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22/06/2000 - 03h14

Lisboa promove festival Manguetejo, com Otto e Nação Zumbi

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PAULO VIEIRA
da Folha de S. Paulo, em Lisboa

Chico Science (1966-1997) não previu esta. Ver o movimento do qual foi o principal porta-voz, o mangue beat, ganhar um homólogo português.

Sandino, Zumbi, Zapata e outros explicitamente citados pelo compositor pernambucano em "Da Lama ao Caos" (95) agora se perfilam ao lado do capitão Salgueiro Maia, o mítico e já morto herói da revolução socialista portuguesa.

Tejo beat, o movimento, surgiu em 98, em Portugal, por iniciativa do radialista lisboeta Henrique Amaro, admirador do mangue e de novas bandas brasileiras como O Rappa e Planet Hemp, bandas que toca no seu programa diário "100%".

Com dinheiro da Expo 98, Amaro selecionou dez grupos portugueses para uma compilação de música pop. Conseguiu o passe do caro produtor Mario Caldato Jr. (de "Hello, Nasty", dos Beastie Boys) e chegou ao disco fundador.

Dois anos depois, mais precisamente no próximo 22 de julho, o tejo beat finalmente encontrará o mangue inspirador num evento já denominado Manguetejo. Num show em Lisboa, Otto, Nação Zumbi e (ainda a confirmar) Mundo Livre S/A juntam-se a Ornatos Violeta, Da Weasel e os Gaiteiros de Lisboa.

Das dez bandas do disco, algumas hoje já desapareceram. Outras, como o Ornatos Violeta, conquistaram espaço no cenário musical português.

A "nova geração" distancia-se muito do que se poderia chamar de MPP (música popular portuguesa), marcada pelos chamados "cantores de intervenção" _algo próximo à canção de protesto brasileira_ egressos dos 70. Distancia-se também do "fado pop" de Dulce Pontes, Madredeus e Camané.

Por isso, ninguém do tejo beat fica reverenciando Zeca Afonso (cujo sucesso "Grânola Vila Morena", ao tocar na rádio estatal, deflagrou a Revolução portuguesa), por exemplo, em contraposição a um "Salustiano Song", música em que Science evoca o naïf Mestre Salustiano.

A ligação parece mesmo "espiritual": poucas bandas da coletânea conhecem os pernambucanos. "Não conheço muito bem", disse à Folha, num café de Lisboa, Carlos "Pac" Nobre, o vocalista angolano do Da Weasel, uma das bandas de hip hop mais populares em Portugal.

Seja como for, a EMI portuguesa deslocará um estúdio móvel para o local do show de julho. Se as condições técnicas e as editoras dos artistas brasileiros autorizarem, o Manguetejo ganhará, ele também, registro fonográfico.

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