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05/04/2001
-
04h35
da Folha de S.Paulo
O rosto do general Onganía, líder do golpe militar de 1966 na Argentina, é a primeira imagem televisiva na memória do cineasta Andrés Di Tella, 42, autor do documentário "A Televisão e Eu", que participa da competição internacional do festival É Tudo Verdade. O filme será exibido no próximo sábado, às 19h, no MIS.
Nos sete anos seguintes ao golpe, Di Tella viveu entre os Estados Unidos e a Inglaterra, acompanhando o exílio de seu pai, intelectual e professor da Universidade de Buenos Aires, então sob intervenção militar.
Uma falta -a desse repertório televisivo, que pertence à "memória coletiva e ajuda a construir uma identidade nacional e geracional"- foi o ponto de partida de Di Tella para fazer uma exegese da instalação da TV na Argentina, de um ponto de vista particular.
"Com o risco de parecer grandiloquente, eu diria que a experiência pessoal é uma das poucas coisas que conservam certa credibilidade frente ao ceticismo que provocam os discursos ideologizados, a suposta representatividade de outros, os "que não têm voz", por exemplo, ou as denúncias inconsequentes", diz o cineasta.
Na investigação dos primórdios na TV em seu país, "A Televisão e Eu" esbarra em perguntas sobre a glória e a decadência de seu pioneiro, Jaime Yankelevich, que estão há décadas no ar. "Ele era o amante de Evita? O ministro da propaganda secreto de Peron? Ou alvo de uma perseguição por sua origem judia?", aponta Di Tella.
Amigo do neto de Yankelevich, Di Tella entrelaçou a história de seu próprio avô, que ergueu um império industrial na Argentina, com a do empreendedor das comunicações. E novamente deu um tratamento de memória afetiva a um sentimento de perda que, diz, é extensivo à nação.
"Por meio dessa história individual, meu objetivo é abrir uma pequena janela particular para revelar como um projeto nacional de desenvolvimento torna-se irrealizado", diz.
Brasileiros
A televisão é assunto também de dois documentários brasileiros na programação do É Tudo Verdade. "Quem Faz, Quem Vê -°TV", de Bebeto Abrantes, integra a mostra não-competitiva "O Estado das Coisas" e será exibido hoje, no MIS (veja programação completa nesta página). "A Negação do Brasil - O Negro na Telenovela Brasileira", de Joel Zito Araújo, exibido ontem em São Paulo, faz parte da competição brasileira.
(SA)
Cineasta enlaça memória e história da TV
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O rosto do general Onganía, líder do golpe militar de 1966 na Argentina, é a primeira imagem televisiva na memória do cineasta Andrés Di Tella, 42, autor do documentário "A Televisão e Eu", que participa da competição internacional do festival É Tudo Verdade. O filme será exibido no próximo sábado, às 19h, no MIS.
Nos sete anos seguintes ao golpe, Di Tella viveu entre os Estados Unidos e a Inglaterra, acompanhando o exílio de seu pai, intelectual e professor da Universidade de Buenos Aires, então sob intervenção militar.
Uma falta -a desse repertório televisivo, que pertence à "memória coletiva e ajuda a construir uma identidade nacional e geracional"- foi o ponto de partida de Di Tella para fazer uma exegese da instalação da TV na Argentina, de um ponto de vista particular.
"Com o risco de parecer grandiloquente, eu diria que a experiência pessoal é uma das poucas coisas que conservam certa credibilidade frente ao ceticismo que provocam os discursos ideologizados, a suposta representatividade de outros, os "que não têm voz", por exemplo, ou as denúncias inconsequentes", diz o cineasta.
Na investigação dos primórdios na TV em seu país, "A Televisão e Eu" esbarra em perguntas sobre a glória e a decadência de seu pioneiro, Jaime Yankelevich, que estão há décadas no ar. "Ele era o amante de Evita? O ministro da propaganda secreto de Peron? Ou alvo de uma perseguição por sua origem judia?", aponta Di Tella.
Amigo do neto de Yankelevich, Di Tella entrelaçou a história de seu próprio avô, que ergueu um império industrial na Argentina, com a do empreendedor das comunicações. E novamente deu um tratamento de memória afetiva a um sentimento de perda que, diz, é extensivo à nação.
"Por meio dessa história individual, meu objetivo é abrir uma pequena janela particular para revelar como um projeto nacional de desenvolvimento torna-se irrealizado", diz.
Brasileiros
A televisão é assunto também de dois documentários brasileiros na programação do É Tudo Verdade. "Quem Faz, Quem Vê -°TV", de Bebeto Abrantes, integra a mostra não-competitiva "O Estado das Coisas" e será exibido hoje, no MIS (veja programação completa nesta página). "A Negação do Brasil - O Negro na Telenovela Brasileira", de Joel Zito Araújo, exibido ontem em São Paulo, faz parte da competição brasileira.
(SA)
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