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16/03/2001
-
04h17
TETÉ RIBEIRO, da Folha de S.Paulo
O diretor e roteirista italiano Giuseppe Tornatore, 44, ganhou o mundo já no seu segundo longa-metragem, "Cinema Paradiso", de 1988, que levou Oscar de melhor filme estrangeiro no ano seguinte e fez muita gente sair do cinema com a maquiagem borrada e o nariz vermelho.
Desde então, dirigiu outros seis filmes, mas nenhum ficou tão conhecido quanto o que o fez universal. "Malena", sua obra mais recente -indicada ao Oscar nas categorias fotografia e música-, estréia hoje em São Paulo. Tornatore fala dela com orgulho.
Mas comete na entrevista o mesmo pecado que nos filmes: tenta agradar a todos ao tempo todo. Acaba com aquele tom boboca das gravações pop de Pavarotti. Leia (os melhores) trechos.
Folha - É verdade que as filmagens de "Malena" tiveram de ser interrompidas por causa de um conflito com a Máfia?
Giuseppe Tornatore - Não. Tivemos um problema com uma pessoa específica, que foi excluída da equipe. Mas, como qualquer coisa que acontece na Sicília, tudo vira a Máfia.
Folha - Por que na Sicília?
Tornatore - Acho que a história da Sicília nunca foi representada em filmes românticos, muito pelo contrário. Em "Malena", procurei um ponto de vista diferente do comum. Há o relacionamento do garoto com a senhora, mas também com a sua família. E, como pano de fundo, há um conflito muito maior, que em última análise é do bem contra o mal.
A estrutura da história caiu bem na Sicília por ser terra de grandes paixões. Renato, o garoto do filme, simboliza o que penso de lá. É honesto e de bom coração.
Folha - No filme, todos os homens são apaixonados por Malena. Aconteceu o mesmo com a atriz Monica Belucci e a equipe?
Tornatore - (risos) Sim, até o garoto se apaixonou por ela.
Folha - Você acha que a beleza provoca o fascismo?
Tornatore - Não. Acho que talvez seja o contrário! Não escolhi aquele tempo para o filme para estabelecer alguma relação entre a beleza e o fascismo. Escolhi a época porque achei que tinha a ver com a história, em que o amor não pode ser expressado.
O fascismo me pareceu perfeito como pano de fundo para essa história, pois até o pai do garoto sofre desse mal, de não poder dizer o que pensa.
Folha - Com "Malena", você tentou agradar aos americanos?
Tornatore - Nunca faço filmes pensando no que a audiência vai pensar, muito menos a americana. Sempre penso num escritor da Sicília que tem uma frase que me serve como um mantra: "Sabe a diferença entre um relógio parado e um que está sempre três ou quatro minutos atrasado? O atrasado nunca mostra a hora certa, enquanto o parado acerta duas vezes por dia".
Sou o relógio parado. Se faço um filme e ele me satisfaz, ótimo. Se, além disso, agrada à audiência, melhor ainda.
Leia mais notícias sobre o Oscar 2001
Diretor de "Paradiso" volta com "Malena"
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O diretor e roteirista italiano Giuseppe Tornatore, 44, ganhou o mundo já no seu segundo longa-metragem, "Cinema Paradiso", de 1988, que levou Oscar de melhor filme estrangeiro no ano seguinte e fez muita gente sair do cinema com a maquiagem borrada e o nariz vermelho.
Desde então, dirigiu outros seis filmes, mas nenhum ficou tão conhecido quanto o que o fez universal. "Malena", sua obra mais recente -indicada ao Oscar nas categorias fotografia e música-, estréia hoje em São Paulo. Tornatore fala dela com orgulho.
Mas comete na entrevista o mesmo pecado que nos filmes: tenta agradar a todos ao tempo todo. Acaba com aquele tom boboca das gravações pop de Pavarotti. Leia (os melhores) trechos.
Folha - É verdade que as filmagens de "Malena" tiveram de ser interrompidas por causa de um conflito com a Máfia?
Giuseppe Tornatore - Não. Tivemos um problema com uma pessoa específica, que foi excluída da equipe. Mas, como qualquer coisa que acontece na Sicília, tudo vira a Máfia.
Folha - Por que na Sicília?
Tornatore - Acho que a história da Sicília nunca foi representada em filmes românticos, muito pelo contrário. Em "Malena", procurei um ponto de vista diferente do comum. Há o relacionamento do garoto com a senhora, mas também com a sua família. E, como pano de fundo, há um conflito muito maior, que em última análise é do bem contra o mal.
A estrutura da história caiu bem na Sicília por ser terra de grandes paixões. Renato, o garoto do filme, simboliza o que penso de lá. É honesto e de bom coração.
Folha - No filme, todos os homens são apaixonados por Malena. Aconteceu o mesmo com a atriz Monica Belucci e a equipe?
Tornatore - (risos) Sim, até o garoto se apaixonou por ela.
Folha - Você acha que a beleza provoca o fascismo?
Tornatore - Não. Acho que talvez seja o contrário! Não escolhi aquele tempo para o filme para estabelecer alguma relação entre a beleza e o fascismo. Escolhi a época porque achei que tinha a ver com a história, em que o amor não pode ser expressado.
O fascismo me pareceu perfeito como pano de fundo para essa história, pois até o pai do garoto sofre desse mal, de não poder dizer o que pensa.
Folha - Com "Malena", você tentou agradar aos americanos?
Tornatore - Nunca faço filmes pensando no que a audiência vai pensar, muito menos a americana. Sempre penso num escritor da Sicília que tem uma frase que me serve como um mantra: "Sabe a diferença entre um relógio parado e um que está sempre três ou quatro minutos atrasado? O atrasado nunca mostra a hora certa, enquanto o parado acerta duas vezes por dia".
Sou o relógio parado. Se faço um filme e ele me satisfaz, ótimo. Se, além disso, agrada à audiência, melhor ainda.
Leia mais notícias sobre o Oscar 2001
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