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24/04/2001 - 04h23

Abril pro Rock acaba histórico em Recife

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LÚCIO RIBEIRO, da Folha de S.Paulo

Entre vencedores e derrotados do festival independente Abril pro Rock, realizado sexta, sábado e domingo últimos na capital pernambucana, Recife, o rock foi vitorioso.

Tombaram os organizadores do festival, que deram conta tardiamente que aquele eventozinho indie de outrora chegou mega à sua nona edição e já é um dos principais eventos de música jovem do país. Joey Ramone foi o "convidado divino" do festival e fez aparições constantes no sábado, a noite punk.

E "quase lá" estava Arnaldo Baptista, o fundador do lendário grupo Mutantes, que apareceu no Abril pro Rock como convidado especial e fala em lançar um disco de sua nova banda (ele sozinho) até o final do ano.

Feridos ficaram fãs e policiais na sexta-feira, em tumulto diante da pequena porta de entrada do Centro de Convenções do Recife, que não dava fluxo à parte do inesperado público de 13 mil pessoas na sexta-feira, recorde da história do festival.

O Abril pro Rock contou com grandes shows, público dos mais entusiasmados (26 mil pessoas no total dos três dias), dificuldade para comprar bebida para amenizar o calor infernal e uma mescla feliz de atrações internacionais, "heróis nacionais" e algumas interessantíssimas bandas novas.

A multidão da noite de abertura, a de sexta, se acotovelou para ver os bons shows dos conterrâneos do Nação Zumbi e dos cariocas O Rappa, que fizeram excelente comunhão com o público durante todo o momento em que estiveram no palco.

O Rappa trouxe ao palco principal, em cadeira de rodas, o baterista Marcelo Yuka, afastado do grupo desde o ano passado, quando foi baleado no Rio de Janeiro. Yuka empunhou o microfone para pedir atitude política aos jovens. "Antes que todos passem por uma experiência igual à minha, vamos nos comportar decentemente e tirar esses filhos da puta de lá", disse Yuka, se referindo aos escândalos do Senado.

A noite, que teve no palco secundário a boa performance do Bonsucesso Samba Clube, trip hop "made in" Olinda, iria acabar muito bem, com as apresentações madrugadoras dos anglo-hindu Asian Dub Foundation, que tocaram para metade do público total, e do DJ anglo-brasileiro Amon Tobin, que praticamente não tocou para ninguém, quando passava das 4 da manhã.

Em turnê brasileira, o ADF apresentou dois vocalistas novos e, com 15 canções de rap-dub-punk-eletrônico, transformou Recife em uma Calcutá dançante.

A segunda noite do festival teve um convidado especial: Joey Ramone. Pelo menos em espírito. Todas as bandas da noite, do metal da banda carioca Infierno ao hardcore teen do megagrupo Raimundos prestaram emocionados tributos ao ex-Ramones, morto havia menos de uma semana.

Barulho ensurdecedor foi o que definiu o sábado. O palco principal produziu quatro horas de punk, cada um ao seu estilo.

A veterana banda de três acordes básicos, a americana The Queers, foi um Ramones em si. O "em forma" João Gordo esparramou invejável energia com o sempre vigoroso show da "internacional" Ratos de Porão. Os Raimundos, depois de tascar as ramonianas "Blitzkrieg Bop" e "Surfin" Bird", fizeram um poderoso show digno de aproximar a garotada da MTV muito mais de Nirvana que de N'Sync.

O encerramento, anteontem, contou com o menor público (5.000) e assumiu um caráter de prazerosa noite intimista. Ótima para a extravagante performance do grupo gay pernambucano Textículos de Mary, banda de travestis voluntários que se apresenta de calcinha e tubinho. Ótima ainda para o sacolejante Brasov, grupo carioca que instaurou a salsa-pop e botou muita gente para dançar no festival. E ótima noite intimista ainda para o sensacional show de boteco da Jon Spencer Blues Explosion, banda que moeu rock e blues em duas guitarras e deu ao público em forma de apresentação de cair o queixo.

Bem depois, Lobão deu a Recife um honestíssimo show de rock'n'roll e Arnaldo Baptista. É hora de botar os olhos na mini-edição paulistana do Abril pro Rock, que acontecerá no próximo fim de semana nas dependências do Sesc Pompéia.
 

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