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15/03/2001
-
05h23
PEDRO ALEXANDRE SANCHES, da Folha de S.Paulo
A banda três do mangue beat, Mestre Ambrósio, realça as pontes que sua música quer ter no título de seu terceiro álbum, "Terceiro Samba".
Embora mais ligada à música tradicional pernambucana (em certo sentido, é até precursora da onda de forró universitário que assola certas paradas brasileiras) que às fusões e novidades pretendidas pelo Mundo Livre S/A e pela Nação Zumbi, o sexteto quer reafirmar, sim, sua ligação com o mangue beat.
"Na hora de escolher o título, vimos até a ponte com Nação Zumbi e Mundo Livre, que usaram o termo "samba" nos títulos dos seus discos. A gente se considera mangue beat também. É mais uma postura que uma batida", diz Hélder Vasconcellos.
E com o samba, será que o grupo virou sambista? "Não há como fugir da definição em termos de acontecimentos: "vai dar samba", "vai rolar um samba"... É corrente no Brasil, que faz lâmina de barbear e o nome vira Gilette."
Ele continua: "Não somos sambistas, do jeito como é visto um bluesman ou um rocker, mas o samba está presente desde sempre na formação e na informação da gente", explica Sérgio Cassiano, outro integrante do Mestre.
"O termo "samba" vem até para enfatizar o quanto é um termo genérico. No Nordeste, ele está ligado a várias brincadeiras populares, como maracatu e cavalo-marinho. É corriqueiro, está ligado a um modo brasileiro de ser, cantar e tocar", afirma Hélder.
De samba mesmo, dizem que "Terceiro Samba" só tem duas faixas: "Saudade" e "Lembrança de Folha Seca", que eles querem ligar à tradição de Cartola, Roberto Silva, Monsueto Menezes e Martinho da Vila.
"É possível, dentro desse universo de ritmos que usamos, alguém visualizar: "Oxente, esses caras fazem samba mais próximo do samba original sem serem um grupo de samba?'", diz Cassiano, referindo-se
indiretamente aos atuais grupos de pagode.
Forró universitário
Fora peripécias de título, o que transparece em "Terceiro Samba" é uma guinada do Mestre Ambrósio de volta ao forró, ainda que preservando a diversidade rítmica que vem caracterizando o grupo desde o CD homônimo de estréia, ainda independente, em 1996.
Contratados pela Sony, os rapazes se uniram, em "Fuá na Casa de Cabral" (99), ao produtor ligado à música eletrônica Suba, morto pouco depois. O encontro ofendeu os mais tradicionalistas, mas o Mestre nega que "Terceiro Samba" seja um recuo em relação àquela experiência.
"Não é uma reavaliação, de forma nenhuma. Foi necessidade artística, de ter clareza de som sem o uso de efeitos", diz Hélder. "Não chega a ser retrocesso, cada disco é registro de um momento. Se estivéssemos com Suba hoje, íamos fazer com a mesma diretriz. Primeiro decidimos a diretriz, depois o produtor", completa Cassiano.
Eles respondem se não tiveram de se aproximar do tal forró universitário que, com teclados e letras maliciosas, tem roubado mercado do Mestre Ambrósio.
"Acho que se aproxima, mas não estamos caçando o forró universitário. É o que a gente já fazia, só ficou mais dançante neste disco", diz Cassiano.
"Como o baião, como célula rítmica, está muito presente nos ritmos que trabalhamos, o disco acaba puxando mais para o forrozeiro mesmo, mas a diversidade de sons que usamos continua a mesma", afirma Hélder.
Ele até admite a comparação com o forró tipo "Morango do Nordeste" e que tais: "A gente com certeza tem uma parcela de contribuição nessa onda, mas então por que não é o Mestre Ambrósio que está com essa quantidade de discos vendidos?".
Tenta desvendar a diferença: "Eles atendem a um conjunto de características que não são só musicais, seus shows são voltados para o baile de forró, coisa que nunca fizemos. Mas vejo com bons olhos, não acho que é ruim ou que desvirtuou o forró".
