29/06/2000 - 03h02

Grupo Silvio Santos fecha cerco contra teatro Oficina

VALMIR SANTOS
da Folha de S.Paulo

O Grupo Silvio Santos anunciou ontem um investimento de cerca de R$ 75 milhões para construir um shopping no quarteirão onde está localizado o teatro Oficina, na Bela Vista, em São Paulo. O teatro permanecerá no local, cercado pelo shopping.

É o mais duro golpe no embate que o diretor José Celso Martinez Corrêa, fundador do grupo Teatro Oficina Uzyna Uzona, vem travando com Silvio Santos, dono de praticamente todo o quarteirão _a área a ser construída no empreendimento é de quase 55 mil m2.

Há duas décadas, o empresário busca comprar ou integrar ao shopping o teatro da rua Jaceguai, 520, considerado patrimônio histórico desde 1982.

A construção do Bela Vista Festival Center, como foi batizado o empreendimento, deve começar no primeiro semestre de 2001, com inauguração em 2003.

O arquiteto Julio Neves, presidente do Masp, fez o esboço do projeto em 1991. Levou cinco anos (1993-1998) para obter a liberação de órgãos de conservação do patrimônio, no caso o Condephaat (97), estadual, e o Conpresp (98), municipal.

Laudos emitidos por esses órgãos dizem que a obra não afetará o Oficina, o que Zé Celso, amparado por arquitetos, advogados e intelectuais, rejeita. No dia 22 de março passado, o "Diário Oficial do Município" publicou despacho do prefeito Celso Pitta (PTN) autorizando a obra.

"Estamos até favorecendo o Oficina, com um empreendimento na área cultural", diz o engenheiro Eduardo Velucci, da Sisan Empreendimentos Imobiliários, um dos porta-vozes do grupo.

Zé Celso não cede. Hoje, às 19h, transforma em protesto o lançamento do livro "Teatro Oficina, 1980-1984", que escreveu com Lina Bo Bardi (1914-92) e Edson Elito. Os dois arquitetos, ao lado de Marcelo Suzuki e Paulo Mendes da Rocha, desenharam um projeto de intervenção urbana que ainda não saiu do papel e conflita com o shopping.

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