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05/03/2001
-
09h21
MARCELO VALLETTA
da Folha de S. Paulo
Após uma importante apresentação para mais de cem mil pessoas no Rock in Rio, o Sepultura, grupo oriundo de Belo Horizonte que se tornou a banda de rock brasileira mais famosa mundialmente, confirma que ainda está vivo com "Nation", seu nono disco, a ser lançado no dia 19.
O novo álbum, o segundo com o vocalista norte-americano Derrick Green, que substituiu Max Cavalera a partir de "Against", de 98, é considerado pelos integrantes uma espécie de renascimento.
"Acho que "Nation" é um recomeço, musicalmente falando, porque a gente está se sentindo como banda de novo. "Against" foi um período de escola, um disco de transição, que não corresponde com o que o Sepultura é hoje", disse à Folha o guitarrista Andreas Kisser.
O músico detalha o período que sucedeu a saída de Max Cavalera, que formou o Soulfly. "Esquecemos o passado, começamos a tocar em trio, só coisas novas, e começamos dali a tentar criar uma carreira nova. O Derrick veio depois, então não deu para formar uma banda para fazer aquele disco", conta Kisser.
"Foi um período bem difícil, porque a gravadora queria um clone do Max. Queria que a gente fizesse mais uns dois "Roots". Ninguém acreditava que o Sepultura poderia abrir diferentes portas e criar uma coisa diferente. Com "Nation", está provado que a gente tem capacidade para isso."
A colaboração de um novo vocalista é parte importante deste recomeço, segundo o baterista Igor Cavalera, irmão mais novo do dissidente Max.
"Derrick entrou no Sepultura em um momento conturbado, ele não teve tempo de definir sua personalidade ao fazer o "Against". Desta vez ele estava lá desde o zero, e a gente escreveu muita coisa pensando em realçar a parte vocal. E teve um dedo do produtor, que arrancou de dentro da garganta do Derrick a voz que a gente queria. Dá pra perceber que ele foi buscar em "Nation" sua identidade própria", diz Igor Cavalera.
Green, que não pôde comparecer à entrevista por não ter renovado o visto de entrada no país, está integrado à banda, segundo Andreas: "É um amigo, gosta do Brasil, está sobrevivendo com o português e até escolheu um time de futebol (Palmeiras). Isso já ajuda. Ajuda a sofrer" (risos).
"Nation" é um disco temático, segundo a banda. "É a nação Sepultura, mais do que o Brasil em si. É a reação que a gente tem quando vê os fãs.
As bandas antigas tinham esse relacionamento com o fã. O Kiss tem a "Kiss Army", o Venom tinha a "Venom Legion", e a gente acha muito legal chamar o fã para fazer parte de uma nação, a dos "sepulfãs", no nosso caso", diz Igor.
"Conforme a gente foi fazendo o disco, as idéias foram pintando", conta Andreas. Daí surgiram as participações especiais de Jello Biafra, ex-vocalista dos Dead Kennedys, fazendo um discurso (anti)político em "Politricks", e o quarteto de cordas finlandês Apocalyptica, que toca em "Valtio", o hino da "sepulnation".
Uma parceria que não se realizou foi com Stewart Copeland, ex-baterista do trio britânico The Police, que revelou Sting. "Queríamos que ele produzisse o disco inteiro. Ele chegou a ir a um show nosso em Los Angeles para combinar tudo, mas não foi possível por falta de tempo", conta Igor.
Apesar das novidades no som, o grupo defende sua personalidade. "O estilo próprio está em nós três (Andreas, Igor e o baixista Paulo Jr.).
A gente toca junto desde 1987. Essa espinha dorsal vai ser sempre mantida. Em comparação com o Soulfly, por exemplo, a voz do Max é um estilo característico dele, uma coisa que ele criou com o Sepultura, mas a banda não se mantém fixa, você não sabe qual é o estilo do Soulfly, essa coisa de Korn, Limp Bizkit, esse "nu-metal" em que ele está mais integrado agora", afirma o guitarrista.
Igor também dá sua opinião sobre a nova banda do ex-vocalista do Sepultura, que lançou seu segundo disco no final do ano passado: "Eu acho que o vocal dele continua do caralho, mas a banda, eu acho muito fraca. Não é compatível com o que ele está fazendo, e isso pra mim fica transparente quando eu ouço o CD".
O grupo continua a não ter contato com o ex-companheiro, cada vez mais afastado do Brasil. "Eu sei que ele não fala de Sepultura, que ele proíbe o assunto em entrevistas. Então não sei se ele escuta nossos discos, se vai escutar, sei lá, não importa", diz Andreas.
E o futuro do Sepultura recomeça nesta sexta, quando o quarteto inicia uma turnê de seis semanas pelos EUA. Em maio, viaja para a Europa e pretende voltar a tocar no Brasil no segundo semestre. "A gente quer abranger o máximo de pessoas com o mínimo de shows. Vamos tentar fazer vários festivais", diz o guitarrista.
