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16/06/2000 - 04h17

Autores brasileiros e portugueses discutem intercâmbio de obras em Porto

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MÔNICA RODRIGUES DA COSTA
da Folha de S. Paulo

Será viável um encontro bienal de autores de ficção e poesia em língua portuguesa, conforme sugeriu, na reunião literária do Congresso Portugal-Brasil Ano 2000, o diplomata e escritor brasileiro João Almino? A resposta talvez seja o saldo do primeiro grande encontro de escritores brasileiros e portugueses que terminou na quarta, na cidade do Porto.

Para o escritor e crítico Silviano Santiago, os regimes militares de ambos os países prejudicaram o intercâmbio literário. "Agora, há esse empenho, e é extraordinário o retorno da discussão e a possibilidade de publicação de livros portugueses no Brasil e vice-versa. Talvez por ter sido aluno de Rodrigues Lapa, especialista na poesia medieval portuguesa, eu seja sensível à poesia, e a qualidade da poesia de Portugal merece ser conhecida no Brasil."

Outros autores entrevistados pela Folha são da mesma opinião, embora tenha havido críticas à falta do público no evento, que teve lugar na universidade e dirigia-se também aos estudantes.

A romancista portuguesa Agustina Bessa-Luís acredita que o diálogo entre as literaturas progride. "Autores de valor apareceram na África de língua portuguesa, e esses países vão ter possibilidade, como o Brasil teve e continua a ter, de descobrir a si próprios. Eles farão o mundo de que a Europa não poderá prescindir."

Para Agustina, os poetas são os condutores "desse contrato ético e estético que há entre as pessoas", e seria bom para a língua portuguesa que seus falantes tomassem conhecimento da poesia portuguesa de uma Fiama Hasse Pais Brandão ou um Eugénio de Andrade. A escritora afirma que os brasileiros são hoje "os maiores poetas do mundo, porque têm natureza, um mundo de afetos e situam-se em uma encruzilhada de emoções que são a motivação para a grande poesia, como aconteceu com Bandeira e Cabral".

Para o poeta brasileiro Ferreira Gullar, todos os escritores estariam interessados em um diálogo maior entre as literaturas de língua portuguesa. "Este encontro me faz pensar assim, dada a quantidade de gente que eu conheci e os livros que estamos trocando." Para Gullar, o conhecimento da produção literária de uma mesma língua "é fecundador, e é imprevisível o que pode ocorrer em consequência disso".

Além de vantagens mercantis, o poeta de Vila Real A. M. Pires Cabral diz que "um encontro de toda a lusofonia é altamente desejável. Quando a gente ouve ou lê poemas ou contos, naturalmente isso entra em diálogo com a nossa própria capacidade de criar".

Embora ache que os objetivos do encontro tenham sido parcialmente alcançados, a portuguesa Lídia Jorge enfatiza sua importância. "Teria sido bom se questões práticas, digamos, de circulação dos livros, de alteração de práticas culturais fossem debatidas."

Lídia diz que "existir um desconhecimento entre os que estão próximos pode nos fazer perder o que está ocorrendo no mundo, e isso cria um fosso, a contemporaneidade no espaço da língua é perdida, e ela é insubstituível".

Mônica Rodrigues da Costa esteve em Portugal a convite da organização do Congresso Portugal-Brasil Ano 2000.

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