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06/03/2001 - 04h24

Livro é trabalho de fôlego para tenor nenhum botar defeito

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da Folha de S.Paulo

Há no livro anedotas saborosíssimas sobre Enrico Caruso, como sua detenção em Nova York, em 1906, por ter supostamente beliscado o quadril de uma senhora diante da jaula dos macacos no zoológico. Mulherengo, o tenor formaria um triângulo amoroso com a própria cunhada.

Fazem falta, porém, mais episódios pitorescos ligados às suas passagens pela América do Sul, o que não diminui o mérito do livro, mas deixa o leitor com água na boca. Talvez não tenha sido fácil, tanto tempo depois, achar testemunhos além dos jornais.

Que ninguém espere do livro algo didático ao estilo de "O Céu É o Limite": quando nasceu ou morreu? É preciso enfrentar o grosso volume para ter as respostas.

Em vez de optar por uma ordem meramente cronológica, György Böhm seguiu uma divisão por temas. Assim, em um dos capítulos, fala sobre "A Voz de Enrico Caruso"; noutro, "Caruso e o Amor". A opção torna a narrativa
interessante, mas empurra o autor para algumas repetições e até falhas.

A inexperiência do médico como escritor também se deixa ver em algumas más construções verbais e em certa falta de distanciamento crítico em relação ao biografado. A falta de sofisticação da narrativa tem, por outro lado, a vantagem de proporcionar ao leigo em ópera uma leitura agradável. Para quem é fã do estilo, então, o livro é um prato cheio.

Böhm acerta ao inserir Caruso em seu tempo, falando de outros tenores e
teatros da época, com fartura de ilustrações. Também é completo ao compará-lo a nomes atuais, como Luciano Pavarotti, Plácido Domingo e José Carreras. No final, ocupa-se de uma pequena biografia de cada um dos cantores citados, além de traduzir as árias dos CDs que acompanham o livro. Trabalho de fôlego para tenor nenhum botar defeito.
(CYNARA MENEZES)

Enrico Caruso na América do Sul
Autor:
György Miklós Böhm
Editora:Quanto: R$ 60 (500 págs.)
 

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