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09/07/2001 - 04h14

Banco do Brasil abriga mostra do artista Alex Flemming

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da Folha de S.Paulo

São corpos musculosos e em poses sensuais. Poderiam fazer parte de um editorial de moda. Entretanto, sobre a pele uma tatuagem eletrônica marca territórios de guerra, regiões de conflitos contemporâneos. Os belos corpos poderiam ser até mesmo dos jovens que, obrigados ou não, envolvem-se em áreas de combate, como a região de Chiapas (México) ou mesmo Jerusalém (Israel).

Essas imagens fazem parte da mostra "Alex Flemming: Corpo Coletivo", que será aberta sábado no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em São Paulo. Após o espaço ter sido inaugurado com a mostra do artista Tunga, que escondeu a arquitetura do local, o edifício irá mostrar suas reais dimensões com a nova exposição.

A mostra tem como núcleo central as imagens da série "Body Builders", que Flemming desenvolve na Alemanha há quatro anos. Para o Brasil, o artista preparou obras em novas cores e dimensões; a maior delas (7 m de largura por 7 m de altura) irá ocupar todo o hall central do CCBB.

Além das 20 novas obras, outros 17 trabalhos realizados desde 1978 também serão apresentados, selecionados pela curadora da exposição, Ana Mae Barbosa. "Revendo o conjunto de meu trabalho, percebo que sempre estive falando do mesmo tema, o corpo", conta Flemming.

"Há vários anos estudo as teorias pós-colonialistas e comecei a ver as obras de Flemming nesse prisma, como um comentário sobre a colonização no mundo", afirma Barbosa.

Naturalmente, é o próprio corpo a parte mais visível dessa temática e é a ponte para a organização da mostra. Já as obras que o artista apresenta de 1978, série de gravuras "Natureza Morta", têm como tema as torturas no regime militar brasileiro.

Segundo Barbosa, "a figura humana de Flemming não é representação do corpo. Não é um corpo construído para o olhar contemplativo, mas o corpo que se dissolve em autodefinição, em conflitos e em linguagem cultural; ao dissolver-se torna-se coletivo".

Na entrada da mostra, dois rostos impressos em vidro da série "Cabeças" (os mesmos da estação Sumaré do metrô), um homem e uma mulher recitam poesias.

A obra no metrô é, sem dúvida, a de maior impacto do artista. Na montagem da exposição, depoimentos dos usuários coletados na própria estação servirão de som ambiente para a mostra. "Não gostei, achei umas pessoas muito feias, achei que podia pôr umas pessoas mais bonitas ali", diz um dos depoimentos. Já outro afirma que "é interessante porque é o povo, e quem anda aí é o povo, né?".

O conteúdo político das obras de Flemming é apenas um de seus elementos. "Também falo de sensualidade", diz. "Por exemplo, tento retratar os corpos masculinos sempre com formas arredondadas, o que é visto em geral como característica feminina".

Na exposição estarão também os móveis pintados com tinta acrílica. Dez poltronas, representando a ausência do corpo, estarão no hall do CCBB, em frente a malas cheias de terra. "Vi muitos migrantes do Leste Europeu chegando a Berlim apenas com uma mala, da mesma forma como acontece com nordestinos em São Paulo, e a terra é sempre a perda", conta Flemming.

Na abertura da mostra, será lançado também um catálogo de 70 páginas com textos de Barbosa e do poeta Haroldo de Campos.

Outro livro sobre a obra completa de Flemming está sendo preparado pela Edusp, com lançamento previsto para o fim da mostra do CCBB, em setembro.

Flemming iniciou sua carreira em São Paulo, mas desde 1991 vive em Berlim, na Alemanha. Após dez anos de idas e vindas, 2001 é ano marcante para Flemming no Brasil. Tanto que o artista tem pensado em trazer seu próprio corpo de volta ao país.
(FABIO CYPRIANO)

ALEX FLEMMING: CORPO COLETIVO
mostra com 37 obras do artista
Curadoria: Ana Mae Barbosa
Onde: Centro Cultural Banco do Brasil (r. Álvares Penteado, 112, centro de São Paulo, tel. 0/xx/ 11/3118-1131)
Quando: abertura no sábado, às 11h; de ter. a dom., das 12h às 18h30; até 2/9
Quanto: grátis
Patrocinador: Banco do Brasil.
 

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