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12/03/2001
-
11h31
SILVANA ARANTES
da Folha de S.Paulo
Queiram ou não, as operadoras nacionais de TV a cabo deverão incluir em sua cartela de canais um novo número, a partir de abril. Arte & Cultura, o canal que o Ministério da Cultura prepara desde o ano passado, tem amparo legal (está previsto na lei 8977) para ser distribuído obrigatoriamente pelas operadoras, como canal básico de utilização gratuita, sem ônus adicional aos assinantes da TV paga.
O secretário do Audiovisual, José Álvaro Moisés, responderá pela direção de programação do Arte & Cultura. Com boa parte da grade concentrada em produções do MinC e projetos apoiados pela Lei Rouanet, o canal quer "ampliar o acesso da população aos produtos culturais" e se configura como "uma decisão de política cultural muito importante", na avaliação de Moisés. Leia os principais trechos da entrevista do secretário à Folha.
Folha - Com que operadoras está sendo negociada a transmissão do canal Arte & Cultura?
José Álvaro Moisés - A decisão de criar o canal a cabo do Ministério da Cultura está ligada ao texto da lei 8977, sancionada em 1995, que normatiza e disciplina o funcionamento dos canais a cabo e cria alguns públicos -legislativo, comunitários, universitários. Nessa sequência de canais, há um denominado cultural e educativo, que deve ser compartilhado pelas esferas federal, estadual e municipal. Por exigência da lei (artigo 23, inciso i, letra f), as operadoras são obrigadas a colocá-lo no ar. É um princípio de equilíbrio entre a presença das empresas privadas e de canais públicos, que deveriam ser capazes de oferecer uma programação alternativa ao telespectador. O objetivo é democrático. No ano passado, comunicamos a criação do canal à Anatel -Agência Nacional de Telecomunicações- e às operadoras.
Folha - O canal produzirá sua programação ou contratará produções independentes?
Moisés - Nossa idéia é apoiar os três primeiros meses de programação experimental em coisas que estão prontas. Na sequência, teremos também a contratação, por meio de terceirização, de produções independentes.
Folha - O que consta na grade da programação experimental?
Moisés - Em primeiro lugar, os documentários culturais que o MinC produziu nos últimos três anos. São mais de 60, incluindo a série "Cena Aberta", sobre artes cênicas, e documentários sobre artistas individuais, como João Câmara, Francisco Brennand, Amilcar de Castro. Exibiremos também as séries realizadas pela Funarte, pelo Iphan -Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional- e pelo Museu do Folclore. Em segundo lugar, há uma enormidade de coisas feitas por projetos que se beneficiaram da Lei Rouanet e por institutos e fundações culturais. O Itaú Cultural nos cedeu a série de vídeos sobre o panorama histórico e da cultura brasileira e de encontros com artistas. Do Instituto Moreira Salles teremos o programa "O Escritor por Ele Mesmo".
Folha - A programação nacional ocupará quanto da grade geral?
Moisés - Não há definição rígida. A decisão do ministro Weffort é instalar um canal de difusão cultural no sentido amplo. No caso da cultura brasileira, isso se traduz numa preocupação muito forte com a expressão da diversidade, que é, provavelmente, sua singularidade mais importante. Com o pressuposto de que falar em difusão é falar na difusão da diversidade, não podemos nos limitar à cultura brasileira.
Folha - Quem será o diretor de programação do canal?
Moisés - Sou o responsável pela programação. Trabalha comigo uma equipe de especialistas do MinC -Luciano Ramos, Clélia Bessa, Mauro Garcia e Moacir de Oliveira. Como free-lancers, temos a colaboração dos diretores Gabriel Priolli e Isa Grinspum Ferraz. Trabalhamos na avaliação dos produtos para decidir se têm o interesse cultural vinculado aos objetivos centrais do canal e a qualidade que queremos.
Folha - Quais serão os horários das transmissões?
Moisés - Começaremos com duas horas de segunda a sexta e três aos sábados e domingos. Pedimos à Anatel que as horas semanais sejam das 21h às 23h. E nos fins-de-semana, das 20h às 23h.
Folha - Onde será a sede do canal?
Moisés - O ministério não pretende ter um estúdio nem fazer produção diretamente. Contratamos os serviços da TV Cultura para fazer a transmissão do sinal para o satélite. E temos uma sala na TV Cultura para o tratamento técnico dos produtos.
Folha - O investimento de R$ 1,5 milhão anunciado pelo ministro compreende que ações?
Moisés - Basicamente a transmissão física. O contrato com a TV Cultura é de dois anos. Em 2001, estamos gastando nesses serviços aproximadamente R$ 1,2 milhão. Há outra parte de recursos ligados a compra e preparação do material que vai ser exibido.
Folha - Está confirmada a estréia em abril?
Moisés - Estamos confirmando nossa intenção de colocar o canal no ar em abril. O dia exato vai ser definido nas próximas semanas.
