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26/04/2001 - 05h31

Manaus vê "Bohème" enérgica, mas não convence

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IRINEU FRANCO PERPETUO, da Folha de S.Paulo

Clara, precisa , enérgica e refinada: a regência do suíço Karl Martin foi a principal qualidade de "La Bohème", primeira montagem do 5º Festival Amazonas de Ópera, em Manaus.

Com elenco, orquestra e regente diferentes, a encenação levada ao teatro Amazonas, anteontem, foi a mesma que, com direção cênica de Jorge Takla, subiu ao palco do teatro Alfa, em São Paulo, em 98.

Não tendo chegado plenamente a convencer há três anos, a visão "moderna" de Takla da "Bohème", em Manaus, manteve, no aspecto cênico, os defeitos e qualidades da montagem paulistana, sendo seu maior problema o excesso de gente espremida no palco em um caótico segundo ato.

Na parte musical, a encenação manauara teve como principal qualidade a batuta de Martin. Mostrando-se familiarizado com a escrita pucciniana e sem jamais buscar soluções de mau gosto, o regente foi um mestre ao encontrar novas cores e efeitos na obra, imprimindo à leitura um ritmo ágil e flexível, graças à mais adequada e lépida escolha de tempos.

Historicamente, a Amazonas Filarmônica é uma orquestra boa, mas com significativo desnível entre as belas cordas e os naipes de sopros. Nas mãos de Martin, as desigualdades como que desapareceram, e a orquestra soou homogênea, com um belo som.

Pena o elenco, jovem e cenicamente crível, não ter tido um par de protagonistas à altura da qualidade musical da filarmônica. Edna d'Oliveira foi o destaque da noite, como uma Musetta cenicamente histriônica e vocalmente sólida; boas presenças ainda do amadurecido Marcello de Paulo Szot e para o convincente Colline de Pepes do Valle.

Só que não dá para ter uma boa "Bohème" sem atuações convincentes do casal romântico formado por Rodolpho e Mimi. E foi nesses itens que a montagem de Manaus fracassou.

Do tenor carioca Marcos Paulo ainda pode-se dizer que, apesar de soar vocalmente imaturo e parecer sempre cantar no fio da navalha, pelo menos atirou-se a seu papel com vigor -não é impossível que cresça nas outras récitas.

Mas da soprano Lúcia Bianchini, infelizmente, não parece ser legítimo esperar nada. Excesso de vibrato, volume exíguo, timbre opaco, presença cênica anódina: nada, nesta voz, parecia dar esperanças de uma atuação melhor. Daí, não tem jeito: por melhor que seja a regência de uma "Bohème", o nível geral do espetáculo, com uma Mimi tão pouco convincente, acaba mesmo caindo.
 

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