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03/04/2001
-
11h33
da France Presse, em Cannes
A numerosa e às vezes inquietante herança deixada pelos programas "Big Brother" e "Survivor" parece ter um futuro próspero. Isso é o que parece indicar a quantidade de novas produções similares apresentadas no 38° MipTV (Mercado Internacional de Programas de Televisão), que começa hoje e vai até a próxima sexta-feira, em Cannes.
Este tipo de produto não é novidade no mercado da televisão, mas até recentemente limitava-se a jogos como "A Roda da Fortuna" e "O Preço Certo". Sua extensão para o chamado "reality show" nos anos 90 e o sucesso obtido por programas como "Temptation Island", "Big Brother", "Survivor" e pelo brasileiro "No Limite" lhe deram um grande impulso.
"A televisão comercial contribuiu consideravelmente para a uniformização internacional dos programas", diz Dorte Wiedemann, diretora de vendas de Strix, firma sueca especializada nesse tipo de programa. "Em dez anos, nos principais países ocidentais os canais abertos, que continuam preferindo os programas nacionais, deixaram de ser interlocutores privilegiados em benefício dos canais pagos", afirmou.
Apesar de um programa de "formato nem sempre ser mais barato que um programa novo para o canal que o transmite, o sucesso internacional parece ser seu melhor cartão de apresentação", diz David Lyle, diretor da Pearson Television.
"Ninguém permanece indiferente ante um programa que já teve uma enorme audiência em uma dezena de países", afirma Dorte Widemann, cuja empresa distribui o programa "The Bar", no qual doze pessoas fazem um bar funcionar durante três mees sob a vigilânica das câmeras.
No entanto, esses programas com "personagens reais", do tipo "No Limite", que promovem o voyeurismo na tevê, estão declinando. "As pessoas estão um pouco cansadas de ver as mesmas pessoas todos os dias, na televisão ou na Internet. É divertido no início, mas acaba cansando", garante Jacob Houlind, diretor de vendas da empresa dinamarquesa MTV Internatioal.
Segundo Patty Geneste, diretora da holandesa Absolutely Independent, "a tendência é um crescimento dos programas de ficção ou de um 'reality show' mais psicológico e menos violento". A diretora sugere que sejam acrescidas explicações freudianas para o comportamento dos indivíduos que participam de programas desse tipo.
Jacob Houlind acredita que a nova orientação será um reforço do voyeurismo. "De fato, o que cansa é que esses 'reality shows' ocorrem sempre em lugares artificiais. Agora é preciso acompanhar as pessoas na casa delas", afirma.
A empresa de Houlind está preparando um programa onde os concorrentes colocarão a vida deles nas mãos dos produtores. "Iremos mais ou menos longe na provocação, de acordo com o país", admite Houlind que, ao ser indagado se não consideraria isso exatamente o conceito de "lixo na tevê", respondeu: "Eu aceito. É uma política. Ninguém resiste em ver tal programa".
Encontro de empresas de TV aponta futuro próspero para "reality shows"
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A numerosa e às vezes inquietante herança deixada pelos programas "Big Brother" e "Survivor" parece ter um futuro próspero. Isso é o que parece indicar a quantidade de novas produções similares apresentadas no 38° MipTV (Mercado Internacional de Programas de Televisão), que começa hoje e vai até a próxima sexta-feira, em Cannes.
Este tipo de produto não é novidade no mercado da televisão, mas até recentemente limitava-se a jogos como "A Roda da Fortuna" e "O Preço Certo". Sua extensão para o chamado "reality show" nos anos 90 e o sucesso obtido por programas como "Temptation Island", "Big Brother", "Survivor" e pelo brasileiro "No Limite" lhe deram um grande impulso.
"A televisão comercial contribuiu consideravelmente para a uniformização internacional dos programas", diz Dorte Wiedemann, diretora de vendas de Strix, firma sueca especializada nesse tipo de programa. "Em dez anos, nos principais países ocidentais os canais abertos, que continuam preferindo os programas nacionais, deixaram de ser interlocutores privilegiados em benefício dos canais pagos", afirmou.
Apesar de um programa de "formato nem sempre ser mais barato que um programa novo para o canal que o transmite, o sucesso internacional parece ser seu melhor cartão de apresentação", diz David Lyle, diretor da Pearson Television.
"Ninguém permanece indiferente ante um programa que já teve uma enorme audiência em uma dezena de países", afirma Dorte Widemann, cuja empresa distribui o programa "The Bar", no qual doze pessoas fazem um bar funcionar durante três mees sob a vigilânica das câmeras.
No entanto, esses programas com "personagens reais", do tipo "No Limite", que promovem o voyeurismo na tevê, estão declinando. "As pessoas estão um pouco cansadas de ver as mesmas pessoas todos os dias, na televisão ou na Internet. É divertido no início, mas acaba cansando", garante Jacob Houlind, diretor de vendas da empresa dinamarquesa MTV Internatioal.
Segundo Patty Geneste, diretora da holandesa Absolutely Independent, "a tendência é um crescimento dos programas de ficção ou de um 'reality show' mais psicológico e menos violento". A diretora sugere que sejam acrescidas explicações freudianas para o comportamento dos indivíduos que participam de programas desse tipo.
Jacob Houlind acredita que a nova orientação será um reforço do voyeurismo. "De fato, o que cansa é que esses 'reality shows' ocorrem sempre em lugares artificiais. Agora é preciso acompanhar as pessoas na casa delas", afirma.
A empresa de Houlind está preparando um programa onde os concorrentes colocarão a vida deles nas mãos dos produtores. "Iremos mais ou menos longe na provocação, de acordo com o país", admite Houlind que, ao ser indagado se não consideraria isso exatamente o conceito de "lixo na tevê", respondeu: "Eu aceito. É uma política. Ninguém resiste em ver tal programa".
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