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19/06/2001
-
11h25
VALMIR SANTOS
da Folha de S.Paulo
Muito se fala e escreve sobre "Vestido de Noiva", marco do moderno teatro brasileiro pela resolução cênica que o polonês Ziembinski e o cenógrafo e figurinista Santa Rosa imprimiram aos três planos da tragédia de Nelson Rodrigues, este não menos revolucionário: a memória, a realidade e o sonho, todos eles cristalinos no palco, 57 anos atrás -um desafio aferido no Municipal do Rio por espectadores boquiabertos, quando mal estavam acostumados aos efeitos de imagem da então caçula televisão.
Aos louros do texto, direção e cenografia, por exemplo, raramente se agrega a iluminação, item que sequer constava da ficha técnica afixada na entrada dos teatros da época. No caso de "Vestido de Noiva", Ziembinski diluiu a função na sua "mise-en-scène", ou encenação.
A luz do espetáculo de 1943, inclusive a remontagem pelo mesmo Ziembinski em 1976, atrai os holofotes do Instituto Itaú Cultural, hoje e amanhã, dentro do segmento "Luz em Cena - Vestido de Noiva e a Modernidade no Teatro Brasileiro", da mostra "Trajetória da Luz na Arte Brasileira", que prossegue até setembro.
(Em tempo: como nas peças de ficção, qualquer semelhança com a crise no fornecimento de energia é mera coincidência).
"Se não houver luz, não há teatro, a não ser que se monte o espetáculo ao ar livre, de dia, como os gregos faziam e os grupos de rua ainda o fazem", afirma o cenotécnico aposentado Fernando Pamplona, 75, pelo menos 55 deles dedicados ao teatro e nos últimos anos atuando como consultor.
Pamplona mora no Rio e vem à cidade para abrir o evento hoje com uma conferência sobre "Vestido de Noiva", na condição de espectador e amigo do paraibano Tomás Santa Rosa Júnior (1909-56), por ocasião da montagem seminal, mas sobretudo como responsável pela iluminação da remontagem, 33 anos depois, braço direito de "Zimba", como tratava Ziembinski (1906-78).
Apesar da autodefinição de amadora, diz Pamplona, o que a companhia Os Comediantes fez no primeiro "Vestido de Noiva" corresponde a um trabalho profissional, "no melhor sentido da palavra".
Alguns números: em 1943, foram usados 20 refletores para obter 132 efeitos no mapa de luz; havia 140 mudanças de cena.
"A iluminação e a cenografia evoluíram muito, e Ziembinski e Santa Rosa contribuíram para renovar a consciência do fazer teatral no país", afirma Pamplona.
O crítico e dramaturgista Edélcio Mostaço ocupa a segunda parte da conferência de hoje com um painel histórico da iluminação, chegando à cena atual (deve citar, entre outros, Davi de Brito, Guilherme Bonfanti, Wagner Pinto, Maneco Quinderé, Wagner Freire, Cibele Forjaz, Gerald Thomas, Paulo Pederneiras etc).
Amanhã, é a vez de conferir a verve "nelsonrodrigueana". Três diretores que já assinaram montagens da peça comandam leituras dramáticas de algumas cenas.
Márcio Aurélio (que estreou seu espetáculo em 1987) convida para a leitura os atores João Vitti, Denise Del Vecchio, Alzira Andrade e Christiane Rando; Luiz Arthur Nunes (1993) escala Bianca Byngton, Luciana Braga e Suzana Saldanha; Eduardo Tolentino de Araújo, do grupo Tapa (1999), reúne Zécarlos Machado, Clara Carvalho e Denise Weinberg.
A curadoria do projeto é da professora da USP Sílvia Fernandes, consultora de artes cênicas do Itaú Cultural.
Teatro: LUZ EM CENA - "VESTIDO DE NOIVA" E A MODERNIDADE NO TEATRO BRASILEIRO
Onde: Instituto Cultural Itaú - sala Azul (av. Paulista, 149, tel. 238-1700)
Quando: Hoje, às 19h, conferência com Fernando Pamplona e Edélcio Mostaço. Amanhã, às 19h, leitura dramática com os diretores Márcio Aurélio, Luiz Arthur Nunes e Eduardo Tolentino de Araújo.
