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07/08/2001
-
04h57
em Paris
Para o ex-ministro da Cultura da França Jack Lang, 57, o escritor Jorge Amado merecia ganhar não apenas o Prêmio Nobel de Literatura, mas também o da Paz, "por sua profunda bondade, amizade e fraternidade".
Os dois se conheceram no começo dos anos 80, durante uma visita de Lang ao Brasil. Desde então, passaram a manter contatos frequentes, seja em encontros, por telefone ou por fax.
"Não tenho palavras para exprimir minha admiração e amizade por ele", diz Lang, que atualmente é presidente da Comissão de Assuntos Estrageiros da Assembléia Nacional da França.
Mesmo com a agenda apertada, ele encontrou um tempo para falar sobre o escritor e não deixou que a entrevista fosse interrompida. "Estou falando sobre o Jorge Amado, peça para ligarem mais tarde", dizia aos assessores.
Em entrevista à Folha, Lang, que foi ministro do governo de François Mitterrand, contou como nasceu a relação com Jorge Amado e Zélia Gattai, sua afeição pelo casal e o significado da obra do escritor. (BETINA BERNARDES)
O ENCONTRO - "Conheci Jorge Amado na minha primeira viagem à Bahia, em 82 ou 83. Ele me buscou no aeroporto. Já o conhecia por suas obras e pelo que me falavam os amigos em comum, mas fiquei impressionado em encontrar um personagem que, para mim, era uma lenda viva. Ele me apresentou à Bahia, penetrei no coração de Salvador graças a ele, que me introduziu no candomblé. Passamos dias maravilhosos."
A AMIZADE - "São 15 anos de encontros e contatos sucessivos. Encontramo-nos em Paris, na minha casa, em reuniões, congressos intelectuais. Também encontramos Mitterrand juntos. Há pouco tempo, fui novamente à Bahia, com Zélia e Jorge Amado, quando conheci outras cidades."
O ESCRITOR - "Ele é um grande escritor, um dos gigantes, não só da literatura latino-americana, mas mundial. Não é normal que ele não tenha recebido o Prêmio Nobel, mas isso não tem muita importância. Ele é mais que um prêmio. Para mim, Jorge Amado seria Nobel da Literatura e da Paz, por sua profunda bondade, amizade e fraternidade. É um criador, mas é profundamente humano, um verdadeiro humanista. Tem um coração de ouro e um amor extraordinário por seu país e pela humanidade. Amado transborda bondade pelo olhar, por seus gestos, pelas palavras, pelo seu jeito de ser."
O CASAL - "Não se pode dissociar Jorge Amado de Zélia Gattai. É um casal harmonioso. Zélia é fotógrafa, escritora, uma artista. Trata-se de uma mulher verdadeiramente maravilhosa, de uma doçura ímpar. É a maior qualidade do mundo, eles são a ilustração do que é a vida dividida a dois. Ela o inspira, eles se nutrem mutuamente da inteligência e da abertura de espírito. Apesar disso, não é um casal fechado em si, é um casal voltado para a vida, para os outros, um modelo na vida de hoje."
A CASA DE AMADO - "Eles têm uma bela casa em Salvador. É simples, construída com refinamento e elegância, mas é incrível como inspira confiança e atrai os artistas."
O ÚLTIMO ENCONTRO - "A última vez que nos vimos foi em Paris, quando o presidente Fernando Henrique Cardoso esteve aqui. Foi quando a Zélia me disse que Jorge Amado estava doente e que talvez fosse operado."
Leia mais notícias sobre a morte de Jorge Amado
Lang dedicaria Nobel da Paz ao autor
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Para o ex-ministro da Cultura da França Jack Lang, 57, o escritor Jorge Amado merecia ganhar não apenas o Prêmio Nobel de Literatura, mas também o da Paz, "por sua profunda bondade, amizade e fraternidade".
Os dois se conheceram no começo dos anos 80, durante uma visita de Lang ao Brasil. Desde então, passaram a manter contatos frequentes, seja em encontros, por telefone ou por fax.
"Não tenho palavras para exprimir minha admiração e amizade por ele", diz Lang, que atualmente é presidente da Comissão de Assuntos Estrageiros da Assembléia Nacional da França.
Mesmo com a agenda apertada, ele encontrou um tempo para falar sobre o escritor e não deixou que a entrevista fosse interrompida. "Estou falando sobre o Jorge Amado, peça para ligarem mais tarde", dizia aos assessores.
Em entrevista à Folha, Lang, que foi ministro do governo de François Mitterrand, contou como nasceu a relação com Jorge Amado e Zélia Gattai, sua afeição pelo casal e o significado da obra do escritor. (BETINA BERNARDES)
O ENCONTRO - "Conheci Jorge Amado na minha primeira viagem à Bahia, em 82 ou 83. Ele me buscou no aeroporto. Já o conhecia por suas obras e pelo que me falavam os amigos em comum, mas fiquei impressionado em encontrar um personagem que, para mim, era uma lenda viva. Ele me apresentou à Bahia, penetrei no coração de Salvador graças a ele, que me introduziu no candomblé. Passamos dias maravilhosos."
A AMIZADE - "São 15 anos de encontros e contatos sucessivos. Encontramo-nos em Paris, na minha casa, em reuniões, congressos intelectuais. Também encontramos Mitterrand juntos. Há pouco tempo, fui novamente à Bahia, com Zélia e Jorge Amado, quando conheci outras cidades."
O ESCRITOR - "Ele é um grande escritor, um dos gigantes, não só da literatura latino-americana, mas mundial. Não é normal que ele não tenha recebido o Prêmio Nobel, mas isso não tem muita importância. Ele é mais que um prêmio. Para mim, Jorge Amado seria Nobel da Literatura e da Paz, por sua profunda bondade, amizade e fraternidade. É um criador, mas é profundamente humano, um verdadeiro humanista. Tem um coração de ouro e um amor extraordinário por seu país e pela humanidade. Amado transborda bondade pelo olhar, por seus gestos, pelas palavras, pelo seu jeito de ser."
O CASAL - "Não se pode dissociar Jorge Amado de Zélia Gattai. É um casal harmonioso. Zélia é fotógrafa, escritora, uma artista. Trata-se de uma mulher verdadeiramente maravilhosa, de uma doçura ímpar. É a maior qualidade do mundo, eles são a ilustração do que é a vida dividida a dois. Ela o inspira, eles se nutrem mutuamente da inteligência e da abertura de espírito. Apesar disso, não é um casal fechado em si, é um casal voltado para a vida, para os outros, um modelo na vida de hoje."
A CASA DE AMADO - "Eles têm uma bela casa em Salvador. É simples, construída com refinamento e elegância, mas é incrível como inspira confiança e atrai os artistas."
O ÚLTIMO ENCONTRO - "A última vez que nos vimos foi em Paris, quando o presidente Fernando Henrique Cardoso esteve aqui. Foi quando a Zélia me disse que Jorge Amado estava doente e que talvez fosse operado."
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