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09/08/2001 - 16h04

Caetano apresenta "Noites do Norte" em Campinas

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da Folha Campinas

Caetano Veloso vem a Campinas depois de uma temporada no Rio, em São Paulo e dois shows em Salvador, onde completou 59 anos, na última terça, um dia depois da morte de seu conterrâneo, o escritor Jorge Amado. Suas apresentações em Salvador vão servir para gravar um DVD e um disco ao vivo.

Amanhã, no ginásio da Unicamp, em Campinas, Caetano deve apresentar o mesmo show que cariocas, paulistas e baianos aplaudiram e vaiaram, essa última manifestação, hostil, quando o baiano cantou o pseudofunk "só um tapinha não dói".

Em entrevista à Folha, em junho deste ano, Caetano diz que até se diverte com as vaias. "É uma vaia danada."

Mas, como ninguém é de ferro e ele também gosta de aplausos, Caetano mostra apenas 7 das 12 faixas do CD, compondo o restante do repertório com antigas, sucessos ou não. Abre o show com "Two Naira Fifty Kobo", seguida de "Sou Mulato" e da faixa-título "Noites do Norte". "Menino do Rio", "Leãozinho", "Tropicália" e "Haiti" estão no roteiro.

Tanto o show, quanto o CD "Noites do Norte" inspiram-se no abolicionista Joaquim Nabuco. A partir dele, Caetano se propõe a pensar a escravidão que ainda sobrevive. A discussão aparece em "Zera a Reza", na regravação de "Zumbi", no samba-funk de "13 de Maio" e na faixa-título. Essa última é a transcrição, em forma de melodia, de trecho em prosa de Nabuco.

Escravidão e identidade nacional são os temas que dominam o CD, primeiro álbum de composições inéditas desde "Livro" (97).

O CD traz uma polêmica homenagem ao roqueiro baiano Raul Seixas, "Rock'n'Raul" e tem as participações de Lulu Santos e Zélia Duncan, no samba-reggae "Cobra Coral" (poema de Waly Salomão musicado por Caetano), e de Dudu Nobre, tocando cavaquinho, no samba-canção "Meu Rio".

"Rock'n'Raul"

Caetano é, e parece gostar de ser, polêmico. Em "Rock'n'Raul", ele tacha o roqueiro baiano como um mero americanizado.

"Desde a Bahia eu sabia de sua identificação imediata com o rock'n'roll e com a figura do americano. É completamente diferente do nosso pessoal. Ele, às vezes, conversava em inglês, teve duas mulheres americanas, andava de bota americana. Mas, ao mesmo tempo, era muito "baianista'".

A música rendeu uma réplica, ácida, do cantor e compositor Lobão, que cutucou o mito com a canção "Para o Mano Caetano" ("Amado Caetano: chega de verdade/ Viva alguns enganos.../ Viva o samba, meio troncho/ Meio já cambaleando").

Sem sobressaltos
Com "Noites do Norte", o compositor baiano voltou a vender sua média, 100 mil cópias por CD lançado, depois da inédita marca de "Prenda Minha" (1998), que alcançou 1 milhão. É o retrato da indústria fonográfica brasileira, que emplaca trabalhos de regravações ao vivo, mas pára no inédito.

"Como isso não tem impedido que discos novos com algo novo a dizer apareçam, não vejo nenhum problema. Os discos de canções regravadas são bons, porque engrossam o caldo da memória brasileira. Antigamente, no Brasil, parecia que a pessoa tinha que ir se descartando logo de si mesma. Quanto a isso, os discos ao vivo e as revisitações de repertório são de extrema positividade."

O quê: "Noites do Norte"
Quando: amanhã, às 22h30
Onde: ginásio da Unicamp (Cidade Universitária Zeferino Vaz, s/nº)
Ingressos: R$ 20 (hoje), R$ 15 (est. e prof. e funcionários da Unicamp) e R$ 30
 

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