Quanto: entrada franca
Evento joga luz sobre "Vestido de Noiva", de Nelson Rodrigues
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da Folha de S.Paulo
Muito se fala e escreve sobre "Vestido de Noiva", marco do moderno teatro brasileiro pela resolução cênica que o polonês Ziembinski e o cenógrafo e figurinista Santa Rosa imprimiram aos três planos da tragédia de Nelson Rodrigues, este não menos revolucionário: a memória, a realidade e o sonho, todos eles cristalinos no palco, 57 anos atrás -um desafio aferido no Municipal do Rio por espectadores boquiabertos, quando mal estavam acostumados aos efeitos de imagem da então caçula televisão.
Aos louros do texto, direção e cenografia, por exemplo, raramente se agrega a iluminação, item que sequer constava da ficha técnica afixada na entrada dos teatros da época. No caso de "Vestido de Noiva", Ziembinski diluiu a função na sua "mise-en-scène", ou encenação.
A luz do espetáculo de 1943, inclusive a remontagem pelo mesmo Ziembinski em 1976, atrai os holofotes do Instituto Itaú Cultural, hoje e amanhã, dentro do segmento "Luz em Cena - Vestido de Noiva e a Modernidade no Teatro Brasileiro", da mostra "Trajetória da Luz na Arte Brasileira", que prossegue até setembro.
(Em tempo: como nas peças de ficção, qualquer semelhança com a crise no fornecimento de energia é mera coincidência).
"Se não houver luz, não há teatro, a não ser que se monte o espetáculo ao ar livre, de dia, como os gregos faziam e os grupos de rua ainda o fazem", afirma o cenotécnico aposentado Fernando Pamplona, 75, pelo menos 55 deles dedicados ao teatro e nos últimos anos atuando como consultor.
Pamplona mora no Rio e vem à cidade para abrir o evento hoje com uma conferência sobre "Vestido de Noiva", na condição de espectador e amigo do paraibano Tomás Santa Rosa Júnior (1909-56), por ocasião da montagem seminal, mas sobretudo como responsável pela iluminação da remontagem, 33 anos depois, braço direito de "Zimba", como tratava Ziembinski (1906-78).
Apesar da autodefinição de amadora, diz Pamplona, o que a companhia Os Comediantes fez no primeiro "Vestido de Noiva" corresponde a um trabalho profissional, "no melhor sentido da palavra".
Alguns números: em 1943, foram usados 20 refletores para obter 132 efeitos no mapa de luz; havia 140 mudanças de cena.
"A iluminação e a cenografia evoluíram muito, e Ziembinski e Santa Rosa contribuíram para renovar a consciência do fazer teatral no país", afirma Pamplona.
O crítico e dramaturgista Edélcio Mostaço ocupa a segunda parte da conferência de hoje com um painel histórico da iluminação, chegando à cena atual (deve citar, entre outros, Davi de Brito, Guilherme Bonfanti, Wagner Pinto, Maneco Quinderé, Wagner Freire, Cibele Forjaz, Gerald Thomas, Paulo Pederneiras etc).
Amanhã, é a vez de conferir a verve "nelsonrodrigueana". Três diretores que já assinaram montagens da peça comandam leituras dramáticas de algumas cenas.
Márcio Aurélio (que estreou seu espetáculo em 1987) convida para a leitura os atores João Vitti, Denise Del Vecchio, Alzira Andrade e Christiane Rando; Luiz Arthur Nunes (1993) escala Bianca Byngton, Luciana Braga e Suzana Saldanha; Eduardo Tolentino de Araújo, do grupo Tapa (1999), reúne Zécarlos Machado, Clara Carvalho e Denise Weinberg.
A curadoria do projeto é da professora da USP Sílvia Fernandes, consultora de artes cênicas do Itaú Cultural.
Teatro: LUZ EM CENA - "VESTIDO DE NOIVA" E A MODERNIDADE NO TEATRO BRASILEIRO
Onde: Instituto Cultural Itaú - sala Azul (av. Paulista, 149, tel. 238-1700)
Quando: Hoje, às 19h, conferência com Fernando Pamplona e Edélcio Mostaço. Amanhã, às 19h, leitura dramática com os diretores Márcio Aurélio, Luiz Arthur Nunes e Eduardo Tolentino de Araújo.
Quanto: entrada franca
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