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10/04/2001 - 05h34

Cinema: Documentário e ficção se encontram no RS

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JOSÉ GERALDO COUTO, da Folha de S.Paulo

A Lagoa dos Patos, um dos maiores e menos conhecidos patrimônios naturais do país, é o tema de um longa-metragem "sui generis".

"Mar Doce - Expedição da Lagoa dos Patos", que o cineasta Werner
Schunemann, 41, acaba de rodar, é uma mistura de documentário ecológico e filme de aventuras.

Todo o filme foi concebido e realizado em torno dessa dualidade. "Trabalhamos com duas equipes: uma filmava a lagoa e a outra filmava o trabalho da primeira", diz Schunemann, que antes havia realizado os longas "Me Beija" (1983) e "O Mentiroso" (1987), ambos de ficção.

A ficção também está presente no "making of" embutido em "Mar Doce". "Quase todas as situações de bastidores fui eu que provoquei, mas com base em coisas que aconteciam de fato nas filmagens", diz o diretor.

Desse jogo duplo participa o ator Carlos Alberto Riccelli, que serve como condutor do filme, entrevistando especialistas, barqueiros, moradores e também os membros da própria equipe. Esse foi o modo que Schunemann encontrou de driblar o "risco de cair na reportagem, que não é cinematográfica, não chega à alma".

Ao ser convidado pela produtora gaúcha Novo 7 para fazer um filme sobre a Lagoa dos Patos, o cineasta mergulhou no assunto.

Teve aulas, leu teses. Mas, ao viajar pela lagoa, ficou tão impressionado com a sua "beleza terrível" que decidiu não fazer um documentário convencional.

"Achei que a melhor maneira de retratar a lagoa seria mostrar a aventura que é viajar por ela, assim como a melhor maneira de retratar o Pólo Norte é mostrar a dificuldade de chegar lá".

Localizada no Rio Grande do Sul, a Lagoa dos Patos, para quem não lembra, é a maior concentração de água doce da América Latina, com 330 km de comprimento e até 70 km de largura. "Acho que ela é visível até da Lua", exagera Schunemann.

Os 70 dias de filmagem foram divididos em duas etapas bem distintas (e distantes). A primeira parte foi rodada em março de 1999: só paisagens, sem depoimentos e sem Riccelli. A segunda foi filmada entre 2 de fevereiro e 13 de março passados.

Entre outras extravagâncias, Schunemann resolveu reconstituir dramaticamente um naufrágio real que havia ocorrido na primeira fase das filmagens e que não tinha sido documentado porque a equipe estava ocupada demais tentando sobreviver.

"Corríamos um risco controlado. Eu tinha medo que me baixasse o Werner Herzog", brinca o diretor, referindo-se a seu alucinado xará alemão, diretor de "Aguirre" e "Fitzcarraldo".

Assim, foram filmados encalhes, tempestades, brigas no interior da equipe.

"Transportei a estrutura dramática para o documentário", diz Schunemann,
que é mais conhecido pelo público como ator (estrelou recentemente "Tolerância", de Carlos Gerbase, e o inédito "Neto Perde Sua Alma", de Tabajara Ruas).

"Minha idéia é que "Mar Doce" seja interessante no plano da aventura. A certa altura, a coisa passa a ser sobreviver ao filme".

O cineasta tem agora em mãos 12 horas de filme. Com a ajuda do tarimbado montador Giba Assis Brasil, ele pretende transformá-las num longa de 70 minutos.

Dois canais de TV a cabo já mostraram interesse por "Mar Doce", mas a prioridade de Schunemann é exibi-lo na tela grande dos cinemas.
 

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