Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
28/03/2001 - 03h59

Começa articulação da cena alternativa nacional

Publicidade

PEDRO ALEXANDRE SANCHES, da Folha de S.Paulo

Os pequenos da indústria fonográfica nacional começam a criar uma Associação Brasileira da Música Independente, esperando que ela lhes dê suporte e força no cenário musical local.

Na semana passada, foi constituída em São Paulo uma comissão especial que tem o objetivo de instituir juridicamente a associação. O grupo de discussão, de que fizeram parte representantes de 29 gravadoras independentes, se deu o prazo de 40 dias para que a ABMI seja efetivamente fundada.

A comissão é formada por Rodolfo Stroeter (da Pau Brasil), Pena Schmidt (Tinitus), Costa Neto (Dabliú), Benjamim Taubkin (Núcleo Contemporâneo), Eduardo Muskat (MCD) e Thomas Roth (Lua Discos), todos de São Paulo.

"Estando na mesma cidade, ficam mais fáceis as primeiras reuniões", justificou Taubkin, que neste primeiro momento assume a liderança da movimentação.

Coordenador do projeto Rumos Música, do Instituto Itaú Cultural, Taubkin direcionou seu mapeamento de novos valores da MPB na seleção de artistas e selos independentes em todo o país. Em maio, uma coleção de dez CDs compilará o material selecionado.

O dono da gravadora Lua Records, Thomas Roth, cita a existência de 400 selos e 2.000 produtores independentes hoje no Brasil e explica o início dos trabalhos:

"É importante ressaltar que não somos uma diretoria. Somos uma comissão que deverá ter subsídios de outros participantes do evento no Itaú Cultural, mas que por serem de outros Estados aceitaram que a comissão fosse formada por pessoas e selos de São Paulo. Haverá uma nova rodada, com selos fundadores da ABMI, para as definições. Então, o Brasil inteiro deverá estar representado".

Taubkin fala da parceria com o Itaú e justifica o aparente paradoxo do vínculo entre um grande banco e o "levante" dos independentes: "O Instituto Itaú Cultural não é o banco. É mantido pelo banco. Tem um perfil especial, de ser voltado exclusivamente a questões culturais.
Muitas vezes prescinde até de eventos".

Pena Schmidt, produtor da grande indústria nos 70 e 80 e hoje dono da gravadora Tinitus, diz: "Ainda falta um pouco, mas parece que chegamos ao consenso sobre objetivos e formato. Agora é trabalho de formiga até que os resultados apareçam".

Um ponto de controvérsia já aparece nas discussões: se os independentes devem ou não se filiar à Associação Brasileira de Produtores de Discos (ABPD), controlada pelas grandes gravadoras multinacionais.

Diz o compositor e dono do selo Thanx God, Carlos Careqa: "Percebo que estamos nos unindo um pouco tarde, mas ainda dá para fazer muita coisa. Só não gosto da possibilidade de participar da ABPD. Acho que deveríamos criar uma "ABPDI", para termos autonomia perante o mercado".

Em outra linha, Thomas Roth diz que o discurso não é de confronto: "Todo mundo tem consciência de que gostaria de ter acesso às grandes vendagens, mas não queremos confrontar a ABPD".

Taubkin afirma não querer assumir cargo na diretoria da futura instituição: "As "majors" e as independentes têm vocações diferentes, mas isso não quer dizer que não possa haver convergência. Sinto um respeito crescente delas em relação a nós. Já nos percebem como aliados, sabem que precisam do independente porque ele é que corre o risco".
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página