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12/08/2001 - 12h09

Globo paga caro para vencer o "Domingo Legal"

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MARCELO MIGLIACCIO
da Folha de S.Paulo

Dia desses, Silvio Santos desabafou no ar: "Com o futebol, não dá para competir...". Partilhando da mesma visão, a TV Globo investiu US$ 73 milhões (algo em torno de R$ 175 milhões) na exclusividade de transmissão de partidas do Campeonato Brasileiro deste ano.

E o resultado foi imediato. Já no primeiro jogo exibido para a Grande São Paulo -Corinthians x Vitória, na quarta 1/8-, a emissora marcou 33 pontos contra 15 da atração de perguntas apresentada pelo dono do SBT.

Cada ponto na audiência corresponde a 80 mil telespectadores na região metropolitana de São Paulo.

No último domingo, outro jogo do Corinthians, contra a Ponte Preta, interrompeu uma série de derrotas que o "Domingo Legal", do SBT, vinha impondo ao "Domingão do Faustão". Mas, o placar de 25 pontos a 16 na audiência não resistiu ao apito final do juiz. Encerrada a partida, Gugu virou o jogo em minutos.

Essas vitórias no Ibope, porém, custam caro. Se transmitir os 206 jogos anunciados para a primeira fase (Globo, SporTV e pay-per-view), mais os oito da segunda e quatro da semifinal e final, cada uma dessas partidas terá custado às Organizações Globo cerca de R$ 800 mil só em direitos. O valor é quase dez vezes o que o SBT gasta para produzir cada edição do "Domingo Legal", orçada em R$ 90 mil.

"Vamos tentar conquistar o público feminino e o infantil no horário do jogo, mas é difícil; em vez de usar a criatividade, a Globo "contratou" o Corinthians e o Flamengo", diz o diretor do "Domingo Legal", Roberto Manzoni. Hoje, quando a bola rolar para Paraná x Corinthians (de novo o Timão), Gugu deverá apresentar videocassetadas e comandar uma emocionada homenagem a um galã.

O assessor do Departamento Técnico da CBF José Dias disse ao TV Folha que "a Globo escolhe os jogos que quer transmitir e tem o direito de determinar o dia e o horário deles". Segundo Dias, "nada é imposto, mas como ela [a Globo" está pagando, os jogos são marcados de acordo com o seu interesse".

Esses interesses explicam por que a emissora não está transmitindo jogos aos sábados -"Caldeirão do Huck" tem boa audiência-, por que Corinthians e Flamengo estão jogando fora de suas sedes mesmo com o mando de campo (a Globo quer exibir os jogos para as maiores capitais do país) e por que os dois clubes de massa têm preferência nas transmissões.

"A Globo manda no futebol brasileiro", afirma o ex-parceiro da emissora em negociações de campeonatos passados, e agora desafeto, deputado Eurico Miranda (PPB-RJ), presidente do Vasco da Gama.

Mestre em mudar horários e datas de jogos para beneficiar o clube que dirige, Miranda agora é só lamentações: "A Globo fez mais de 70 mudanças na tabela divulgada pela CBF e dá a última palavra sobre qualquer alteração".

As queixas contra o monopólio global nos gramados vêm também de torcedores de Flamengo e Corinthians que moram nas capitais do Rio e de São Paulo.

"A Globo tira presidente, bota presidente, nós não iremos contra ela. Mas o Flamengo perde muito de sua força quando joga fora do Maracanã. A direção do clube aceita porque a cota é maior e as prefeituras locais ajudam", afirma Mário Gordo, vice-presidente da Raça Rubro-Negra, que, segundo ele, tem 70 mil associados.

Para Ronaldo Pinto, vice-presidente da Gaviões da Fiel, "a CBF vendeu o futebol para a Globo". Segundo ele, a torcida corintiana na capital paulista incentiva e cobra mais do time do que a do interior.

Leia também:

  • Globo diz que não interfere no calendário de jogos para ter ibope


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