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02/03/2001 - 04h13

"O Exorcista": Ele voltou para reafirmar seu terror atemporal

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LÚCIO RIBEIRO, da Folha de S.Paulo

Ele voltou. No caso, eles voltaram. O filme e "aquela coisa", a maior encarnação do mal da história do cinema. Estréia hoje a versão "nunca vista" e remodelada de "O Exorcista", clássico dos anos 70 dito o mais aterrorizante filme da história.

A produção, dirigida por William Friedkin em 1973, reapareceu no ano passado nos EUA e na Europa, 11 minutos mais longa e com o selo "versão do diretor". Mais: além de "nunca vista", a versão é "nunca ouvida": praticamente todo o áudio mono ganhou sofisticação digital.

A questão é: "O Exorcista" sobrevive em um cinema que já viu sustos de todos os tipos? Sim.

Hoje universal, "O Exorcista" é uma versão do livro de William Peter Blatty (1971), sobre suposto caso real de exorcismo de um garoto de 14 anos em Washington.

Virou best seller e vendeu 13 milhões de cópias apenas nos EUA. Dois anos depois, seria a maior bilheteria em um fim-de-semana de estréia na história e se colocaria depois como a segunda maior arrecadação de todos os tempos, só atrás de "O Poderoso Chefão".

Teve dez indicações e levou dois Oscar, roteiro adaptado e som. No Brasil, ainda está entre os dez filmes estrangeiros mais vistos.
O que fez dele fenômeno foi dar um padrão novo, pesado e explícito ao terror psicológico, sem monstros, histórias fantásticas.

O filme colocou uma inocente menina de classe média da capital dos EUA, sofrendo uma possessão demoníaca com aval científico, num roteiro apoiado em clímax e com antológicos efeitos que seriam imitados até hoje, como o vômito verde feito de sopa de pêra e a cabeça girando 180 graus.

Essa menina é a lendária Linda Blair, que nunca mais conseguiu fazer nada de vulto: é sempre "a menina de "O Exorcista".

A mesma "maldição" sofreu o diretor. Nome de ponta da excelente leva de novos cineastas surgidos nos 70 (Francis Ford Coppola e Martin Scorsese), Friedkin ganhou o Oscar de diretor com "Operação França" (1971), fez história com "O Exorcista", dois anos depois, e... O diretor assinou várias produções, mas só conseguiu sucesso (bem) relativo com "Viver e Morrer em Los Angeles" (1985) e "Regras do Jogo" (2000).

Voltando à história, Linda Blair é Regan, normal garota de 12 anos que de uma hora para outra começa a se sentir esquisita. Das primeiras e inofensivas consultas médicas ("É da idade") até a famosa masturbação com um crucifixo, a possuída desafia dois padres psicólogos (Max von Sydow e Jason Miller), cujas doutrinas de exorcismo entram em conflito.

"O Exorcista" resiste ao tempo porque não é baseado só em seus espetaculares (para a época) efeitos especiais. O elixir de longa vida do filme está no fato de o sobrenatural invadir vidas normais.

Primeiro a da mãe, que está mais preocupada com sua carreira de atriz e em arrumar um novo casamento. Depois a de um padre psicólogo que anda com problemas de fé e com a mãe doente. E por último o "herói" do filme, um padre arqueólogo cansado, lutando apenas por sua saúde.

Esse terror não é datado. Consta que, no ano passado, o papa João Paulo 2º rezou preces para livrar do mal uma moça de 19 anos, em plena praça São Pedro, em Roma, que estaria se debatendo incontrolavelmente e gritando palavrões em voz gutural.

Mexe ainda com o medo da perda de identidade. Pior, da identidade tomada, pavor que atravessa não só os limites religiosos, mas também o social e cultural.

E, quanto mais perto do final, mais cresce a perturbação de não saber o que acontece pouco antes dos créditos. Final feliz é que não.
Mesmo com todos seus méritos, talvez "O Exorcista" não precisasse das "cenas adicionais".

Com exceção de uma, a tenebrosa e bizarra cena de Regan descendo as escadas da casa parecendo uma aranha, com o corpo curvado, barriga para cima, andando com os pés e as mãos e cuspindo sangue. A cena foi retirada, depois apareceu no vídeo e agora foi restaurada e alongada.

Parece que no original seria mais assustadora. Enquanto na versão 2000 Regan desce as escadas e logo retorna ao quarto, a cena inteira a mostraria perseguindo a mãe e sua ajudante pela sala. Nem Sam Raimi faria melhor.

O Exorcista - Versão do Diretor
The Exorcist - Director's Cut
Direção:
William Friedkin
Produção: EUA, 1973
Com: Ellen Burstyn, Max von Sydow, Lee J. Cobb, Kitty Winn
Quando: a partir de hoje nos cines Central Plaza, Paulista e circuito
 

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