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09/04/2001 - 11h36

Programa prevê mudanças em teatros de São Paulo

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IRINEU FRANCO PERPETUO, especial para a Folha

Ceder a direção artística dos teatros da prefeitura para grupos profissionais, desenvolver atividades pedagógicas que culminem na criação da Escola Municipal de Teatro (existente em lei, mas não na prática) e realizar programas de formação de público, de discussão do fazer teatral e de disseminação do teatro na periferia: essas são as bases do programa de R$ 2,5 milhões que Celso Frateschi, ator, diretor e professor da Escola de Artes Dramáticas da USP e da PUC-SP, pretende começar a implementar em São Paulo em agosto.

Frateschi, que já foi secretário de Cultura (97-98) e Educação (89-92) de Santo André, foi nomeado em 14 de março diretor do Departamento de Teatro da Secretaria Municipal de Cultura de São Paulo.

A queda do "s" no nome do departamento significa que ele se desvincula tanto do Teatro Municipal quanto das escolas municipais de música e balé. Além da Escola Municipal de Iniciação Artística (que deve passar, no ano que vem, para um novo departamento, o de Ação Cultural, que abrigará também as casas de cultura), o departamento, na nova estrutura que ainda está sendo montada, concentra-se em sete casas de espetáculo na cidade; os teatros Alfredo Mesquita (Santana), Arthur Azevedo (Móoca), Cacilda Becker (Lapa), Flávio Império (Cangaíba), João Caetano (Vila Mariana), Martins Penna (Penha) e Paulo Eiró (Santo Amaro).

O ator diz querer parar com a "política de balcão", de mera locação de equipamentos culturais para produtores privados, e agir de maneira mais contundente na vida cultural da cidade. "Até agora, o Departamento de Teatros cumpria uma função de agendamentos e fazia um ou outro programa, bastante tímido."

Para Frateschi, os sete teatros estão com o uso "muito descaracterizado". "Eram utilizados para formaturas, por pessoal que tem peso político no bairro etc", afirma. Para redefinir o uso dos teatros, o ator pretende ceder a direção artística de cada um, por meio de um edital "rigoroso e transparente", para grupos profissionais de teatro, escolhidos por uma comissão com a participação de entidades profissionais, do poder público municipal e de uma curadoria artística constituída por "notáveis" do meio teatral.

Além da montagem de espetáculos, os grupos devem propor uma pauta para oficinas, debates, palestras, cursos. "Não é privatização", diz. "Os grupos não têm carta branca. Eles só propõem as pautas, mas quem define é a secretaria. Os teatros terão de conviver, às terças e quartas-feiras, com a programação fixa de dança e música da secretaria."

Também não deve sair dinheiro do tesouro municipal. "A prefeitura não tem interesse em bancar produções." Espera-se que o financiamento venha da iniciativa privada, em sistema de adoção. "Algumas firmas têm mostrado interesse em adotar a manutenção e a programação dos teatros."

Frateschi prefere o termo "vocacional" a "amador". "O teatro amador, hoje em dia, tem quase como meta um estágio pura e simplesmente para o teatro profissional. Nossa idéia não é essa", diz. "Nossa idéia é desenvolver a qualidade intrínseca do teatro vocacional."

As atividades de "teatro vocacional" serão realizadas em bibliotecas públicas, infanto-juvenis e casas de cultura. "Aqui nós vamos colocar um artista-educador que vai funcionar como um agente cultural", afirma o ator. "Junto com o chefe da instituição, ele vai programar esse espaço com atividades culturais e, ao mesmo tempo, será responsável pela constituição de um grupo vocacional."

Frateschi também quer tirar do papel a Escola Municipal de Teatro, transformada em uma Escola de Teatro Vocacional. "Não sei se conseguiremos este ano, porque é um processo complicado", diz.

Formação de público

Os projetos especiais envolvem um programa de formação de público, uma atividade de incremento da construção do pensamento teatral e a incorporação de propostas da sociedade civil.

O programa de formação de público será feito em parceria com a Apetesp e a Cooperativa Paulista de Teatro. "Nós vamos pedir para uma curadoria de notáveis definir uma lista de peças brasileiras do século 19 ao teatro contemporâneo, bem como uma série de diretores com características para desenvolver um projeto de formação de público", afirma. Serão escolhidos quatro diretores para montarem quatro títulos, em espetáculos que serão visitados por escolas e terão a assistência de monitores.

As montagens, contudo, não devem ser bancadas pela secretaria. "Não temos dinheiro para nada", diz Celso Frateschi, que espera que os espetáculos possam ser financiados por patrocinadores privados.

O pensamento teatral brasileiro será discutido em "O Teatro e a Cidade", que consiste em um curso, um seminário e um fórum debatendo políticas públicas para a área cultural. E Frateschi pretende, ainda, aproveitar projetos vindos da sociedade civil. É o caso de um plano de levar o teatro para regiões da periferia desprovidas de equipamentos culturais da prefeitura, utilizando 15 caminhões-palco.
 

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