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11/04/2001
-
04h34
JOSÉ GERALDO COUTO, da Folha e S.Paulo
Sexo e violência marcam os quatro filmes do programa "Curta Proibido para Menores", que o Espaço Unibanco de Cinema exibe até 26 de abril, com entrada franca, dentro do projeto Curta Petrobras às Seis.
À parte essa proximidade temática, os quatro curtas não poderiam ser mais diferentes entre si.
"Sargento Garcia", de Tutti Gregianin, é um drama sobre um rito de passagem (em mais de um sentido).
No Rio Grande do Sul, nos anos 60, um rapaz de 17 anos (Gedson Castrol) apresenta-se ao serviço militar e é surpreendido pelo modo como o sargento responsável pelo alistamento (Marcos Breda) o interpela.
Baseado em conto de Caio Fernando Abreu, é um delicado estudo da formação da identidade sexual. Só perde um pouco a mão na caracterização de um travesti demasiado caricato. Mas tem uma das melhores frases finais dos últimos tempos: "Amanhã sem falta eu começo a fumar".
Os outros três curtas, cada um a seu modo, deixam de lado toda delicadeza. O desenho animado "Almas em Chamas", de Arnaldo Galvão, conta a história de uma ninfomaníaca que se torna incendiária por amor a um bombeiro.
Tem um traço expressivo, um cromatismo intenso e eficaz, e a feliz idéia de usar fotos colorizadas para compor os ambientes, principalmente os planos gerais da cidade de São Paulo.
Tudo isso a serviço de um besteirol absolutamente colegial, com as piadas mais óbvias e uma figuração do sexo extraída dos quadrinhos pornográficos de Carlos Zéfiro. Diverte e passa.
"Os Filhos de Nelson", de Marcelo Santiago, é um drama de incesto declaradamente inspirado no universo de perversão doméstica de Nelson Rodrigues.
Com produção caprichada (no limite do publicitário) e atores globais (Eduardo Moscovis, Camilla Amado), apropria-se dos clichês e cacoetes do dramaturgo, sem contudo captar-lhe a poesia.
Por fim, "Tropel", de Eduardo Nunes, coloca em cena um açougueiro solitário (Duda Mamberti) que entra em parafuso quando recebe o anúncio de casamento de uma ninfeta do bairro (Ana Carolina Dias), sua paixão oculta.
Há uma ênfase no trinômio carne-sangue-sexo que beira a grosseria e a redundância -algo que é parcialmente compensado pelo desfecho ambíguo.
Eduardo Nunes, que já havia feito o elogiado "Terral", mostra mais uma vez um talento que se esgota em si mesmo. Filma bem e sabe criar atmosferas, mas deixa a pretensão pesar demais sobre o conjunto.
Curta Petrobras às Seis: Proibido para Menores
Curtas:> Sargento Garcia, Os Filhos de Nelson, Almas em Chamas, Tropel
Onde: no Unibanco, às 18h, entrada franca
Curtas "adultos" abordam sexo e violência
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JOSÉ GERALDO COUTO, da Folha e S.Paulo
Sexo e violência marcam os quatro filmes do programa "Curta Proibido para Menores", que o Espaço Unibanco de Cinema exibe até 26 de abril, com entrada franca, dentro do projeto Curta Petrobras às Seis.
À parte essa proximidade temática, os quatro curtas não poderiam ser mais diferentes entre si.
"Sargento Garcia", de Tutti Gregianin, é um drama sobre um rito de passagem (em mais de um sentido).
No Rio Grande do Sul, nos anos 60, um rapaz de 17 anos (Gedson Castrol) apresenta-se ao serviço militar e é surpreendido pelo modo como o sargento responsável pelo alistamento (Marcos Breda) o interpela.
Baseado em conto de Caio Fernando Abreu, é um delicado estudo da formação da identidade sexual. Só perde um pouco a mão na caracterização de um travesti demasiado caricato. Mas tem uma das melhores frases finais dos últimos tempos: "Amanhã sem falta eu começo a fumar".
Os outros três curtas, cada um a seu modo, deixam de lado toda delicadeza. O desenho animado "Almas em Chamas", de Arnaldo Galvão, conta a história de uma ninfomaníaca que se torna incendiária por amor a um bombeiro.
Tem um traço expressivo, um cromatismo intenso e eficaz, e a feliz idéia de usar fotos colorizadas para compor os ambientes, principalmente os planos gerais da cidade de São Paulo.
Tudo isso a serviço de um besteirol absolutamente colegial, com as piadas mais óbvias e uma figuração do sexo extraída dos quadrinhos pornográficos de Carlos Zéfiro. Diverte e passa.
"Os Filhos de Nelson", de Marcelo Santiago, é um drama de incesto declaradamente inspirado no universo de perversão doméstica de Nelson Rodrigues.
Com produção caprichada (no limite do publicitário) e atores globais (Eduardo Moscovis, Camilla Amado), apropria-se dos clichês e cacoetes do dramaturgo, sem contudo captar-lhe a poesia.
Por fim, "Tropel", de Eduardo Nunes, coloca em cena um açougueiro solitário (Duda Mamberti) que entra em parafuso quando recebe o anúncio de casamento de uma ninfeta do bairro (Ana Carolina Dias), sua paixão oculta.
Há uma ênfase no trinômio carne-sangue-sexo que beira a grosseria e a redundância -algo que é parcialmente compensado pelo desfecho ambíguo.
Eduardo Nunes, que já havia feito o elogiado "Terral", mostra mais uma vez um talento que se esgota em si mesmo. Filma bem e sabe criar atmosferas, mas deixa a pretensão pesar demais sobre o conjunto.
Curta Petrobras às Seis: Proibido para Menores
Curtas:> Sargento Garcia, Os Filhos de Nelson, Almas em Chamas, Tropel
Onde: no Unibanco, às 18h, entrada franca
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