Mestre Ambrósio costura samba e mangue
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A banda três do mangue beat, Mestre Ambrósio, realça as pontes que sua música quer ter no título de seu terceiro álbum, "Terceiro Samba".
Embora mais ligada à música tradicional pernambucana (em certo sentido, é até precursora da onda de forró universitário que assola certas paradas brasileiras) que às fusões e novidades pretendidas pelo Mundo Livre S/A e pela Nação Zumbi, o sexteto quer reafirmar, sim, sua ligação com o mangue beat.
"Na hora de escolher o título, vimos até a ponte com Nação Zumbi e Mundo Livre, que usaram o termo "samba" nos títulos dos seus discos. A gente se considera mangue beat também. É mais uma postura que uma batida", diz Hélder Vasconcellos.
E com o samba, será que o grupo virou sambista? "Não há como fugir da definição em termos de acontecimentos: "vai dar samba", "vai rolar um samba"... É corrente no Brasil, que faz lâmina de barbear e o nome vira Gilette."
Ele continua: "Não somos sambistas, do jeito como é visto um bluesman ou um rocker, mas o samba está presente desde sempre na formação e na informação da gente", explica Sérgio Cassiano, outro integrante do Mestre.
"O termo "samba" vem até para enfatizar o quanto é um termo genérico. No Nordeste, ele está ligado a várias brincadeiras populares, como maracatu e cavalo-marinho. É corriqueiro, está ligado a um modo brasileiro de ser, cantar e tocar", afirma Hélder.
De samba mesmo, dizem que "Terceiro Samba" só tem duas faixas: "Saudade" e "Lembrança de Folha Seca", que eles querem ligar à tradição de Cartola, Roberto Silva, Monsueto Menezes e Martinho da Vila.
"É possível, dentro desse universo de ritmos que usamos, alguém visualizar: "Oxente, esses caras fazem samba mais próximo do samba original sem serem um grupo de samba?'", diz Cassiano, referindo-se
indiretamente aos atuais grupos de pagode.
Forró universitário
Fora peripécias de título, o que transparece em "Terceiro Samba" é uma guinada do Mestre Ambrósio de volta ao forró, ainda que preservando a diversidade rítmica que vem caracterizando o grupo desde o CD homônimo de estréia, ainda independente, em 1996.
Contratados pela Sony, os rapazes se uniram, em "Fuá na Casa de Cabral" (99), ao produtor ligado à música eletrônica Suba, morto pouco depois. O encontro ofendeu os mais tradicionalistas, mas o Mestre nega que "Terceiro Samba" seja um recuo em relação àquela experiência.
"Não é uma reavaliação, de forma nenhuma. Foi necessidade artística, de ter clareza de som sem o uso de efeitos", diz Hélder. "Não chega a ser retrocesso, cada disco é registro de um momento. Se estivéssemos com Suba hoje, íamos fazer com a mesma diretriz. Primeiro decidimos a diretriz, depois o produtor", completa Cassiano.
Eles respondem se não tiveram de se aproximar do tal forró universitário que, com teclados e letras maliciosas, tem roubado mercado do Mestre Ambrósio.
"Acho que se aproxima, mas não estamos caçando o forró universitário. É o que a gente já fazia, só ficou mais dançante neste disco", diz Cassiano.
"Como o baião, como célula rítmica, está muito presente nos ritmos que trabalhamos, o disco acaba puxando mais para o forrozeiro mesmo, mas a diversidade de sons que usamos continua a mesma", afirma Hélder.
Ele até admite a comparação com o forró tipo "Morango do Nordeste" e que tais: "A gente com certeza tem uma parcela de contribuição nessa onda, mas então por que não é o Mestre Ambrósio que está com essa quantidade de discos vendidos?".
Tenta desvendar a diferença: "Eles atendem a um conjunto de características que não são só musicais, seus shows são voltados para o baile de forró, coisa que nunca fizemos. Mas vejo com bons olhos, não acho que é ruim ou que desvirtuou o forró".
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