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09/05/2001 - 05h13

"Deca Dance" traz bailado da Batsheva Dance Company

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ANA FRANCISCA PONZIO
da Folha de S.Paulo

A partir de 1990, quando tornou-se diretor artístico da Batsheva Dance Company, principal companhia de Israel, o coreógrafo Ohad Naharin tornou-se um dos melhores e mais prestigiados criadores da dança contemporânea internacional.

Preparando-se para retornar ao Brasil em outubro e novembro deste ano, ele falou à Folha por telefone, de Tel Aviv, sobre o espetáculo que aqui será apresentado, "Deca Dance", e também sobre sua nova criação, "Naharin Virus".

Leia a seguir trechos da entrevista.

Folha - Bombardeios e atentados são fatos comuns em Israel. Como você se sente vivendo perto da guerra e como essa situação influencia seu trabalho?
Ohad Naharin -
Sinto-me indignado com a estupidez das pessoas que têm o poder de decisão, de ambos os lados, Israel e Palestina. Muita gente, especialmente nossos líderes, estão mais interessados em velhos problemas do que em novas soluções. Fico indignado com aqueles que preferem agir em vez de refletir, esquecendo-se dos valores humanos.
Claro que tudo isso afeta minha expressão artística. Em minhas criações, essas experiências políticas, filtradas pela minha experiência pessoal, acabam se manifestando de alguma forma.

Folha - Há conotações políticas em sua nova criação, "Naharin Virus"?
Naharin -
Sim, mas de forma muito sutil, quase subliminar. Com sensibilidade, é possível percebê-las, mas para mim é difícil explicar. Talvez pela maneira como o texto se conecta à música, é possível por vezes perceber o senso de estupidez que a humanidade possui.

Folha - Qual é o tema de "Naharin Virus"?
Naharin -
É um espetáculo sobre o público, sobre a experiência de estar num teatro, mesmo que nada esteja acontecendo no palco. Negar a ilusão do teatro é o enfoque dessa criação, feita a partir da adaptação de uma peça teatral do austríaco Peter Handke, cujos textos são falados pelos bailarinos.

Em "Naharin Virus" eu procuro criar um vácuo, em que muita coisa pode acontecer. Visualmente, o ambiente é minimalista, o palco é nu e banhado por luz forte e brilhante.

Os bailarinos também aparecem quase nus, mesmo quando seus corpos estão recobertos por roupas, que funcionam como uma espécie de segunda pele.

Durante os 75 minutos de duração de "Naharin Virus", os bailarinos nunca deixam o palco. A presença permanente de todo o elenco em cena cria um clima emocional e carregado, como se todos estivessem dentro de uma panela de pressão.

Folha - E o que significa o título "Naharin Virus"?
Naharin -
Talvez o movimento que eu transmito para meus bailarinos ou tudo o que proporciono para o público.

Folha - Na temporada que fará no Brasil neste ano, a Batsheva Dance Company apresentará "Deca Dance", que é uma colagem das criações que você realizou durante seus dez anos como diretor artístico da companhia. O que essa conjunção de trabalhos revela sobre você?
Naharin -
"Deca Dance" é um programa especial, que não inclui "Naharin Virus", mas certamente possui o meu vírus. Através de "Deca Dance", acho que é possível perceber que eu gosto de formas claras, de questionar a religião, de misturar coisas como a pornografia e a matemática, de explorar as fronteiras entre as coisas, de juntar expressões e elementos diversos e ver o que essa mistura revela, de falar sobre indivíduos e também da condição humana.

Acho que "Deca Dance" ainda revela o tipo de virtuosismo que eu gosto de explorar, que é diferente da habilidade física convencional dos bailarinos, mas muito mais próxima de uma qualidade animal dos movimentos.

DECA DANCE
De: Ohad Naharin, com Batsheva Dance Company
Quando: de 31 de outubro a 10 de novembro
Onde: Brasília (Teatro Nacional, dia 31/10), Porto Alegre (teatro do Sesi, dia 4/11), São Paulo (Teatro Municipal, dias 6 e 7/11) e Rio de Janeiro (Teatro Municipal, dias 9 e 10/11). Informações sobre vendas de assinaturas da série Antares Dança 2001: tel. 0/xx/11/5073-7711.
 

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