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02/04/2001 - 11h41

Cantora Paula Lima quebra regras e lança "É Isso Aí"

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PEDRO ALEXANDRE SANCHES
da Folha de S.Paulo

A cantora paulistana Paula Lima quebra a regra ao lançar, aos 30 anos, seu primeiro CD solo, "É Isso Aí". Contrariando a norma da nova MPB, ela consegue lugar ao sol da black music nacional sem dispor do carimbo da gravadora Trama e sem ser filha de qualquer medalhão da velha MPB.

"Tenho, sim, pai e mãe, mas não são músicos nem artistas. Ou melhor, sou prima em segundo grau do Mário Sérgio, do Fundo de Quintal", brinca a artista, que trabalhou com Jorge Ben Jor, Unidade Móvel, Skowa, Thaíde & DJ Hum e continua a integrar a big band Funk Como le Gusta.

"Talvez a gente ganhe muito com essa onda dos filhos de artistas. A bagagem que eles trazem é única. Nunca vou saber o que é isso, vou ter outra história. Mas eles conheciam pessoas que eu desconhecia e mesmo assim tiveram dificuldades, demoraram para aparecer. Agora estão podendo entrar nesse mercado que é muito acirrado mesmo", defende-os.

É que Paula, mesmo não-filha, beneficia-se hoje, algo tardiamente, de integrar a cena em que pululam parentes jovens de Elis Regina, Jair Rodrigues, Djavan e outros. O produtor de seu CD é um dos filhos de Wilson Simonal, Max de Castro, com quem Paula convive há seis anos, desde tempos coletivos da Unidade Móvel.

"Já o paquerava, acreditava nele desde muito antes. Quando ouvi seu disco, antes de sair, imediatamente liguei para ele e disse que, se um dia pudesse fazer um CD solo, queria ele presente", lembra.

Articulada, recebe em "É Isso Aí" apoio de elenco estelar. Jorge Ben Jor (de quem já foi vocalista) lhe entregou a inédita "A Paz Dançando na Avenida", de que participa o rapper Xis. O cometa black dos 70 Don Beto (do hit "Pensando Nela") oferece a nova "Vem, Amor". O soulman Gerson King Combo canta em "É Tão Bom". Claudio Zoli, ex-Brylho (de "Noite do Prazer"), toca em "Tive Razão" e "Mangueira". Seu Jorge (ex-Farofa Carioca) canta e compõe para ela e traz o Funk'n" Lata para sua "Mangueira".

Do terreiro dos parentes, Ed Motta ajuda a compor e cantar "Perdão Talvez" e "As Famosas Gargalhadas do Yuka". Max Viana, filho de Djavan, oferece "Sai Daqui, Tristeza". William Magalhães, filho do fundador da Banda Black Rio, Oberdan Magalhães, arranja várias das faixas.

"É Isso Aí" foi gravado entre a São Paulo natal e o Rio, a cuja cena Paula já vai se integrando. "Eu virar artista carioca é inviável, pois gosto tanto daqui e da noite daqui que nem barulho e poluição me deixam tensa. Essa maldição de o artista paulista ser sempre underground está chegando ao fim", profetiza.

Diz apostar na rearticulação da cena black: "Meu trabalho é uma tentativa de retomada do funk, soul, jazz, samba, samba-rock tradicionais. A black music nacional ficou sendo escondida, mas os artistas da minha geração estão tirando esse manto de cima".

Pouco brasileira, como acusariam puristas de velha-guarda? "Meu som é brasileiro. Não sou sambista, mas cresci ouvindo samba e o que pude usar de samba no CD sem ficar chato eu usei. Esses preconceitos, tanto raciais quanto musicais, fazem parte do passado", fecha.
 

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