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01/05/2001
-
08h26
JOSÉ GERALDO COUTO
da Folha de S.Paulo
A estréia de Jorge Furtado no longa-metragem, aguardada com ansiedade desde que ele realizou o curta mais premiado do país, "Ilha das Flores", em 1989, está acontecendo discretamente em locações modestas de Porto Alegre e do litoral gaúcho.
Trata-se da comédia "Houve uma Vez Dois Verões", que Furtado está rodando em vídeo digital, com elenco desconhecido e R$ 780 mil -metade do custo médio de um filme nacional.
"É um filme sobre a passagem da adolescência à idade adulta", define Furtado, 41. Seus protagonistas são dois rapazes de 17 anos, Chico (André Arteche) e Juca (Pedro Furtado, filho do diretor), às voltas com seus primeiros romances durante as férias na praia.
Num desses verões, Chico se apaixona por uma garota (Ana Maria Mainieri, de "Tolerância") que desaparece de repente e o deixa obcecado. De volta a Porto Alegre, ele tenta em vão encontrá-la na cidade.
Um dia ela reaparece, grávida, dizendo que o filho é de Chico. A situação só vai se resolver no verão seguinte -daí o título, que brinca também com "Houve uma Vez um Verão" (Robert Mulligan, 1971), pequeno clássico americano sobre a iniciação amorosa de um adolescente.
Quem esperar um típico filme de praia vai se surpreender.
"Primeiro, porque eles vão para a praia em março, já fora de temporada, pois é mais barato", diz Furtado. "Depois, porque praia gaúcha é muito feia, reta, com aquela arquitetura pobre de cidade do interior, misturada com arquitetura americana."
A oportunidade de filmar em planos bem abertos esse litoral peculiar foi um dos motivos inspiradores do projeto. "São lugares bonitos pelo insólito, pela aridez. Fora de temporada, parecem cidades fantasmas."
O cineasta filmou duas semanas em locais de veraneio, como Cidreira e Tramandaí, e agora roda as últimas cenas em Porto Alegre.
Novo projeto
Furtado pretende ter o filme pronto em outubro, quando começa a rodar seu segundo longa, "O Homem que Copiava", um projeto mais antigo e ambicioso.
"Por ser um filme mais caro (R$ 2,8 milhões), "O Homem que Copiava" teve uma captação lenta de recursos, e eu queria filmar logo, por isso passei na frente o "Dois Verões", que ganhou o concurso do Ministério da Cultura para filmes de baixo orçamento", afirma o cineasta.
"O Homem que Copiava" contará a história de um rapaz que trabalha numa firma de fotocópias e que lê rapidamente tudo o que lhe dão para xerocar. "É um sujeito que sabe um pouquinho sobre uma quantidade enorme de assuntos", resume o diretor.
Segundo Furtado, não será uma comédia. "Quando imagino o filme, ele é a coisa mais parecida com "Ilha das Flores" que já fiz, em termos de fragmentação de linguagem. É também um filme melancólico, quase trágico", comenta o diretor.
Co-produzido pela Columbia com a produtora gaúcha Casa de Cinema, "O Homem que Copiava" será rodado em Porto Alegre e terá no elenco Pedro Cardoso, Leandra Leal e Luana Piovani.
Por enquanto, o cineasta aquece os músculos com "Houve uma Vez Dois Verões", uma produção em grande parte familiar. Além do filho Pedro, 16, que estréia como ator, a mulher do diretor, Nora Goulart, é a produtora executiva, e a sobrinha, Betânia Furtado, assistente de produção. Até a filhinha de seis meses do casal, Alice, faz uma ponta.
Furtado não demonstra muita ansiedade com a estréia em longa-metragem. "Sinto que, se tivesse feito um longa logo depois do "Ilha", como queriam, eu não teria sido capaz. Aprendi muita coisa fazendo televisão nos últimos 12 anos, em termos de encenação e narração", diz o cineasta, que é roteirista e diretor no núcleo de Guel Arraes, na Globo.
"Na verdade, considero que meu primeiro longa foi o episódio "Anchietanos", que escrevi e dirigi para a "Comédia da Vida Privada". Depois disso ainda teve a minissérie "Luna Caliente", que soma 2h40 e foi rodada em 35 mm, como um filme."
