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12/03/2001 - 13h46

Toulouse, na França, é a Porto Alegre do cinema latino-americano

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da France Presse, em Toulouse

Os 13 Encontros de Cinema da América Latina, evento que começa hoje em Toulouse, no sul da França, está sendo chamado de "Porto Alegre da sétima arte". Segundo a presidente da entidade organizadora do encontro, Esther Saint Dizier, o encontro acontece em defesa de um "cinema de resistência" e de "identidade cultural" contra a "Davos" da grande indústria norte-americana.

Durante o encontro serão exibidos 70 longas-metragens e 71 curtas e documentários de 12 países latino-americanos.

Assim como ficou em evidência, no final de janeiro deste ano, o abismo entre o Fórum Econômico de Davos (Suíça)- que reuniu as grandes multinacionais e dirigentes políticos do mundo - e o primeiro Fórum Social Mundial de Porto Alegre contra a globalização, "é evidente que existem duas classes de cinema: os 'majors' norte-americanos e o cinema do mundo inteiro", compara Saint Dizier.

Apoiando-se na comparação Davos-Porto Alegre, Dizier assegurou que "os cinemas da Europa e da América Latina também são cinemas de resistência e de identidade cultural diante do cinema dos Estados Unidos", e apontou que a França "pode desempenhar um papel para desenvolvê-lo".

"O objetivo de Toulouse é ajudar os cinemas marginalizados e é por isso que os filmes que estão em competição este ano são um reflexo da realidade da produção na América Latina, ou seja, as novas gerações dão seus primeiros passos na cinematografia de seus respectivos países", disse.

Nove filmes -alguns deles de diretores estreantes- da Argentina, Brasil, Chile, México e Uruguai concorrem este ano pelo Coup de Coeur, que consiste em uma ajuda para sua distribuição na França, 20.000 francos franceses (US$ 2.800) e ao processo de legenda dos filmes. O júri será presidido pelo cineasta chileno Pablo Perelman.

Pelo Prêmio da Crítica Francesa para melhor filme de diretor estreante, cujo júri será integrado, entre outros, por José María Riba, delegado geral da Semana da Crítica do Festival de Cannes, serão exibidos 13 longas-metragens da Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia e México.

Toulouse apresentará uma retrospectiva do cineasta francês Pierre Chenal, que durante seu exílio em Buenos Aires e Santiago -escapando do nazismo- fez oito filmes com atores argentinos.

Os homenageados nessa edição serão o chileno Silvio Caiozzi -de quem poderá ser visto "Coronación", "La Luna en el Espejo" e "Julio Comienza en Julio"; o venezuelano Diego Risquez, que mostrará "Manuela Saenz"; o mexicano Felipe Cazals com "Su Alteza Serenísima" e o brasileiro Arthur Omar com "Triste Trópico", seus curtas experimentais e vídeos.

Os debates sobre problemas da atualidade na América Latina também terão seu espaço em Toulouse junto a filmes ilustrativos.

"Nica Libre", de Félix Zurita, será exibido antes de um debate sobre a situação na América Central. "Las Cenizas del Volcán", de Pedro Péres Rosado, será precedido de um debate com um grupo do estado sulista mexicano de Chiapas. "Amazônia, a Terra e a Pena", de Frederic Letang, fomentará uma discussão sobre o Movimento dos Sem Terra (MST) no Brasil.

O fenômeno Davos-Porto Alegre no cinema também se reflete no financiamento. O orçamento de 2000 dos Encontros de Toulouse foi de um milhão de francos (US$ 160 mil) valor que não tem nada a ver com o montante que respalda outros festivais, que é quatro ou cinco vezes esse valor, comentou Saint Dizier.

A organização do evento está a cargo de 20 pessoas e quando o festival começa, 80 voluntários se juntam a equipe, que em sua maioria é formada por estudantes.

Os 13 Encontros serão encerrados no dia 20 de março, com o anúncio dos filmes premiados, que serão projetados na sala "Le Latina", em Paris, no dia 27 de março.
 

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