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16/06/2000 - 04h13

Público discorda que Quanto Mais Quente Melhor seja melhor comédia

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AMIR LABAKI
da equipe de articulistas da Folha de S. Paulo

José Simão diria que parece pesquisa em parada do orgulho gay ou retrospectiva do Mix Brasil. É a consagração da drag queen: "Quanto Mais Quente Melhor" (1959), de Billy Wilder, e "Tootsie" (1982), de Sydney Pollack, foram escolhidas como as melhores comédias americanas do século.

O público discorda _ao menos, segundo a pesquisa on line desenvolvida pela AFI (www.afionline.org/100laughs). Numa votação aberta a todos, a lista popular inclui três comédias dos anos 90 ("Fargo", "Private Parts" e "Debi & Lóide") entre as dez mais e alça ao primeiro posto "Banzé no Oeste" (1974), de Mel Brooks.

Enquanto isso, em ambas as listas, nada do primeiro "rei da comédia", o dândi Mack Sennett (1880-1960), ou da anárquica "Hellzappoin" (1941), de H.C. Potter, ou ainda, dos solos hilários de Alec Guiness ("As Oito Vítimas", 1949; "Quinteto da Morte", 1955), para ficar em três exemplos. Só mesmo rindo.

Não pára aí: duas outras comédias que giram em torno do travestismo, "Uma Babá Quase Perfeita" (1993), de Chris Columbus, no 67º posto, e "Vitor ou Vitória" (1982), de Blake Edwards, no 76º, também ficaram entre os cem filmes que mais fizeram os americanos rir. É o que diz mais um levantamento do American Film Institute (AFI), "100 Years-100 Laughs" (100 Anos - 100 Risadas), revelado em um especial de 3 horas, na rede de TV americana CBS, na noite da última terça.

O poder gay no humor vai além: Cary Grant, quem diria, foi eleito o maior ator de comédias, estrelando nada menos que oito das selecionadas, entre as quais "Núpcias de Escândalo" (1940, 15º lugar) e "Cupido É Moleque Travesso" (1937, 68º). Já o assumidíssimo George Cukor ("Nascida Ontem", 1950, 24º) divide o segundo posto entre os diretores com ninguém menos que Charles Chaplin e Preston Sturges, todos com quatro filmes escolhidos.

Com cinco filmes na lista, Woody Allen é, a um só tempo, o diretor mais votado e o segundo ator cômico predileto, empatando aqui com seus ídolos assumidos, os irmãos Marx. "Noivo Neurótico, Noiva Nervosa" (1977), na quarta posição , é sua comédia melhor posicionada. O título mais votado dos irmãos Marx, ocupando o quinto posto, foi "Diabo a Quatro" (1933).

Nesta e noutras fuzarcas filmadas do quarteto, Margaret Dumond (1889-1965) funcionava como escada, em geral como a dondoca a ser azucrinada. Resultado: aparecendo em quatro das comédias eleitas, três delas ao lado de Groucho e manos, Dumond acabou dividindo a liderança entre as atrizes cômicas com a incomensuravelmente superior Katherine Hepburn ("Levada da Breca", 1938, 14ª posição, "Costela de Adão", 1949, 22ª).

Estranho? Absurdo? Bem, o que dizer então de outro empate, no terceiro posto entre os cômicos, reunindo, com quatro filmes cada, Charles Chaplin, Buster Keaton, Spencer Tracy e, para orgulho dos fãs do "Saturday Night Live", Bill Murray?

Explique-se logo, sem justificar: segundo a pesquisa, os anos 80 foram a era áurea do humor no cinema americano: 22 produções do período classificaram-se, incluindo o já citado "Tootsie" e "Os Caça-Fantasmas" (28º lugar).

Com 19 filmes, a década de 30 viria logo em seguida, graças às artes de Chaplin e dos irmãos Marx. Já o período da comédia muda emplacou apenas cinco títulos na lista, sendo dois protagonizados por Carlitos ("Em Busca do Ouro", 25º, e "Luzes da Cidade", 38º) e três estrelados pelo genial Buster Keaton ("A General", 18º, "Sherlock Jr.", 62º, e "Marinheiro por Descuido", 81º).

Os dois últimos são os títulos mais antigos classificados. O mais recente é "Quem Vai Ficar com Mary?" (1998, 27º), dos irmãos Farrelly. Num alerta aos comediantes em atividade, o levantamento considerou os anos 90 o pior período de humor no cinema de todos os tempos.

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