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17/05/2001 - 04h14

"Romance pode ser roteiro mágico" , diz autor angolano

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da Folha de S.Paulo, no Rio

O angolano José Eduardo Agualusa, 40, lança na 10ª Bienal Internacional do Livro do Rio de Janeiro "Um Estranho em Goa", sua nona obra e a terceira a sair no Brasil. Jornalista desde os anos 80, seu estilo literário é marcado por descrições quase jornalísticas, misturando fatos reais e ficção. Nesse romance, há uma constante aproximação dos temas místicos.

Agualusa tece um convidativo roteiro de viagem ao falar de Goa, antiga possessão portuguesa, anexada pela Índia em 1961. Mas prefere que o romance seja lido como uma história do Diabo.

Folha - "Um Estranho em Goa" é uma narrativa de viagem de alguém que busca suas raízes?
José Eduardo Agualusa -
A questão da identidade está presente em toda a minha obra. Sendo este um romance de viagens, através de uma geografia remota, mas que também inclui a língua portuguesa, era quase inevitável que essa preocupação reaparecesse. Mas o livro também pretende ser uma reflexão sobre o bem e o mal, sobre a idéia do Diabo na sociedade contemporânea. Na verdade, mais do que um romance sobre Goa, é um romance sobre o Diabo. O Diabo só faz sentido em ambientes de extrema religiosidade. O Diabo está quase sempre dentro da casa do Senhor.

Folha - No livro, você apresenta uma relação de sinônimos para o Diabo, como em "Grande Sertão: Veredas". É a presença de Guimarães Rosa? Quais outros escritores o influenciam?
Agualusa -
Fui influenciado pela maior parte dos grandes escritores latino-americanos: Jorge Luis Borges, Gabriel García Márquez, Jorge Amado, Rubem Fonseca, Manoel de Barros.

Folha - O uso de uma narrativa às vezes jornalística confere um tom de realidade ao seu romance. Isso é um recurso de estilo ou herança de sua formação como jornalista?
Agualusa -
É um recurso de estilo. No entanto o jornalismo ensinou-me muito. Aprendi a ser conciso, a investigar e, sobretudo, a estar atento ao mundo.

Folha - Você mostra Goa como um cenário onde a antiga identidade forjada pelos portugueses está em decomposição, diante da anexação pela Índia e da chegada de estrangeiros. Goa pode ser um laboratório avançado da globalização?
Agualusa -
Não mais do que mil outros lugares. A particularidade de Goa, e é isso o que também pretendo mostrar no meu livro, tem a ver com a extinção de uma cultura de matriz portuguesa. Há algo ali que está no fim, abrigam-se naquele espaço os últimos órfãos do império português, morrendo, confusos, diante do silêncio do mundo. Não tomo partido de nada, apenas constato.

Folha - Qual é a reação dos leitores diante do clima de magia e mistério do livro?
Agualusa -
Muitas pessoas usam o livro como um roteiro mágico quando vão a Goa. Acho que ele pode cumprir essa função.

UM ESTRANHO EM GOA
De: José Eduardo Agualusa
Editora: Gryphus
Quanto: R$ 25 (159 págs.)

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