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11/06/2001 - 10h05

Pavilhão alemão ganha Leão de Ouro na 49ª Bienal de Veneza

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FABIO CYPRIANO
da Folha de S.Paulo, em Veneza

Enquanto dezenas de crianças celebravam o início das férias de verão, enchendo garrafas de água e travando uma batalha divertida nas praças de Veneza, foi aberta oficialmente anteontem, de maneira menos festiva, a 49ª bienal da cidade italiana.

Na séria e longa cerimônia de abertura foram anunciados os prêmios do evento. O mais aguardado foi o Leão de Ouro para o melhor pavilhão, já que os outros dois prêmios mais importantes -para mestres da arte contemporânea- já tinham sido anunciados antes para Richard Serra e Cy Twombly, ambos americanos.

Foi o pavilhão alemão, com o artista Gregor Schneider, que levou o Leão. Segundo o senegalês Ery Camara, presidente do júri, a razão foi a "transformação de uma arquitetura monumental em um obsessivo labirinto de quartos, que reflete desconforto e liberdade, ao mesmo tempo".

Liberdade foi uma questão central para a seleção do curador da bienal Harald Szeeman. Ao escolher os 110 artistas presentes na mostra, além dos 65 países representados com curadoria própria, Szeeman escolheu como tema "Plataforma da Humanidade".

O curador apresentou "O Fim do Século 20", do alemão Joseph Beuys, como a "obra chave" da mostra. "É a verbalização do conceito de liberdade, que formula um campo plástico-assertivo como um campo de energia", disse.

Ao lado da obra de Beuys, estava a instalação do brasileiro Ernesto Neto (que junto com Vik Muniz representou o Brasil no evento), um espaço mais que privilegiado. "Ô Bicho!", com imensos sacos de tule pendurados e recheados de especiarias, contamina o ar do Arsenale -o local da mostra- e dialoga com o cheiro do azeite sobre as pedras, de outra obra de Beuys, "Olivestone".

Outros sete prêmios e quatro menções foram concedidos (veja quadro nesta página) e o Brasil não ganhou nenhum. A maioria dos prêmios foi dada aos artistas selecionados por Szeeman, um painel que aponta a videoarte, a fotografia e a instalação como destaques na produção contemporânea.

Entretanto a entrega dos Leões de Ouro para o escultor Serra e o pintor Twombly -ambos já mais que reconhecidos- comprovam que, ao menos para o júri, vídeos e instalações ainda não alcançaram o panteão nas artes. Poderia ser interpretada como uma escolha conservadora, mas é mais fácil premiar artistas com carreiras sedimentadas do que aqueles ainda em experimentação.

O próprio Szeeman aponta a dificuldade da produção artística atual. "Tudo indica que estamos perto de uma revolução, e a arte, nesses momentos, sempre se alinha à decrepitude", disse.

Uma das questões que o curador quis dizer, certamente, é a atual hipervalorização da tecnologia. Seria impossível assistir a todos os vídeos, por exemplo, expostos no Arsenale, o pavilhão sede da seleção de Szeeman. Os que se destacam lá são aqueles que já questionam o uso da tecnologia e criam formas poéticas de abordá-la.

Assim foi com um dos prêmios a jovens artistas, o videoartista John Pilson, que ironiza a burocracia dos executivos em um escritório. Ainda nesse caso, o videoartista Bill Viola e o cineasta Abbas Kiarostami apresentam vídeos que não entram na vertiginosa edição imposta pela TV. A Bienal de Veneza fica em cartaz até o dia 4 de novembro.

Veja a lista dos premiados:

  • Melhor exibição em pavilhão nacional: Alemanha (Gregor Schneider)


  • Mestres da arte contemporânea: Richard Serra e Cy Twombly


  • Prêmios especiais: Janet Cardiff e George Miller (Canadá), Marisa Merz (Itália) e Pierre Huyghe (França)
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