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07/03/2001 - 03h50

Arthur Moreira Lima encontra Villa-Lobos em SP

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IRINEU FRANCO PERPETUO, da Folha de S.Paulo

Participando em São Paulo de um show com astros da MPB em homenagem a Villa-Lobos, o pianista carioca Arthur Moreira Lima, 60, está encaminhando cada vez mais sua carreira para o lado da música popular.

No espetáculo "Sons do Brasil Tributo a Villa-Lobos", Lima toca, na Sala São Paulo, ao lado do cantor Toquinho e do Grupo Sinfônico Arte Viva, do maestro Amilson Godoy.

Mas a grande novidade é um pacote de seis CDs que está saindo pela Sony Music, com versões para piano solo das canções dos seguintes autores: Chico Buarque, Dorival Caymmi, Roberto Carlos, Tom Jobim, Caetano Veloso e Gilberto Gil.

Gravada em Londres, a coleção tem arranjos, no dizer do pianista, "mais ou menos meus". "Uns são mais improvisados, outros mais elaborados", afirma.

Sua maior preocupação era "tentar falar só com a música o que a letra também fala".

"Foi difícil para burro", conta o músico, "porque você tem que fazer alguma coisa que seja nova, tem que utilizar o instrumento todo" -no caso, um piano Steinway de cauda inteira.

Lima não se preocupa em ser acusado de "brega" por estar tocando Roberto Carlos.

"Se é brega ou não é, não interessa. Quero ver alguém ter a capacidade de fazer isso no nível que eu fiz. O negócio é fazer certo, fazer bem e fazer com convicção. E isso eu faço sempre."

Embora a coleção já esteja no mercado, ainda não foi feito seu lançamento oficial. "Esse negócio saiu mais ou menos no final do ano, quando não dá para fazer nada", diz o pianista. "Como não é uma coisa de moda, pode ser trabalhado em qualquer época".

Essa falta de açodamento é a marca do estágio atual da vida do artista. "Eu estou em uma fase da minha profissão em que eu fico tranquilo. Faço tudo com calma, sem me estressar", afirmou, por telefone à Folha, de sua casa em Florianópolis. "Agora, por exemplo, vou mergulhar no mar, tomar uma sauna e tocar piano."

Resgatar Radamés
No terreno da música erudita, Lima pretende trabalhar pelo resgate da obra do compositor gaúcho Radamés Gnattali (1906-1988), do qual programou duas peças para a apresentação de hoje.

Arranjador, pianista, regente e professor, Gnattali trabalhou durante 30 anos na Rádio Nacional. Devido ao trabalho como orquestrador de música popular e seu gosto pelo jazz, ficou com o estigma de compositor "crossover".

Embora as acusações de que o envolvimento de Gnattali com a música popular "contaminasse" suas obras "eruditas e sérias" pareçam exageradas, o fato é que sua vastíssima produção é no geral bastante palatável, devido à sua peculiar mistura de neo-romantismo e nacionalismo, passando bem longe do radicalismo das vanguardas que lhe foram contemporâneas.

"Radamés Gnattali ainda é um compositor a ser descoberto pelos próprios brasileiros", diz. A dificuldade na divulgação de sua música, segundo o pianista, reside na dispersão do material. "Está tudo em manuscrito, está tudo aqui e ali. Precisa revisar, precisa passar a limpo. Para reunir isso tudo, é um trabalho grande, que eu pretendo fazer num futuro médio."

Sobre a qualidade da música do autor gaúcho, contudo, Lima não tem dúvidas. "Ele compôs para piano muito bem, porque era um grande pianista. Acho que ele faz o piano render o máximo com um mínimo de notas", analisa. "De todos os compositores brasileiros, pianisticamente o mais refinado é o Radamés".
 

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