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11/05/2000 - 17h18

'Vatel' eclipsa Godard na abertura do festival

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da Folha de S.Paulo

Gilles Jacob, o diretor artístico que se despede de Cannes neste ano, venceu ontem a primeira batalha. 'Vatel', superprodução franco-britânica de Roland Joffé, é o melhor filme de abertura do festival em muito tempo.

O sucesso de 'Vatel' eclipsou a nobre introdução, com o novo curta de Jean-Luc Godard. 'Das Origens do Século 21' repete a estrutura ensaística dos episódios de 'Histoire(s) du Cinéma', há pouco exibidos no Brasil pela Eurochannel. Godard revê o século do fim para o começo, frisando sua visão trágica na abertura, com um ônibus de refugiados centro-europeus de 1990, e no desfecho, com uma dança burguesa de Max Ophuls.

Já a fórmula de 'Vatel' tinha tudo para desandar: um drama histórico, falado em inglês, sobre os bastidores da corte de Luís 14, o Rei Sol, com Gérard Depardieu encabeçando o elenco no papel-título. Como sempre, o milagre originou-se num sólido roteiro, adaptado para o inglês pelo dramaturgo Tom Stoppard ('Shakespeare Apaixonado') a partir do original de Jeanne Labrune.

Não é difícil ver a mão de Stoppard no jogo metalinguístico que retrata a arte do personagem Vatel. Por três dias, em abril de 1671, coube a Vatel entreter o rei e sua corte, transpostos de Versalhes para o castelo do príncipe de Condé em Chantilly.

Condé quer conquistar Luís 14 e ser apontado para chefiar uma campanha militar contra a Holanda. Seu primeiro exército, de criados, artesãos e cozinheiros, é liderado por Vatel.

No filme de Joffé, ele surge como o grande diretor do espetáculo da realeza. Dos segredos de culinária aos efeitos especiais, todas as artes são por ele dominadas. Desde 'Casanova e a Revolução', de Ettore Scola, as intrigas da corte não surgiam na tela com tanto charme e complexidade.

Depardieu compõe Vatel com inédita introspecção, acompanhado por um irônico Luís 14 de Julian Sands. Tim Roth faz um ciumento marquês de Lauzun e Uma Thurman seduz a todos como uma das acompanhantes da rainha.
Foi um começo de festival mais que promissor.

A disputa da Palma de Ouro começa hoje, com Ken Loach devassando a cisão social nos EUA, em 'Bread & Roses' (Pão & Rosas), e com o francês 'Harry, un Ami Qui vous Veut du Bien' (Harry, um Amigo Que lhe Quer Bem), de Dominik Moll.
 

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