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13/08/2001 - 10h40

Bienal de São Paulo assume vocação contemporânea em 2002

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RODRIGO MOURA
da Folha de S.Paulo

Enquanto os nomes da participação brasileira na 25ª Bienal de São Paulo não saem, o evento -vítima de adiamentos e polêmicas que ameaçaram poluir sua credibilidade construída ao longo de 50 anos- começa a mostrar com mais nitidez o desenho conceitual que vai dar sua forma.

Entre as mudanças anunciadas na semana passada à Folha por seu curador-geral, o alemão Alfons Hug, está o fim dos núcleos históricos que garantiram manchetes e filas às últimas duas edições da mostra, trazendo ao país exposições de Picasso, Van Gogh e Paul Klee, entre outros.

"Representar a arte contemporânea é a única vocação que uma bienal tem", diz Hug, que embarca depois de amanhã para uma viagem de prospecção de artistas entre a Austrália e Ásia.

Dão lugar a esse modelo salas dedicadas a artistas contemporâneos "consagrados" - Julião Sarmento, Sean Scully, Thomas Ruff, Andreas Gursky e Jeff Koons.

Controversa pelo divórcio que pode causar com o público leigo, a extinção do módulo histórico tem boa aceitação entre outros críticos e curadores. Ivo Mesquita, curador do MAM-SP, concorda com a mudança. "Não faz sentido fazer salas históricas, quando os museus devem se ocupar disso. Sempre fui crítico dessas exposições. Viram um "pot-pourri" sem contextualização, alimentam um mito para o público", diz.

Mantida a proposta temática de dividir a curadoria entre 11 metrópoles -que dão o nome de trabalho da mostra, "Iconografias Metropolitanas", ainda sujeito a mudanças-, os artistas indicados pelos curadores começam a ser conhecidos (leia quadro ao lado), dando uma visão do que o evento vai representar em termos de tendência.

Leia abaixo entrevista com Alfons Hug, na qual o curador comenta as novidades da próxima edição de um dos principais eventos de arte contemporânea do mundo, prevista para 2002.

Folha - Esta edição da Bienal vai trabalhar com núcleos históricos?
Alfons Hug -
Não está previsto. Há algumas salas especiais, onde estão artistas contemporâneos, e nessa lista entram alguns artistas brasileiros mais consagrados, também escolhidos pelo Agnaldo Farias [curador da representação brasileira", de outras gerações. Nunca fui a favor do núcleo histórico. Mesmo porque os museus estão fazendo este trabalho: temos a mostra do Reina Sofía na Pinacoteca, as exposições no Masp, no MAM, na Faap. Há vários projetos históricos dos museus, e essa é a tarefa deles.

Folha - O sr. acha que a Bienal, ao investir nesses artistas contemporâneos, volta à sua vocação?
Hug -
É a única vocação que uma bienal tem. São Paulo foi a única Bienal do mundo que fez núcleo histórico, com exceção de Veneza, que já fez um pouquinho. Isso sem falar do lado financeiro. Não sei se a Bienal teria condições financeiras, mesmo que quisesse.

Folha - O sr. acha que a Bienal pode perder visibilidade com isso?
Hug -
Pode perder público, mas não por muito tempo. É bom porque obriga o público a observar melhor, todas as bienais fazem isso. Além disso, vamos ter alguns monstros sagrados, como o Jeff Koons, que não chega a ser histórico, mas é popular, consagrado.

Folha - Que tipo de critério norteou a escolha dos artistas com salas especiais?
Hug -
O ineditismo é sempre critério. Nunca entendi por que o Julião Sarmento, um dos melhores pintores europeus, nunca esteve na Bienal. Mas, do ponto de vista do conceito da cidade, talvez o Julião seja o que menos tem a ver. O Sean Scully tem tudo a ver com arquitetura. Trabalha a cidade de maneira sutil. Prefiro isso à correria com o vídeo atrás da cidade. Jeff Koons é conhecido como escultor, mas tem uma série recente de pinturas grandes do ano passado. Os outros dois são fotógrafos alemães, talvez os melhores.

Folha - Em termos de tendências de linguagem entre as escolhas, a pintura é uma delas?
Hug -
Não. É uma preocupação minha, mas não tem muito. Vai ter muita instalação e objeto, e eu vou tentar limitar os vídeos em torno de 20%, 30%. Até porque os vídeos trabalham um pouco contra o prédio, que recebe luz natural dos dois lados. Se você enche o prédio de caixas pretas você trabalha contra ele. Gosto muito do pavilhão quando ele está aberto, você tira isso, ele vira um bunker. Escultura no sentido tradicional tem cada vez menos, alguma pintura e muita fotografia.
 

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