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22/08/2001 - 04h05

Meia-entrada ampliada assusta os produtores

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da Folha de S. Paulo

A extensão do benefício da meia-entrada para todos os menores de 18 anos, que o ministro Paulo Renato Souza (Educação) pretende acrescentar na medida provisória publicada anteontem no "Diário Oficial" da União, causa preocupação entre produtores de eventos culturais e de entretenimento ouvidos pela Folha.

O ministro afirma que a mudança deverá ser feita daqui a cerca de um mês, quando a medida provisória for reeditada ou votada no Congresso. "Não estamos criando nenhum benefício extra, pois 90% dos menores de 18 anos já estão na escola", afirma Souza.

A medida, que tem apoio do presidente Fernando Henrique Cardoso, entrou em vigor ontem e acabou com o monopólio da UNE (União Nacional dos Estudantes) e da Ubes (União Brasileira dos Estudantes Secundaristas) na emissão de carteiras que dão direito aos descontos.

Para o diretor da Apetesp (Associação dos Produtores de Espetáculos Teatrais do Estado de São Paulo), Atílio Bari, 49, o acesso a todos os menores de 18 anos, caso seja aprovado, "levará ao aumento no preço dos ingressos para as produções conseguirem se manter em cartaz".

"É uma interferência indevida do governo", diz Bari. "O benefício é fundamental, mas estamos chegando a um ponto crítico, pois o aluguel do teatro não tem desconto, nem o material de iluminação e cenografia." A Apetesp abriga cerca de 170 produtores.

O presidente da Cooperativa Paulista de Teatro, Luiz Amorim, 42, vê fato complicador sobretudo entre as produções infanto-juvenis. "Até aqui, a meia-entrada não se aplicava às peças infantis, cujos ingressos já custam menos", diz. A cooperativa reúne cerca de 1.500 artistas e técnicos.

A rede Cinemark instruiu os gerentes de suas salas a cumprir a medida, inclusive para os menores de 18. Segundo o diretor financeiro do grupo, Marcelo Bertini, 37, a medida valeria até outra definição, que deveria ser discutida ontem com seus advogados.

"O impacto sobre os ganhos ainda não foi mensurado, mas atinge uma parte grande de nossos clientes, que estão na faixa dos cinco aos 30 anos, com forte concentração na adolescência, muitos dos quais não estudam ou não têm a carteirinha da UNE/Ubes."

A Associação de Empresas Promotoras e Produtoras de Eventos Artísticos e Esportivos do Estado de SP, que representa, entre outros, casas de espetáculos como Olympia e Via Funchal, não descarta uma intervenção judicial.

"O impacto financeiro é muito grande para qualquer estabelecimento. A medida afeta tanto o empresário quanto o usuário", diz o presidente da associação, Marcelo Saraiva, 41.

Ele afirma que os associados cumprirão o estipulado, pelo menos enquanto se estuda uma definição. "É uma medida provisória e é provável que tenha ajustes."

Os novos beneficiados pela medida se enquadrarão no mesmo sistema criado para atender aos estudantes: quem tem direito ao desconto deve comprar seus ingressos no dia do evento ou espetáculo, em bilheteria especial nos estabelecimentos.

O secretário de Música e Artes Cênicas do Ministério da Cultura, Joatan Berbel, disse que "é cedo para avaliar o impacto".
 

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