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17/05/2001 - 03h51

Hollywood lança pelo menos seis sequências de filmes

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MILLY LACOMBE
da Folha de S.Paulo

Sequências, sequências, sequências. Atualmente, é esse o equivalente de produtores hollywoodianos ao grito insistente do vendedor de pamonha. A maior indústria cinematográfica do mundo parece ter cedido definitivamente aos encantos da continuidade, e o país prepara-se para ser invadido por seis sequências -cálculo que não inclui "Planeta dos Macacos" (que prefere ser classificado como "revisita"), "Rollerball" ("remake, com nuanças de diferenças", disse o diretor John McTiernan) ou "Jay and Silent Bob Strike Back" (espécie de continuação de "Procura-se Amy", "Mallrats" e "O Balconista").

Mas o que faz a "parte dois" ser commodity tão em alta? "Em uma indústria que gasta centenas de milhões por filme e compete intensamente por público, nada bate a segurança de investimento que a familiaridade com história e personagens representam", disse à Folha Chris Moore, produtor de "American Pie" 1 e 2. E não adianta sair por aí lamentando o aspecto mercadológico que o cinema parece ter definitivamente adquirido porque, se o capitalismo americano tem a peculiaridade de transformar tudo em produto, o cinema, que em muitos casos deixou de ser arte para virar franquia, é apenas mais um.

Sequências de "Todo Mundo em Pânico", "American Pie", "A Múmia", "Hora do Rush", "Dr. Dolittle" e "Parque dos Dinossauros" (3) chegam aos cinemas. Sem citar continuações que estão sendo produzidas, como as de "Homens de Preto", "Matrix" (2 e 3), "O Senhor dos Anéis" (1, 2 e 3, que já sai do forno com a trilogia completa), "Desperado", "Spy Kids"... "Continuações não são jogo ganho", disse o produtor David Brown ("Chocolate"). "Por regra, custam mais que o original e faturam menos".

E a culpa do custo mais alto está principalmente no salário das estrelas, que obrigatoriamente têm que se reapresentar e cobram mais por isso. "Pagar mais é a forma de reconhecermos o sucesso do primeiro filme", disse Moore, que precisou de meses para convencer toda a galera de "American Pie" a voltar. "Não haveria continuidade sem que todos retornassem, porque o sucesso depende disso." Agora, produtores exigem que o elenco assine contrato para pelo menos duas sequências, mesmo sem saber se acontecerão. Foi assim com os mutantes de "X-Men" e o homem-aranha Tobey Maguire.

Porém os diretores raramente se reapresentam. "A pressão para que o sucesso do primeiro seja repetido é enorme", disse James B. Rogers, diretor de "American Pie 2". "Não existe nada pior do que o fracasso de uma sequência".

"O segredo está no roteiro", disse Stephen Sommers, diretor e roteiristas de "A Múmia". Seu "O Retorno da Múmia", que estreou no começo do mês nos EUA, faturou 70 milhões de dólares, apenas no fim de semana de lançamento, e está projetado para arrecadar mais do que o original, um marco para a história das sequências. "Descobri que os maiores erros são querer repetir exatamente a fórmula do primeiro ou mudá-la radicalmente. Por isso, optei pelo meio-termo. Não passava pela minha cabeça fazer a parte dois. Queria ter tirado férias." Mesmo que a "parte três" ainda não tenha sido oficialmente anunciada, outros subprodutos já apontam no horizonte: duas atrações baseadas nos filmes dele estão sendo construídas no parque temático da Universal e uma espécie de prólogo, "Rei Escorpião", está em fase de produção. Franquias têm dessas coisas.

Quem acompanha o mercado de perto sabe que algumas continuações são inevitáveis, mesmo que o cartaz promocional estampe em letras garrafais que não haverá continuação, como o de "Todo Mundo em Pânico", que surpreendeu em bilheteria. "Jurei que jamais faria uma sequência", disse o roteirista e protagonista Marlon Wayans. Sua determinação era tanta que ele matou todos os personagens no original e depois teve apenas seis semanas para esboçar o roteiro da sequência e ressuscitá-los. A inevitabilidade aplicou-se a "A Bruxa de Blair", que arrecadou US$ 200 milhões. A sequência custou 430 vezes mais e faturou sete vezes menos.

Para o roteirista, a parte dois é, às vezes, um sacrifício. "No primeiro, eu era senhor das minhas idéias, no segundo, executivos diziam o que queriam", disse Adam Herz, de "American Pie".

Alguns atores preferem não revisitar um personagem para evitar o estereótipo. "Disse que não voltaria e, quanto mais negava, mais eles aumentavam meu salário", contou Morgan Freeman, sobre "Na Teia da Aranha", um prólogo a "Beijos que Matam".

Parece que sequências e prólogos são uma das poucas coisas seguras no mundo do cinema.
 

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