Saltar para o conteúdo principal

Publicidade

Publicidade

 
 
  Siga a Folha de S.Paulo no Twitter
17/05/2001 - 04h11

"Fórmulas não curam ninguém", diz Direitinho sobre seu livro

Publicidade

DA SUCURSAL DO RIO

José Riço Direitinho, 35, explica, bem-humorado, que seu sobrenome é comum no sul de Portugal e não se trata de uma de suas criações literárias. Para ele, há uma grande defasagem na difusão da literatura brasileira em seu país. Ele só veio ler autores consagrados como Rubem Fonseca e Clarice Lispector há três anos.

Considerado um dos jovens valores das letras portuguesas, está no Brasil pela primeira vez, para lançar o romance "Breviário das Más Inclinações", de 1996. A trama traz receitas de poções e chás curativos.
Mas ele adverte que ninguém deve tentar reproduzi-las, pois são apenas ficção.

Folha - A sua formação acadêmica em agronomia é a base para a construção do meio e dos personagens do seu livro?
José Riço Direitinho -
Sou especializado em sociologia rural, e isso me deu alguma base no aspecto etnológico. O que aprendi como engenheiro agrônomo, e que está no livro, foi a identificação de algumas plantas, como fazer algumas mesinhas e chás. Mas espero que ninguém tente reproduzir as receitas, pois o lado técnico não foi respeitado. São fórmulas que não curam ninguém.

Folha - A língua portuguesa é um fator de isolamento para os escritores que a usam?
Direitinho -
É um fator que dificulta muito. Minha experiência pessoal mostra isso. O "Breviário" está traduzido em alemão, espanhol, italiano e holandês. Meus livros mais recentes ainda não foram traduzidos para o alemão. Então, os editores da Holanda me disseram que vão continuar esperando essa tradução, para depois verterem para o holandês, pois não têm ninguém que faça a tradução direta do português.

Folha - O Brasil é um país com pouca abertura às produções culturais do resto do mundo. Essa é uma herança portuguesa?
Direitinho -
No caso brasileiro, é mais desculpável. É um país com dimensão continental, com grande variedade de manifestações culturais, quase poderíamos dizer auto-suficiente, o que é uma ironia em termos culturais. Em Portugal, alguns críticos receberam muito mal meu último livro, "História com Cidades", porque não conhecem nada além do próprio país.

Folha - Esse isolamento português não diminuiu com a inserção portuguesa na Europa?
Direitinho -
Isso acontece relativamente. Tenta-se ter uma mentalidade européia em Portugal, mas, em minha opinião, continuamos com quase a mesma distância em relação à Europa do que há 50 anos.

Folha - Isso ocorre também em relação à literatura brasileira?
Direitinho -
Gosto muito de Clarice Lispector, que exemplifica o isolamento português. Só tive contato com sua obra quando começou a ser publicada no meu país, há três anos. O mesmo acontece com Rubem Fonseca.

BREVIÁRIO DAS MÁS INCLINAÇÕES
De: José Riço Direitinho
Editora: Gryphus
Quanto: R$ 27 (171 págs.).

Leia mais notícias sobre a Bienal do Livro
 

Publicidade

Publicidade

Publicidade