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08/08/2001 - 04h58

Em Salvador, ao menos 9.000 dizem adeus a Jorge Amado

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LUIZ FRANCISCO
da Agência Folha, em Salvador

Pelo menos 9.000 pessoas acompanharam o velório e a saída do cortejo fúnebre do escritor baiano Jorge Amado, morto anteontem, aos 88 anos, por insuficiência cardíaca, de acordo com a Polícia Militar.

O escritor brasileiro mais conhecido no mundo foi velado no Palácio da Aclamação, centro de Salvador. Cerca de 6.500 pessoas passaram pelo local entre a noite de anteontem e a tarde de ontem.

Diferentemente da madrugada, quando apenas políticos, convidados e parentes tiveram acesso ao salão onde o corpo foi velado, durante toda a manhã e tarde de ontem o movimento de admiradores anônimos foi grande nas imediações do Palácio da Aclamação, construído em 1810 e que, por quase 170 anos, foi a residência oficial do governo baiano.

Às 15h50, o caixão com o corpo do escritor foi colocado em um carro do Corpo de Bombeiros. Na saída do Palácio, enquanto os bombeiros colocavam o caixão em cima do carro, cerca de 3.000 pessoas que estavam nas imediações aplaudiram.

Com oito batedores da PM à frente e mais 40 policiais para "abrir" o trânsito, o cortejo com o corpo de Jorge Amado percorreu o vale do Canela (centro), avenida Garibaldi, parque Lucaia e avenidas Juracy Magalhães, Antonio Carlos Magalhães e Dom João 6º, antes de chegar ao cemitério Jardim da Saudade, às 16h40.

Entre as personalidades que acompanharam o cortejo estavam os governadores César Borges (PFL-BA) e Roseana Sarney (PFL-MA), os senadores Paulo Souto (PFL-BA), Antonio Carlos Magalhães Júnior (PFL-BA) e José Sarney (PMDB), o ministro Francisco Weffort (Cultura), que representou o presidente Fernando Henrique Cardoso, Antonio Imbassay (PFL) e o escritor João Ubaldo Ribeiro.

"A imagem que carrego de Amado é a dos seus personagens, que deram mais vida e cultura à Bahia, que levaram o Brasil para o mundo", disse Sarney. Para o ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL), "a Bahia e o Brasil ficaram mais pobres".

Às 17h, houve a cerimônia preparatória para a cremação do escritor. Atendendo a um pedido da família, o tempo do ritual foi reduzido de 15 para dez minutos. Não houve discursos, só orações.

À cerimônia, estiveram presentes apenas os convidados e parentes -a mulher, Zélia Gattai, os filhos João Jorge e Paloma Amado, o irmão James Amado e netos. A cremação ocorre hoje.

"Faz muito tempo que ele pediu para ser cremado. Na realidade, Jorge Amado tinha horror a cemitério", disse Zélia.

A atriz Sonia Braga, que viveu a personagem Gabriela nas telas, disse: "Eu estou muito triste e divido meu luto com a família de Jorge Amado no Brasil".

O presidente Fernando Henrique Cardoso decretou ontem luto oficial em todo o país durante três dias devido à morte do escritor. Na Câmara dos Deputados e no Senado, foram aprovadas moções de pesar e envio de condolências à família de Jorge Amado.

O presidente interino do Senado, Edison Lobão (PFL-MA), salientou o papel do então deputado na elaboração da Constituição de 1946. Jorge Amado foi eleito deputado federal pelo Partido Comunista em 1945.
Lobão designou comissão do Senado -formada por José Sarney (PMDB-AP), Waldeck Ornélas (PFL-BA) e Francelino Pereira (PFL-MG)- para representar a Casa nas cerimônias na Bahia.

Já o senador Renan Calheiros (PMDB-AL) chegou a sugerir que a Bahia indicasse Jorge Amado para o Nobel de Literatura.

O presidente de Portugal, Jorge Sampaio, enviou carta ao presidente Fernando Henrique Cardoso na qual apresentou "as mais sentidas condolências do povo português pela morte de Jorge Amado".

Segundo ele, "Jorge Amado foi um grande escritor e uma presença fundamental e irradiante".

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