Música: Sepultura resiste e renasce em "Nation"
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da Folha de S. Paulo
Após uma importante apresentação para mais de cem mil pessoas no Rock in Rio, o Sepultura, grupo oriundo de Belo Horizonte que se tornou a banda de rock brasileira mais famosa mundialmente, confirma que ainda está vivo com "Nation", seu nono disco, a ser lançado no dia 19.
O novo álbum, o segundo com o vocalista norte-americano Derrick Green, que substituiu Max Cavalera a partir de "Against", de 98, é considerado pelos integrantes uma espécie de renascimento.
"Acho que "Nation" é um recomeço, musicalmente falando, porque a gente está se sentindo como banda de novo. "Against" foi um período de escola, um disco de transição, que não corresponde com o que o Sepultura é hoje", disse à Folha o guitarrista Andreas Kisser.
O músico detalha o período que sucedeu a saída de Max Cavalera, que formou o Soulfly. "Esquecemos o passado, começamos a tocar em trio, só coisas novas, e começamos dali a tentar criar uma carreira nova. O Derrick veio depois, então não deu para formar uma banda para fazer aquele disco", conta Kisser.
"Foi um período bem difícil, porque a gravadora queria um clone do Max. Queria que a gente fizesse mais uns dois "Roots". Ninguém acreditava que o Sepultura poderia abrir diferentes portas e criar uma coisa diferente. Com "Nation", está provado que a gente tem capacidade para isso."
A colaboração de um novo vocalista é parte importante deste recomeço, segundo o baterista Igor Cavalera, irmão mais novo do dissidente Max.
"Derrick entrou no Sepultura em um momento conturbado, ele não teve tempo de definir sua personalidade ao fazer o "Against". Desta vez ele estava lá desde o zero, e a gente escreveu muita coisa pensando em realçar a parte vocal. E teve um dedo do produtor, que arrancou de dentro da garganta do Derrick a voz que a gente queria. Dá pra perceber que ele foi buscar em "Nation" sua identidade própria", diz Igor Cavalera.
Green, que não pôde comparecer à entrevista por não ter renovado o visto de entrada no país, está integrado à banda, segundo Andreas: "É um amigo, gosta do Brasil, está sobrevivendo com o português e até escolheu um time de futebol (Palmeiras). Isso já ajuda. Ajuda a sofrer" (risos).
"Nation" é um disco temático, segundo a banda. "É a nação Sepultura, mais do que o Brasil em si. É a reação que a gente tem quando vê os fãs.
As bandas antigas tinham esse relacionamento com o fã. O Kiss tem a "Kiss Army", o Venom tinha a "Venom Legion", e a gente acha muito legal chamar o fã para fazer parte de uma nação, a dos "sepulfãs", no nosso caso", diz Igor.
"Conforme a gente foi fazendo o disco, as idéias foram pintando", conta Andreas. Daí surgiram as participações especiais de Jello Biafra, ex-vocalista dos Dead Kennedys, fazendo um discurso (anti)político em "Politricks", e o quarteto de cordas finlandês Apocalyptica, que toca em "Valtio", o hino da "sepulnation".
Uma parceria que não se realizou foi com Stewart Copeland, ex-baterista do trio britânico The Police, que revelou Sting. "Queríamos que ele produzisse o disco inteiro. Ele chegou a ir a um show nosso em Los Angeles para combinar tudo, mas não foi possível por falta de tempo", conta Igor.
Apesar das novidades no som, o grupo defende sua personalidade. "O estilo próprio está em nós três (Andreas, Igor e o baixista Paulo Jr.).
A gente toca junto desde 1987. Essa espinha dorsal vai ser sempre mantida. Em comparação com o Soulfly, por exemplo, a voz do Max é um estilo característico dele, uma coisa que ele criou com o Sepultura, mas a banda não se mantém fixa, você não sabe qual é o estilo do Soulfly, essa coisa de Korn, Limp Bizkit, esse "nu-metal" em que ele está mais integrado agora", afirma o guitarrista.
Igor também dá sua opinião sobre a nova banda do ex-vocalista do Sepultura, que lançou seu segundo disco no final do ano passado: "Eu acho que o vocal dele continua do caralho, mas a banda, eu acho muito fraca. Não é compatível com o que ele está fazendo, e isso pra mim fica transparente quando eu ouço o CD".
O grupo continua a não ter contato com o ex-companheiro, cada vez mais afastado do Brasil. "Eu sei que ele não fala de Sepultura, que ele proíbe o assunto em entrevistas. Então não sei se ele escuta nossos discos, se vai escutar, sei lá, não importa", diz Andreas.
E o futuro do Sepultura recomeça nesta sexta, quando o quarteto inicia uma turnê de seis semanas pelos EUA. Em maio, viaja para a Europa e pretende voltar a tocar no Brasil no segundo semestre. "A gente quer abranger o máximo de pessoas com o mínimo de shows. Vamos tentar fazer vários festivais", diz o guitarrista.
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