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14/07/2001 - 21h48

Estudo revela que brasileiro não encontra prazer na leitura

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FRANCESCA ANGIOLILLO
da Folha de S.Paulo

Para o brasileiro, ler não é um prazer. Esta é uma das principais conclusões apontadas pela pesquisa Retrato da Leitura no Brasil, divulgada na quinta-feira.

Faltam tempo, costume, dinheiro e vontade, não necessariamente nesta ordem, para que o leitor potencial se dirija às prateleiras.

O estudo, realizado em todo o país entre 10 de dezembro de 2000 e 25 de janeiro de 2001, foi encomendado por quatro entidades do setor livreiro -Câmara Brasileira do Livro (CBL), Sindicato Nacional dos Editores de Livros (Snel), Bracelpa (Associação Brasileira de Celulose e Papel) e Abrelivros (Associação Brasileira dos Editores de Livros).

O presidente da CBL, Raul Wassermann, abriu a apresentação dizendo que o estudo era um "antigo sonho do mercado: passar do famoso "achômetro" para números cientificamente pesquisados".

Wassermann colocou, ainda, como objetivo da pesquisa, além de "abalizar" as ações do mercado, informar os órgãos governamentais, esperando que "quem sabe, finalmente se estabeleça uma política do livro no Brasil".

As falas dos outros presidentes das entidades presentes -Boris Tabacof, da Bracelpa, e Paulo Rocco, do Snel- repisaram o "papel social" da enquete.

Todos, de um modo ou de outro, sugeriram que o governo dá pouca atenção à indústria editorial, cuja produção movimenta anualmente, segundo estimativa de Wassermann, R$ 2 bilhões.

Razões para ler (ou não)

A imprensa teve acesso somente a um resumo dos dados considerados principais (alguns podem ser vistos no quadro ao lado). A totalidade da pesquisa está sendo gravada em CD-ROM, a ser distribuído aos associados das entidades patrocinadoras, ao governo e aos meios que o solicitarem.

Dentro do que foi apresentado, certos números são mesmo gritantes: apesar de 62% das pessoas entrevistadas declararem ter a leitura como hábito, somente 30% tinham lido um livro nos três meses anteriores à pesquisa -eles foram classificados como "leitores efetivos".

Somente 14% dos pesquisados estavam lendo no dia em que foram entrevistados -por isso, foram chamados "leitores correntes". O que mais impressiona é que parcela igual à dos leitores correntes declarou nunca ler.

Voltando à sua tese, os representantes do mercado editorial defenderam uma ação governamental orientada para um maior investimento em livros não-didáticos como uma forma de estimular a leitura.

E justificam sua sugestão ressaltando um dado: 11% das pessoas não lêem por não terem dinheiro para comprar livros. Ainda, apenas 8% dos livros lidos foram retirados em bibliotecas, enquanto cerca de metade da população comprou os livros que leu.

No entanto, os motivos para o brasileiro se afastar dos livros não se resumem a uma dificuldade de acesso. Eles variam segundo a idade e, principalmente, dentro das faixas etárias, escolaridade e de classe social. No cômputo geral, porém, 39% declararam não ter tempo para a leitura.

A pesquisa considera três dos motivos apontados para não gostar de ler como barreiras concretas: a falta de dinheiro para comprar livros, que atinge 11%; dificuldades para entender palavras e frases, 10% (que seriam, segundo os pesquisadores, os chamados analfabetos funcionais); a preferência por outros meios de obtenção de conhecimentos, citada por 8% dos pesquisados.

Vale lembrar que, entre os que lêem, a literatura não está exatamente entre os gêneros "top". Tanto homens como mulheres preferem livros ligados a assuntos religiosos, aí incluída a Bíblia, do que qualquer outro tema. Depois deles, aparecem nas estatísticas assuntos como informática, entre os homens (denotando uma preocupação com aprimoramento profissional), e culinária entre as mulheres.

O tipo de leitura que mais se aproxima de uma identificação com uma atividade de lazer é o dos quadrinhos, que aparecem nos três primeiros lugares para ambos os sexos.

Os pesquisadores não souberam precisar, porém, se os entrevistados se referiam a livros ou revistas, pois a resposta foi espontânea, e não escolhida de uma lista sugerida no questionário.

Leia também:

  • Entenda como foi feita a pesquisa sobre o gosto do brasileiro por livros
  • MinC deu bibliotecas a 18% do país


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