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17/08/2001 - 19h00

"La Traviata" chega ao Municipal de SP em ópera sobre a burguesia

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JOÃO BONTURI
free-lance para a Folha Online

Em comemoração ao centenário da morte do compositor italiano Giuseppe Verdi (1813 - 1901), o Theatro Municipal de São Paulo apresenta nos dias 20, 22, 24, 26 e 28 de agosto a ópera "La Traviata" ("A Transviada"), em três atos, com libreto de Francesco Maria Piave, baseado na peça teatral "A Dama das Camélias", de Alexandre Dumas Filho.

Verdi era um autor consagrado quando compôs "La Traviata", mas isso não o livrou de um fiasco na estréia dessa ópera em 5 março de 1853, no teatro "La Fenice", em Veneza. O compositor declarou na ocasião que "ontem à noite foi um fracasso total. A culpa é minha ou dos cantores? O tempo dirá."

Reapresentada no ano seguinte, com um elenco adequado, que observou a essência do drama musical, "La Traviata" foi um sucesso. Essa súbita mudança fez crescer também os mitos criados sobre a estréia.

Dama das camélias

O drama de Alexandre Dumas Filho é inspirado na história real de Marie Duplessis, uma cortesã instalada em Paris, na década de 1840, cujo palacete no Boulevard de La Madeleine era frequentado diariamente pela elite francesa.

Dumas Filho passou com ela um verão em Saint-Germain, na vila de seu pai, o também escritor Alexandre Dumas. Porém, quando regressaram a Paris, ela retomou a vida mundana e o romance terminou, ao que parece por pressão do pai sobre o filho.

Em 1845, Marie amou o compositor e pianista Franz Liszt; em 1846, casou-se com o visconde Édouard de Perrégaux, mas continuou recebendo Liszt; atingida pela tuberculose, morreu durante o Carnaval de 1847, com apenas 23 anos. O seu túmulo ainda existe no cemitério parisiense de Montmartre.

Em "A Dama das Camélias", o nome de Marie Duplessis foi trocado para Marguerite Gauthier; em "La Traviata", ela é Violetta Valéry. Na literatura brasileira, José de Alencar criou sobre a mesma história o romance "Lucíola".

Alguns contemporâneos de Verdi afirmam também que o seu envolvimento com o tema era uma resposta aos comentários maldosos sobre o seu relacionamento com Giuseppina Strepponi, uma soprano retirada dos palcos, com que vivia sem ser casado oficialmente.

Giuseppina tinha dois filhos de relacionamentos anteriores e considerava Verdi o seu benfeitor. Eles se casaram posteriormente na França, numa cerimônia fechada.

Mitos e certezas

A trama foi considerada imoral para os rigorosos padrões burgueses. Os mesmos sisudos senhores que compareciam ao teatro com a família, não raros eram também os mantenedores dos palacetes do prazer.

Ao verem uma cortesã como personagem principal, um jovem por ela apaixonado e um pai desesperado pelas possíveis repercussões do relacionamento espúrio, miravam-se no espelho. Assim, a burguesia deslumbrada do século 19, que tanto havia criticado a nobreza do século 18, comportava-se de uma maneira ainda mais hipócrita.

Durante muito tempo correu a história de que a burguesia não suportou ver-se no palco com roupas contemporâneas, mas esse mito foi desfeito com a observação do programa original da estréia no teatro "La Fenice", que afirma: "a ação desenrola-se em Paris e arredores, por volta de 1700". Portanto, o tema era chocante, não os trajes. A platéia protestou aos gritos: "É imoral".

Para completar, a soprano Fanny Salvini Donatelli era obesa, nada compatível com o papel de uma tuberculosa; o tenor Ludovico Graziani estava resfriado e o barítono Felice Varesi cantou de má vontade por considerar pequeno o seu papel.

Montagem

Os cenários de Enrique Bordolini e os figurinos de Imme Möller são de uma produção de 1998, do Teatro Municipal de Santiago do Chile, utilizados também pelo Teatro Colón, de Buenos Aires, em 1999.

A direção cênica é de Alejandro Chacón; a direção musical e regência cabem a Reinaldo E. Censabella, que em 2000 conduziu impecavelmente a temporada da ópera 'Lucia de Lammermoor', no Municipal de São Paulo.

Nos papéis principais nos dias 20, 22, 24 e 26 estarão a soprano Patricia Racette (Violetta Valéry), o tenor Carlo Ventre (Alfredo Germont), e o barítono Renato Bruson (Giorgio Germont). A récita do dia 28 é com um elenco nacional, composto pela soprano Andréa Ferreira (Violetta), pelo tenor Miguel Geraldi (Alfredo) e o barítono Jang Ho Joo (Giorgio), com regência de Mário Valério Zaccaro.

ÓPERA LA TRAVIATA
Quando: dias 20, 22, 24 e 28 de agosto, às 20h30; dia 26, às 17h
Onde: Theatro Municipal de São Paulo (praça Ramos de Azevedo, s/n, centro)
Quanto: de R$ 15 a 130 (dias 20, 22, 24 e 26); R$ 10 a R$ 90 (dia 28)
Informações: 0/xx/11/222-8698
 

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