiosque de sapé, ao ar livre, logo batizado pelo compositor de "recanto da melodia".

Pacífico compôs por volta de 300 músicas e foi gravado por cerca de mil intérpretes, entre eles Beth Carvalho, Inezita Barroso, Jair Rodrigues, Sérgio Reis, Rolando Boldrin e Antônio Marcos.

Em depoimento gravado em vídeo, três dias antes da sua morte, ele diz que "a inspiração não tem explicação". O adjetivo ou "oceano" do nome artístico sintetizam sua personalidade. "Era um homem simples, generoso, que às vezes não se dava o devido valor", diz Maria Antonia, 51.

"Quando era convidado para se apresentar nos cafundós, não titubeava em
viajar de ônibus, mesmo em idade octogenária."

"João fazia uma música para qualquer tema que lhe sugerissem", afirma Freddy, 50.
A homenagem feita pelo casal não foi a única feita recentemente para o
compositor, poeta e prosador de Cordeirópolis.

No início do ano passado, composições de Pacífico foram gravadas pelo ator global Antônio Fagundes. O disco "Tributo a João Pacífico", lançado pela Som Livre, foi a estréia de Fagundes no universo musical.

Disco: Freddy e Maria Antonia Cantam João Pacífico
Lançamento: independente (tel. 0/ xx/ 11/4693-1339)
Quanto: R$ 15
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página