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01/03/2001 - 04h57

Exposição vê o cordel como design

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da Folha de S.Paulo

O design popular e sertanejo das xilogravuras de Juazeiro do Norte (CE) pode ser visto, até o começo de abril, no IEB (Instituto de Estudos Brasileiros) da Universidade de São Paulo.

A exposição "Xilogravura: Os Percursos da Criação Popular" marca o lançamento do livro "Desenho Gráfico Popular: Catálogo de Matrizes Xilográficas de Juazeiro do Norte", do professor Gilmar de Carvalho, da Universidade Federal do Ceará.

Carvalho doou para o IEB, no ano passado, 295 matrizes de madeira e, ao longo dos últimos três anos, 300 folhetos e 22 álbuns de material impresso.

No livro estão reunidas e catalogadas 150 matrizes publicitárias, que
vão desde xilogravuras utilizadas como logotipo de lojas e produtos até anúncios de festas populares. Já o restante das matrizes, folhetos e álbuns são representações da fé, do trabalho e das festas populares.

"Na exposição, passamos por todos os temas. O efeito visual é o mesmo, nós é que temos essa tendência de segmentar as obras. Também é explicado o processo de produção da xilogravura", disse Murillo Marx, diretor do IEB.

Carvalho começou a reunir esse material em 1986 para sua dissertação de mestrado, que era sobre a publicidade no cordel. Nessa época, o professor começou a organizar exposições para estimular a produção e valorizar o trabalho dos gravadores.

"À medida que eu organizava essas exposições, acumulava muitas matrizes. Além de minha casa ser pequena, também faltavam condições técnicas para armazenar o material", disse ele.

O contato de Carvalho com o IEB teve início em 1995, quando fazia doutorado na PUC de São Paulo. Na época, ele consultava os arquivos da instituição sobre literatura de cordel.

Sua tese de doutorado, "Madeira Matriz", publicada em 1998, analisa xilogravuras que têm como tema o padre Cícero.

Segundo Carvalho, a xilogravura foi a maneira mais ágil e barata encontrada para tornar os jornais sedutores para a leitura.
"Ela chegou com a Impressão Régia, em 1815, quando ainda não existiam técnicas para ilustrar os jornais", explicou o pesquisador.

O auge dessa técnica, porém, foi como ilustração dos folhetos de cordel, que começaram a ser produzidos na década de 20 do século passado, em Juazeiro do Norte, de forma precária.

Em 1949, segundo o professor, o editor José Bernardo da Silva, que estava sendo bem-sucedido vendendo cordéis em feiras e festas, contratou artistas populares de Juazeiro do Norte, como escultores e entalhadores, para fazer as ilustrações. Quando a literatura de cordel decaiu, os gravadores procuraram outros nichos, como a publicidade e os álbuns.

Além da parceria com o IEB, Carvalho tem outros projetos envolvendo a xilogravura. Ele pretende publicar um álbum com sete vias-sacras de artistas de Juazeiro do Norte. São representações em xilogravura das 14 estações percorridas por Cristo com a cruz.

"Alguns gravadores fazem essa obra seguindo o modelo da igreja, outros acrescentam diferentes elementos", disse ele.

O professor disse que também gostaria de recuperar o trabalho do gravador Antônio Batista da Silva, que morreu em 1995. Ele pertenceu à geração pioneira da xilogravura, que começou a trabalhar nas décadas de 50 e 60.

Silva fez, sob encomenda para Carvalho, uma via-sacra do tamanho de uma caixa de fósforos e um álbum representando os sete pecados capitais.
(FERNANDA KRAKOVICS)

Exposição: Xilogravura: Os Percursos da Criação Popular
Quando: de seg. a sex., das 9h às 17h
Onde: IEB - USP (av. Prof. Mello Moraes, trav. 8, nº 140, Cidade Universitária, tel. 0/xx/11/3032-2429)
Quanto: entrada franca
 

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