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24/07/2001
-
04h46
VALMIR SANTOS
da Folha de S.Paulo
Primeira estréia nacional do Centro de Pesquisa Teatral (CPT) fora de seu palco tradicional, o Sesc Anchieta; primeiro espetáculo fora do palco italiano; primeira grande montagem na linha de "Prêt-à-Porter", a série lançada em 98 como premissa de uma "nova teatralidade".
Não são poucas as expectativas em torno de "Medéia", a segunda tragédia seguida de Eurípedes (495-407 a.C.) com direção e adaptação de Antunes Filho, 71. A primeira foi "Fragmentos Troianos", de 99, adaptação de "As Troianas".
A estréia acontece na próxima quinta-feira, no Sesc Belenzinho, em São Paulo, a cerca de dez quilômetros do Sesc Anchieta, na região central. Os três primeiros dias serão apenas para convidados. A partir do dia 29, para o público em geral.
Gaia
Uma peça que desejava montar desde o final dos anos 80, Antunes Filho concebe sua "Medéia" como uma metáfora dos descasos que se fazem para com a "mãe natureza". Ele diz que fenômenos naturais como terremotos e enchentes são respostas às agressões do mundo contemporâneo. Da mesma maneira, Medéia, na montagem, é a natureza que reage, que se vinga, com o a mesma moeda ao tratamento que o homem moderno dá a ela.
"Sempre quis fazê-la como uma alegoria do mito de Gaia, a natureza revoltada com o que seus filhos fazem a ela", diz. Em "Medéia", a personagem-título mata os dois filhos e assassina a nova mulher de Jasão, o amante que a deixou.
O cenário, assinado por Hideki Matsuka ("Quimera", de Tadao Kusuno), evoca os três elementos da natureza (ar, fogo, terra e ar). Segundo Antunes, "um quadradinho de terra com velas e água escorrendo em dois pontos" resume parte do cenário montado no Sesc Belenzinho.
Outro aspecto da encenação aproxima a peça da política. O diretor acrescenta mais um ponto de vista contemporâneo. Segundo ele, a história da personagem-título referenda preconceitos contra a mulher.
"A "Medéia" é a primeira peça que carrega em seu bojo o tom feminista. Você conhece alguma peça brasileira que seja feminista?", provoca Antunes.
O diretor, que se audodefine como ensaiador de "Medéia", lembra que seus espetáculos sempre trazem posições críticas a partir do texto que é encenado.
"Fragmentos Troianos", assim, apresentava o enfoque subliminar das guerras étnicas na Europa, assim como "Vereda da Salvação", de 93, tinha como referência a chacina da Candelária, ocorrida no Rio de Janeiro.
"Sempre quero discutir a realidade brasileira. Não me interessa falar da Alemanha ou da Inglaterra", diz.
Sobre a adaptação, que realizou buscando dar um tom "orgânico" à tragédia, Antunes Filho comenta: "A sintaxe reflete o entendimento de que o mundo mudou. Não sou museu para fazer o texto ao pé da letra".
MEDÉIA - de Eurípides
Adaptação e direção de Antunes Filho
Onde: Sesc Belenzinho (av. Álvaro Ramos, 991, tel. 0/xx/11/ 6605-8143)
Quando: estréia para o público dia 29, às 19h; sex., às 21h; sáb. e dom., às 19h
Quanto: de R$ 10 a R$ 20
Montagem baseada em texto de Eurípedes estréia na quinta em SP
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da Folha de S.Paulo
Primeira estréia nacional do Centro de Pesquisa Teatral (CPT) fora de seu palco tradicional, o Sesc Anchieta; primeiro espetáculo fora do palco italiano; primeira grande montagem na linha de "Prêt-à-Porter", a série lançada em 98 como premissa de uma "nova teatralidade".
Não são poucas as expectativas em torno de "Medéia", a segunda tragédia seguida de Eurípedes (495-407 a.C.) com direção e adaptação de Antunes Filho, 71. A primeira foi "Fragmentos Troianos", de 99, adaptação de "As Troianas".
A estréia acontece na próxima quinta-feira, no Sesc Belenzinho, em São Paulo, a cerca de dez quilômetros do Sesc Anchieta, na região central. Os três primeiros dias serão apenas para convidados. A partir do dia 29, para o público em geral.
Gaia
Uma peça que desejava montar desde o final dos anos 80, Antunes Filho concebe sua "Medéia" como uma metáfora dos descasos que se fazem para com a "mãe natureza". Ele diz que fenômenos naturais como terremotos e enchentes são respostas às agressões do mundo contemporâneo. Da mesma maneira, Medéia, na montagem, é a natureza que reage, que se vinga, com o a mesma moeda ao tratamento que o homem moderno dá a ela.
"Sempre quis fazê-la como uma alegoria do mito de Gaia, a natureza revoltada com o que seus filhos fazem a ela", diz. Em "Medéia", a personagem-título mata os dois filhos e assassina a nova mulher de Jasão, o amante que a deixou.
O cenário, assinado por Hideki Matsuka ("Quimera", de Tadao Kusuno), evoca os três elementos da natureza (ar, fogo, terra e ar). Segundo Antunes, "um quadradinho de terra com velas e água escorrendo em dois pontos" resume parte do cenário montado no Sesc Belenzinho.
Outro aspecto da encenação aproxima a peça da política. O diretor acrescenta mais um ponto de vista contemporâneo. Segundo ele, a história da personagem-título referenda preconceitos contra a mulher.
"A "Medéia" é a primeira peça que carrega em seu bojo o tom feminista. Você conhece alguma peça brasileira que seja feminista?", provoca Antunes.
O diretor, que se audodefine como ensaiador de "Medéia", lembra que seus espetáculos sempre trazem posições críticas a partir do texto que é encenado.
"Fragmentos Troianos", assim, apresentava o enfoque subliminar das guerras étnicas na Europa, assim como "Vereda da Salvação", de 93, tinha como referência a chacina da Candelária, ocorrida no Rio de Janeiro.
"Sempre quero discutir a realidade brasileira. Não me interessa falar da Alemanha ou da Inglaterra", diz.
Sobre a adaptação, que realizou buscando dar um tom "orgânico" à tragédia, Antunes Filho comenta: "A sintaxe reflete o entendimento de que o mundo mudou. Não sou museu para fazer o texto ao pé da letra".
MEDÉIA - de Eurípides
Adaptação e direção de Antunes Filho
Onde: Sesc Belenzinho (av. Álvaro Ramos, 991, tel. 0/xx/11/ 6605-8143)
Quando: estréia para o público dia 29, às 19h; sex., às 21h; sáb. e dom., às 19h
Quanto: de R$ 10 a R$ 20
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