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28/06/2000 - 04h47

Brasil vira tendência na moda do Morumbi Fashion de verão

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ERIKA PALOMINO
Colunista da Folha de S. Paulo

"Viva a Banda da-da/Carmen Miranda da-da-da-da." Os versos de Caetano Veloso em "Tropicália" bem que poderiam servir de slogan para esta nona edição do Morumbi Fashion Brasil, que começa hoje em São Paulo. O evento traz até o dia 4 de julho as coleções para a primavera-verão 2000/2001 em 23 desfiles no MorumbiShopping (zona sul da cidade), somente para convidados. Custa R$ 3,6 milhões, em sua maior edição até agora, e tem o maior número de jornalistas estrangeiros presentes.

Estimulado pela euforia internacional acerca da moda brasileira, de suas modelos e seus estilistas em ascensão no Planeta Fashion, o evento e seus participantes vêm desta vez imbuídos de nacionalismo. O Brasil vira tendência, desdobrado em estampas, cores, cenografia, música e sensualidade. Nacionalismo fashion, então.

"Assumi de vez a brasilidade. Este ano nem viajei para o exterior para não sofrer nenhum tipo de influência, embora nunca siga tendências. O que ficou foi o mais simples, mais brasileiro e artesanal, como 'nozinhos de rede', crochê, bordados, texturas de renda de bilro, pontos-cruz e sianinhas", diz o estilista Davi Azulay, da marca de biquínis carioca Blue Man, que participa do dia dedicado à moda praia, novidade no evento. A passarela é preta e branca, remetendo ao calçadão de Copacabana.

Na Rosa Chá, outra marca de moda praia, a inspiração é Carmen Miranda. "O estilo é tropical-chic", diz o stylist da marca, Giovanni Frasson. Na coleção, os listrados coloridos são tiras de tecido costuradas que fazem menção a vários dos vestidos da cantora. A trilha, desenvolvida pelo DJ de drum'n'bass Xerxes, tem muita música brasileira, o que deverá ser uma característica de muitos desfiles no evento.

Carmen Miranda também é a inspiração de Tufi Duek na Forum. As frutas (cajus, carambolas, bananas) e os brilhos típicos da estrela são o ponto forte da sensual coleção, que brinca com as décadas de 40 e 80.

A Iódice também se lembra dos anos 40 no Brasil. "Estou fazendo uma releitura do Brasil de 1940 a 2000. Pensei em aproveitar esse momento de valorização da sensualidade da mulher brasileira e criei uma coleção com muitas cores fortes, decotes generosos e muitos babados", diz o estilista e empresário Valdemar Iódice.

"As pessoas estão cada vez mais querendo saber sobre nossa cultura. Influenciado por esse interesse estrangeiro, redescobri o Brasil fora do futebol e do Carnaval", diz Iódice, que pensou também na Gabriela de Jorge Amado.

Já a estilista Márcia Gimenez, da Equilíbrio, pegou "a alegria do povo brasileiro", retratada em estampas coloridas e exuberantes.

"Essa coisa de brasilidade é meio chata, meio esgotada. Sou um brasileiro que faz roupas. É óbvio que isso vai estar impresso em minhas criações", rebate o estilista Fause Haten, uma das principais expectativas do evento, ele que atraiu a atenção da mídia internacional ao desfilar ano passado em Los Angeles e em fevereiro em Nova York.

"Algo curioso que aconteceu nos Estados Unidos em relação ao meu estilo foi que eles começaram a ver coisas em minhas coleções que eu nunca havia percebido. Por exemplo, falam que minha roupa é bem colorida e sensual, algo que nunca dizem aqui", afirma Haten.

"Não vejo perigo em uma certa carnavalização da moda brasileira, pelo menos no meu trabalho. Faço roupas para agradar às minhas clientes, não à crítica, nacional ou estrangeira. O que ocorre é que, após o minimalismo e a estética das modelos muito magras, o que tinha de vir era o oposto. E o Brasil é ligado à alegria. A referência estrangeira é essa: Carnaval e futebol. Algo folclórico", pondera Haten. Ele participa também do novo dia de moda masculina no MorumbiFashion.

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