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22/06/2000 - 04h01

Cristiano Mascaro retrata a vida cotidiana dos paulistas

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FABIO CYPRIANO
da Folha de S. Paulo

Este será um ano de boas imagens. Ao menos para a fotografia. Após o lançamento dos livros de Sebastião Salgado e Pedro Martinelli, o segundo semestre promete mais duas publicações de craques dessa arte: Mário Cravo Neto e Cristiano Mascaro.

"São Paulo", a nova publicação de Mascaro, será lançado em outubro, e a Folha adianta as novas imagens criadas pelo fotógrafo. O livro apresenta 150 fotos, registradas em várias cidades do Estado de São Paulo durante 18 meses de viagens. O fotógrafo terminou o trabalho em março e, desde então, prepara a edição do material.

Em 1996, Mascaro publicou "Luzes da Cidade" (DBA), uma visão da capital paulistana como cenário. Esse olhar formal sobre a cidade, que muitos críticos consideram influência da formação de arquiteto do fotógrafo, abandona agora os grandes planos e o uso de equipamentos poderosos, para se aproximar do cotidiano das pessoas que vivem nas cidades.

"Tudo começou com uma foto que fiz, em 1991, da estrada Raposo Tavares", conta o fotógrafo. "Quando vi o resultado _uma estrada prateada_ lembrei das imagens feitas por Robert Frank, que sempre admirei, e vi a potencialidade de um trabalho em todo o Estado."

O suíço Frank é considerado um dos grandes fotógrafos vivos. Ele notabilizou-se por criar imagens do interior dos Estados Unidos e foi amigo dos escritores e poetas da Beat Generation. Entre suas criações mais célebres está o documentário "Pull My Dayse", com roteiro de Jack Kerouac. Portanto o clima "pé na estrada" não surge por acaso no novo trabalho, mas por influência confessa do mestre.

O resultado é um novo lirismo na obra de Mascaro, até então muito marcada por traços formais na construção da imagem. O próprio fotógrafo percebe as mudanças em sua fotos: "Passei de um requinte dramático e estetizante para imagens de uma desimportância aparente".

E explica: "Eu tentava organizar o caos da cidade, mas nesse trabalho me aproximei das pessoas e seus contextos".

Mascaro viajou por muito tempo e por isso passou a utilizar equipamentos mais ágeis e menos pesados. Foi essa leveza que possibilitou um ombro a ombro com os habitantes das cidades, que trouxe nova expressividade ao seu trabalho.

Além de uma apresentação feita pelo fotógrafo, "São Paulo" tem prefácio do escritor Ignácio de Loyola Brandão. Para ele, "Mascaro é fotógrafo de atmosferas, cada foto tem potencial para ser um conto".

Brandão ressalta a importância do humano nas novas fotos de Mascaro: "O que me impressiona são os olhares. Ainda que não se vejam os olhos, nós sentimos, intuímos, tão forte é o clima".

O padrinho do projeto é o jornalista Quartim de Moraes, da editora do Senac, que patrocina o livro. "Ele me deu total liberdade, pude trabalhar um ano e meio de maneira ideal", conta Mascaro.

Isso não significa que o fotógrafo hospedou-se em bons hotéis. "Para economizar, fiquei em muitas pousadas com diária de R$ 20, não por demagogia, mas para me aproximar mais do cotidiano das pessoas."

Quando começou a realizar as fotos, Mascaro pretendia cobrir as grandes festas folclóricas do interior, mas logo percebeu que poderia cair em imagens clichês.

Um sinal dos céus o ajudou na decisão. "Planejei registrar a festa de Nossa Senhora dos Navegantes e um vendaval fez com que ela não acontecesse", revela. Assim, ele abandonou os grandes clichês pelo estado de espírito das cidades. "Eu não fui atrás do Jeca Tatu e imagens interioranas típicas, mas do cotidiano urbano", conta.

O livro terá 200 páginas e deve ser lançado junto com uma exposição de fotos. Antes do lançamento no Brasil, ele ainda faz uma exposição em Berlim, na Alemanha, com trabalhos de "Luzes na Cidade". Mascaro já está em cartaz na Alemanha, com fotos expostas no pavilhão brasileiro na Expo 2000, em Hannover.

Ele também foi convidado a fazer um intercâmbio com um fotógrafo alemão, e por isso deve passar dois meses registrando imagens da capital alemã, e um fotógrafo da agência Ostkreuz vem a São Paulo fazer o mesmo.

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