Canal a cabo do Ministério da Cultura vai ao ar em abril
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da Folha de S.Paulo
Queiram ou não, as operadoras nacionais de TV a cabo deverão incluir em sua cartela de canais um novo número, a partir de abril. Arte & Cultura, o canal que o Ministério da Cultura prepara desde o ano passado, tem amparo legal (está previsto na lei 8977) para ser distribuído obrigatoriamente pelas operadoras, como canal básico de utilização gratuita, sem ônus adicional aos assinantes da TV paga.
O secretário do Audiovisual, José Álvaro Moisés, responderá pela direção de programação do Arte & Cultura. Com boa parte da grade concentrada em produções do MinC e projetos apoiados pela Lei Rouanet, o canal quer "ampliar o acesso da população aos produtos culturais" e se configura como "uma decisão de política cultural muito importante", na avaliação de Moisés. Leia os principais trechos da entrevista do secretário à Folha.
Folha - Com que operadoras está sendo negociada a transmissão do canal Arte & Cultura?
José Álvaro Moisés - A decisão de criar o canal a cabo do Ministério da Cultura está ligada ao texto da lei 8977, sancionada em 1995, que normatiza e disciplina o funcionamento dos canais a cabo e cria alguns públicos -legislativo, comunitários, universitários. Nessa sequência de canais, há um denominado cultural e educativo, que deve ser compartilhado pelas esferas federal, estadual e municipal. Por exigência da lei (artigo 23, inciso i, letra f), as operadoras são obrigadas a colocá-lo no ar. É um princípio de equilíbrio entre a presença das empresas privadas e de canais públicos, que deveriam ser capazes de oferecer uma programação alternativa ao telespectador. O objetivo é democrático. No ano passado, comunicamos a criação do canal à Anatel -Agência Nacional de Telecomunicações- e às operadoras.
Folha - O canal produzirá sua programação ou contratará produções independentes?
Moisés - Nossa idéia é apoiar os três primeiros meses de programação experimental em coisas que estão prontas. Na sequência, teremos também a contratação, por meio de terceirização, de produções independentes.
Folha - O que consta na grade da programação experimental?
Moisés - Em primeiro lugar, os documentários culturais que o MinC produziu nos últimos três anos. São mais de 60, incluindo a série "Cena Aberta", sobre artes cênicas, e documentários sobre artistas individuais, como João Câmara, Francisco Brennand, Amilcar de Castro. Exibiremos também as séries realizadas pela Funarte, pelo Iphan -Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional- e pelo Museu do Folclore. Em segundo lugar, há uma enormidade de coisas feitas por projetos que se beneficiaram da Lei Rouanet e por institutos e fundações culturais. O Itaú Cultural nos cedeu a série de vídeos sobre o panorama histórico e da cultura brasileira e de encontros com artistas. Do Instituto Moreira Salles teremos o programa "O Escritor por Ele Mesmo".
Folha - A programação nacional ocupará quanto da grade geral?
Moisés - Não há definição rígida. A decisão do ministro Weffort é instalar um canal de difusão cultural no sentido amplo. No caso da cultura brasileira, isso se traduz numa preocupação muito forte com a expressão da diversidade, que é, provavelmente, sua singularidade mais importante. Com o pressuposto de que falar em difusão é falar na difusão da diversidade, não podemos nos limitar à cultura brasileira.
Folha - Quem será o diretor de programação do canal?
Moisés - Sou o responsável pela programação. Trabalha comigo uma equipe de especialistas do MinC -Luciano Ramos, Clélia Bessa, Mauro Garcia e Moacir de Oliveira. Como free-lancers, temos a colaboração dos diretores Gabriel Priolli e Isa Grinspum Ferraz. Trabalhamos na avaliação dos produtos para decidir se têm o interesse cultural vinculado aos objetivos centrais do canal e a qualidade que queremos.
Folha - Quais serão os horários das transmissões?
Moisés - Começaremos com duas horas de segunda a sexta e três aos sábados e domingos. Pedimos à Anatel que as horas semanais sejam das 21h às 23h. E nos fins-de-semana, das 20h às 23h.
Folha - Onde será a sede do canal?
Moisés - O ministério não pretende ter um estúdio nem fazer produção diretamente. Contratamos os serviços da TV Cultura para fazer a transmissão do sinal para o satélite. E temos uma sala na TV Cultura para o tratamento técnico dos produtos.
Folha - O investimento de R$ 1,5 milhão anunciado pelo ministro compreende que ações?
Moisés - Basicamente a transmissão física. O contrato com a TV Cultura é de dois anos. Em 2001, estamos gastando nesses serviços aproximadamente R$ 1,2 milhão. Há outra parte de recursos ligados a compra e preparação do material que vai ser exibido.
Folha - Está confirmada a estréia em abril?
Moisés - Estamos confirmando nossa intenção de colocar o canal no ar em abril. O dia exato vai ser definido nas próximas semanas.
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