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14/05/2001
-
10h02
SÉRGIO DÁVILA
da Folha de S.Paulo, em Cannes
O repórter dá o braço a torcer. A presença do desenho animado norte-americano "Shrek" entre os concorrentes à Palma de Ouro do principal festival de cinema do mundo parecia por demais esdrúxula. Ok que Cannes está cada vez mais americanófilo, mas tudo tem limite.
Pois bastou uma sessão. O filme é excelente. Lembra "A Fuga das Galinhas" em inteligência e "South Park" em atitude politicamente incorreta. É o terceiro desenho animado a concorrer ao grande prêmio em Cannes e o primeiro que não vem dos estúdios Disney, fato que a DreamWorks de Steven Spielberg faz questão de ressaltar com ironia.
Estréia de Andrew Adamson (efeitos visuais de "Batman") e Vicky Jenson na direção, começa com um festival de escatologia, enquanto o ogro Shrek, que fala pela voz de Mike Myers com sotaque escocês, faz sua "toalete" matinal. Logo ele vai estar às voltas com um edito do lorde Farquadd, que proíbe a existência de todos os personagens de conto de fadas.
Em poucos minutos, os sete anões, o Lobo Mau, Pinóquio, os três porquinhos e o resto da turma estarão acampados como sem-terra em volta da casa do ogro, o mais forte entre eles, mas o mais anti-social, e tentando convencê-lo a combater o nobre malvado. Ele aceita e parte, acompanhado do burro falante, um capítulo à parte.
Com voz do comediante Eddie Murphy, o animal cinza vale o filme inteiro. Ele canta, dança, faz o "duckwalk" de Chuck Berry e lembra os fãs antigos que o ator pode ser engraçado mesmo sem usar a "palavra-que-começa-com-efe".
Juntos, os dois são convencidos pelo príncipe a resgatar a princesa prisioneira de um dragão (voz de Cameron Diaz, como sempre ótima em comédias). É o pretexto para que os parques temáticos da Disney sejam ridicularizados, assim como os programas de auditório, os shows de luta-livre, os contos de fada, o amor, a raça humana, o que você quiser. Tudo de rolar de rir.
Tem do Lobo Mau, ainda vestido de vovozinha, que se ajeita com um soldado à princesa lutando com Robin Hood a la "Matrix", com câmera congelada, artes marciais e tudo o mais.
No final, quando Shrek termina ficando com a princesa, que vira gordinha depois de quebrado o encanto, e não o contrário, o burro ataca de Monkeys, cantando "I'm a Believer".
Diz-se que a inclusão de "Shrek" na competição oficial tem mais motivos estratégicos do que artísticos. Feito totalmente em tecnologia digital, o filme prepararia o terreno para o lançamento de uma categoria própria de premiação para o gênero no festival do ano que vem. Que seja assim.
Referências ao Brasil
Duas referências engraçadas ao Brasil nos filmes do fim de semana em Cannes. Em "Shrek", quando o ogro e seu amigo burro entram no reino do lorde Farquaad, está tocando uma versão musak de "Meditação", de Tom Jobim.
E em "CQ", de Roman Coppola, a sede do Conselho Mundial da ficção científica que se passa dentro do filme é uma homenagem ao prédio do Congresso Nacional projetado por Oscar Niemeyer, em Brasília.
"Shrek" é mistura de "A Fuga das Galinhas" com "South Park"
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da Folha de S.Paulo, em Cannes
O repórter dá o braço a torcer. A presença do desenho animado norte-americano "Shrek" entre os concorrentes à Palma de Ouro do principal festival de cinema do mundo parecia por demais esdrúxula. Ok que Cannes está cada vez mais americanófilo, mas tudo tem limite.
Pois bastou uma sessão. O filme é excelente. Lembra "A Fuga das Galinhas" em inteligência e "South Park" em atitude politicamente incorreta. É o terceiro desenho animado a concorrer ao grande prêmio em Cannes e o primeiro que não vem dos estúdios Disney, fato que a DreamWorks de Steven Spielberg faz questão de ressaltar com ironia.
Estréia de Andrew Adamson (efeitos visuais de "Batman") e Vicky Jenson na direção, começa com um festival de escatologia, enquanto o ogro Shrek, que fala pela voz de Mike Myers com sotaque escocês, faz sua "toalete" matinal. Logo ele vai estar às voltas com um edito do lorde Farquadd, que proíbe a existência de todos os personagens de conto de fadas.
Em poucos minutos, os sete anões, o Lobo Mau, Pinóquio, os três porquinhos e o resto da turma estarão acampados como sem-terra em volta da casa do ogro, o mais forte entre eles, mas o mais anti-social, e tentando convencê-lo a combater o nobre malvado. Ele aceita e parte, acompanhado do burro falante, um capítulo à parte.
Com voz do comediante Eddie Murphy, o animal cinza vale o filme inteiro. Ele canta, dança, faz o "duckwalk" de Chuck Berry e lembra os fãs antigos que o ator pode ser engraçado mesmo sem usar a "palavra-que-começa-com-efe".
Juntos, os dois são convencidos pelo príncipe a resgatar a princesa prisioneira de um dragão (voz de Cameron Diaz, como sempre ótima em comédias). É o pretexto para que os parques temáticos da Disney sejam ridicularizados, assim como os programas de auditório, os shows de luta-livre, os contos de fada, o amor, a raça humana, o que você quiser. Tudo de rolar de rir.
Tem do Lobo Mau, ainda vestido de vovozinha, que se ajeita com um soldado à princesa lutando com Robin Hood a la "Matrix", com câmera congelada, artes marciais e tudo o mais.
No final, quando Shrek termina ficando com a princesa, que vira gordinha depois de quebrado o encanto, e não o contrário, o burro ataca de Monkeys, cantando "I'm a Believer".
Diz-se que a inclusão de "Shrek" na competição oficial tem mais motivos estratégicos do que artísticos. Feito totalmente em tecnologia digital, o filme prepararia o terreno para o lançamento de uma categoria própria de premiação para o gênero no festival do ano que vem. Que seja assim.
Referências ao Brasil
Duas referências engraçadas ao Brasil nos filmes do fim de semana em Cannes. Em "Shrek", quando o ogro e seu amigo burro entram no reino do lorde Farquaad, está tocando uma versão musak de "Meditação", de Tom Jobim.
E em "CQ", de Roman Coppola, a sede do Conselho Mundial da ficção científica que se passa dentro do filme é uma homenagem ao prédio do Congresso Nacional projetado por Oscar Niemeyer, em Brasília.
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