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04/05/2001 - 04h28

Teatro: "Lisbela" é primeiro solo de Guel Arraes

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VALMIR SANTOS
da Folha de S.Paulo

"Lisbela & o Prisioneiro" é peça de Osman Lins que virou trama de TV que virou espetáculo, esses sob assinatura de Guel Arraes. Não é à toa que o diretor de programas cômicos para a TV usa com frequência o verbo "fabricar" como metáfora de "criar". Ele opera em várias frentes, como fez o autor em questão.

O pernambucano Osman Lins (1924-78) cursou dramaturgia, flertou com a televisão, mas despendeu mais talento para romances como "Avalovara" (1973).

Conterrâneo, Arraes, 47, também vive em concubinato com áreas distintas, como televisão, cinema e teatro. Travou contato com os palcos pela primeira vez em 1997, co-dirigindo a comédia de costumes "O Burguês Ridículo", de Molière, com o também pernambucano João Falcão ("A Máquina", "Cambaio").

Ao defender sua primeira encenação solo, Arraes parece ter encontrado o lugar do teatro na carreira, ele que há pouco levou 2,1 milhões de brasileiros ao cinema, para ver "Auto da Compadecida", de Ariano Suassuna, e tem a televisão na veia há duas décadas.

"No teatro, como tudo na vida, quando você encontra uma solução sobre a cena de uma batalha, por exemplo. Esta será melhor que uma batalha original ou criada pelo cinema", diz o diretor.

"Lisbela & o Prisioneiro" não tem batalha, mas Arraes cita como exemplo a passagem em que a protagonista, vestida de noiva, visita seu amado no xadrez.

O diretor encasquetou com a cena, não poderia recorrer ao clichê hollywoodiano das grades em espetáculo não-realista. Solução: induziu um a pensar no outro, até evoluírem para a contracena. "No teatro, você não precisa explicitar", diz.

Mas a TV o impregna. O embrião da montagem está num dos programas que a "TV Pirata" levou ao ar em 1993, adaptação do texto de Lins por Arraes, Pedro Cardoso e Jorge Furtado, trinca que também se repete agora.

"A gente meteu bastante a mão (no texto), meio que sem a vergonha de criar uma ou duas viradas dramatúrgicas e dinamizar o original", afirma Arraes.

Tempo e espaço foram mantidos. A história se passa em Vitória de Santo Antão, cidade natal do autor. Mocinha recatada, Lisbela (Virgínia Cavendish, mulher de Arraes) é apaixonada por filmes românticos em preto-e-branco.

Ela começa a peça noiva de Douglas (Lúcio Mauro Filho), mas depois se apaixona pelo sedutor Leléu (Bruno Garcia), quando finalmente compreende que a vida real pode ser mais romântica do que o cinema.

Um delegado, um cabo, um matador e sua mulher engrossam a comédia popular nordestina à "Auto da Compadecida".

O espetáculo estreou no Rio em julho passado. Fez temporadas pelo Nordeste e entra em cartaz hoje em São Paulo, no teatro Hilton. Haverá duas sessões aos sábados, uma delas a R$ 3, por conta de patrocínio do grupo Pão de Açúcar (cerca de R$ 250 mil).

LISBELA & O PRISIONEIRO
De:
Osman Lins
Adaptação: Guel Arraes, Pedro Cardoso e Jorge Furtado
Direção: Guel Arraes
Com: Emiliano Queiróz, Marcos Oliveira, Lívia Falcão, Tadeu Mello e outros
Teatro Hilton (av. Ipiranga, 165, região central, tel. 0/xx/11/3156-4334)
Quando: estréia hoje, às 21h30; sáb., às 19h30 e 21h30. R$ 25 e R$ 3 (sessões populares aos sáb., às 19h30). Até 1º/7.
 

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