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27/03/2001 - 15h13

Teatro Bolshoi comemora seu 225º aniversário com concerto

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da France Presse, de Moscou

O Bolshoi, um dos palcos mais famosos do mundo, comemora seu 225º aniversário amanhã com um concerto musical noturno de gala, tentando esconder durante as comemorações as grandes dificuldades financeiras que atravessa e a decadência artística depois do fim da URSS.

Concerto de estrelas, grande exposição de roupas e decoração: a nova direção fez o possível para fazer brilhar o principal teatro da Rússia e obter maior apoio financeiro para o estabelecimento.

"Nestes seis meses conseguimos progredir", afirma o diretor-adjunto do Bolshoi, Alexandre Vorochilo.

A nova direção foi nomeada pelo presidente Vladimir Putin em setembro passado para deter a decadência do teatro.

O diretor artístico, Guennadi Rojdestvenski, afirmou que o Bolshoi se encontrava em situação de emergência e teria de fazer frente à saída dos artistas, atraídos por contratos no exterior.

Rojdestvenski comparou o famoso teatro a um navio sem instrumentos de navegação, que se encontra à deriva e teve três partes destruídas.

"A direção contratou recentemente a consultoria Mckinseys para fazer uma auditoria, o que ajudou bastante o teatro a organizar o trabalho, programar o repertório, vender propriedades e encontrar patrocinadores", afirma Vorochilo.

O Bolshoi, que se tornou famoso no mundo pela pureza de suas vozes e talento de seus bailarinos, perde em prestígio hoje para qualquer grande casa de espetáculos do mundo, até para o seu rival soviético, o teatro Mariinski de San Petersburgo.

"Não me agradam essas comparações com o Mariinski. Cada teatro tem seu destino", afirma Vorochilo.

O Mariinski é atualmente mais apreciado devido ao repertório variado, critérios modernos e gestão eficaz, enquanto o Bolshoi se apresenta como guardião das tradições clássicas.

As óperas russas, como Boris Godunov ou Iván Susanin, continuam sendo interpretadas com as decorações do tempo de Stalin no Bolshoi, que acaba de "estrear" o balé "O Lago dos Cisnes" com a coreografia de Yuri rigorovich de 1969.

"Voltam a montar as velhas produções soviéticas e não têm a menor intenção de reformar a ópera nem o balé", afirma a crítica Maya Odina, do jornal "Segodnia".

Os artistas e diretores do Bolshoi acreditam que o teatro não deve trair seu repertório tradicional. "O Bolshoi é a vitrine da capital e deve apresentar grandes espetáculos clássicos", afirma a bailarina estrela Nikolai Tsiskaridze.

"As experiências devem acontecer em outros palcos e somente os melhores espetáculos devem ser montados no Bolshoi", diz.

O teatro, que ainda carrega o estigma de emblema do comunismo, sofreu poucas reformas e o edifício mostra claramente os danos causados pelo tempo. As vigas de carvalho que sustentam o prédio começam a apodrecer. A última reforma do sistema elétrico foi feita em 1935 e a maioria das estruturas metálicas data de 1870.

O teatro carece ainda de meios técnicos suficientes para realizar encenações mais complicadas e também de salas de ensaio.

Os trabalhos de restauração imprescindíveis já estão programados. O Bolshoi fechará suas portas em março de 2002 e voltará a abri-las somente em 2005, quando as obras, estimadas em US$ 400 milhões, estiverem terminadas.

Os espetáculos de ópera e balé continuarão sendo apresentados nesse período em um palco anexo ao do famoso teatro.
 

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