Diretor de "Ilha das Flores" produz comédia
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da Folha de S.Paulo
A estréia de Jorge Furtado no longa-metragem, aguardada com ansiedade desde que ele realizou o curta mais premiado do país, "Ilha das Flores", em 1989, está acontecendo discretamente em locações modestas de Porto Alegre e do litoral gaúcho.
Trata-se da comédia "Houve uma Vez Dois Verões", que Furtado está rodando em vídeo digital, com elenco desconhecido e R$ 780 mil -metade do custo médio de um filme nacional.
"É um filme sobre a passagem da adolescência à idade adulta", define Furtado, 41. Seus protagonistas são dois rapazes de 17 anos, Chico (André Arteche) e Juca (Pedro Furtado, filho do diretor), às voltas com seus primeiros romances durante as férias na praia.
Num desses verões, Chico se apaixona por uma garota (Ana Maria Mainieri, de "Tolerância") que desaparece de repente e o deixa obcecado. De volta a Porto Alegre, ele tenta em vão encontrá-la na cidade.
Um dia ela reaparece, grávida, dizendo que o filho é de Chico. A situação só vai se resolver no verão seguinte -daí o título, que brinca também com "Houve uma Vez um Verão" (Robert Mulligan, 1971), pequeno clássico americano sobre a iniciação amorosa de um adolescente.
Quem esperar um típico filme de praia vai se surpreender.
"Primeiro, porque eles vão para a praia em março, já fora de temporada, pois é mais barato", diz Furtado. "Depois, porque praia gaúcha é muito feia, reta, com aquela arquitetura pobre de cidade do interior, misturada com arquitetura americana."
A oportunidade de filmar em planos bem abertos esse litoral peculiar foi um dos motivos inspiradores do projeto. "São lugares bonitos pelo insólito, pela aridez. Fora de temporada, parecem cidades fantasmas."
O cineasta filmou duas semanas em locais de veraneio, como Cidreira e Tramandaí, e agora roda as últimas cenas em Porto Alegre.
Novo projeto
Furtado pretende ter o filme pronto em outubro, quando começa a rodar seu segundo longa, "O Homem que Copiava", um projeto mais antigo e ambicioso.
"Por ser um filme mais caro (R$ 2,8 milhões), "O Homem que Copiava" teve uma captação lenta de recursos, e eu queria filmar logo, por isso passei na frente o "Dois Verões", que ganhou o concurso do Ministério da Cultura para filmes de baixo orçamento", afirma o cineasta.
"O Homem que Copiava" contará a história de um rapaz que trabalha numa firma de fotocópias e que lê rapidamente tudo o que lhe dão para xerocar. "É um sujeito que sabe um pouquinho sobre uma quantidade enorme de assuntos", resume o diretor.
Segundo Furtado, não será uma comédia. "Quando imagino o filme, ele é a coisa mais parecida com "Ilha das Flores" que já fiz, em termos de fragmentação de linguagem. É também um filme melancólico, quase trágico", comenta o diretor.
Co-produzido pela Columbia com a produtora gaúcha Casa de Cinema, "O Homem que Copiava" será rodado em Porto Alegre e terá no elenco Pedro Cardoso, Leandra Leal e Luana Piovani.
Por enquanto, o cineasta aquece os músculos com "Houve uma Vez Dois Verões", uma produção em grande parte familiar. Além do filho Pedro, 16, que estréia como ator, a mulher do diretor, Nora Goulart, é a produtora executiva, e a sobrinha, Betânia Furtado, assistente de produção. Até a filhinha de seis meses do casal, Alice, faz uma ponta.
Furtado não demonstra muita ansiedade com a estréia em longa-metragem. "Sinto que, se tivesse feito um longa logo depois do "Ilha", como queriam, eu não teria sido capaz. Aprendi muita coisa fazendo televisão nos últimos 12 anos, em termos de encenação e narração", diz o cineasta, que é roteirista e diretor no núcleo de Guel Arraes, na Globo.
"Na verdade, considero que meu primeiro longa foi o episódio "Anchietanos", que escrevi e dirigi para a "Comédia da Vida Privada". Depois disso ainda teve a minissérie "Luna Caliente", que soma 2h40 e foi rodada em 35 mm, como um filme."
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